Ferro

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O PEQUENO ADMIRADOR

Ouvi o primeiro ruído de cascos pisando a grama, mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre, muito próximo. Virei-me devagar, abri os olhos. O cavalo erguia-se interminável à minha frente. Em cima dele havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um velhinho de chapéu de palha, que disso logo o seguinte:
– Seu moleque, nunca mais se atreva a entrar em minha propriedade para roupar as minhas jabuticabas. Se voltar aqui novamente, vou ter de lhe ensinar uma lição mais dolorosa!
Seu Juca era fazendeiro, dono do Sítio Mirabela. Ele e sua esposa, d. Gertrudes, vinham de uma cidadezinha interiorana, recém-casados, para criar a família no interior do Espírito Santo. Tendo comprado uma propriedade não muito extensa na comunidade de Fumaça, no município de Santa Leopoldina, cultivava ali alguns pés de café para consumo próprio, tinha um milharal que ocupava pouco mais da metade da propriedade e um pomar com duas mangueiras, três goiabeiras e vinte e cinco jabuticabeiras.
A comunidade de Fumaça, atenta com os últimos avanços tecnológicos que eram diariamente apresentados noticiários de TV que chegavam a eles através do sinal das antenas parabólicas, conseguiu reivindicar uma melhoria nas escolas próximas a região, além de ser contemplada com uma equipe constituída de cinquenta profissionais da educação – mistos entre língua portuguesa, matemática e matemática financeira, química e física, biologia, empreendedorismo, direitos humanos, dentre outros – que vieram acompanhados de sociólogos com a finalidade de educar aquela comunidade. Dessa forma, apesar da imagem de caipiras que recebiam dos habitantes das metrópoles, aqueles caipiras em especial, possuíam amplo conhecimento.
Seu Juca foi o fundador de todo aquele movimento chamado EDUCAÇÃO CAIPIRA.
Zeca, um menino de onze anos que viviam com os pais e mais três irmãos mais velhos numa casinha próxima, era o menino que seu Juca tinha flagrado roubando jabuticabas. Era de baixa estatura, negro de cabelos crespos e de olhos cor-de-mel incrivelmente penetrante. Era conhecido na comunidade por possuir uma audição boníssima; era capaz de ouvir o roncar do motor de um carro há quilômetros de distância. No entanto, justamente naquele dia em que, faminto, entrara nas terras de seu Juca, a distração não lhe permitira perceber a presença do velho nas proximidades do pomar.
Seu Juca andava sempre armado com sua velha espingarda calibre doze. Apesar de velho, tinha fama de machão. Tinha uma personalidade dura e carrasca; não importava quem fosse a pessoa, se pisasse na jaca comeria até a casca.
Zeca estava faminto. Sua mãe e seu pai tinham ido até a cidade de Cariacica para fazer umas compras. Seus irmãos não estavam em casa. Sua mãe não tinha deixado comida pronta e, como não lhe restara outra opção, invadiu o terreno daquele velho ranzinza.
As jabuticabas eram as únicas opções que lhe restara. As mangas e as goiabas, embora sustentassem mais, estavam numa altura que para Zeca era inatingível; sua baixa estatura não lhe permitia alcançar as demais frutas.
Sua família, mesmo vivendo naquela comunidade onde quase todos eram de classe média alta, era uma família humilde. Não possuíam recursos suficientes para que vivessem despreocupados. Por vezes, passavam até fome. Sua mãe era lavava as roupas da vizinhança e seu pai vivia de bicos. Dois de seus irmãos ganhavam alguns trocados capinando quintais e sua irmã passava as roupas que a mãe lavava. Já ele, só fazia estudar, estudar e estudar. Sonhava em tornar-se professor de matemática; vivia perambulando às margens do córrego que passava perto de sua casa, com um graveto em mãos e escrevendo fórmulas matemáticas na terra vermelha, tentando calcular a largura do rio, ou até mesmo a velocidade da água.
Ele era uma espécie de admirador secreto de seu Juca, pois apesar de ser um velho rabugento com as crianças, era um homem muito inteligente, principalmente quando se tratava de matemática. Seu Juca era capaz de fazer contar que para ele ainda pareciam complicadas simplesmente com o a terra vermelha e o graveto da mente.
Zeca vira certa vez um menino na televisão que também adorava matemática. Entretanto, esse menino – que viera a torna-se seu melhor amigo, imaginário – adorava também escrever em um caderninho com cadeado sobre todas as suas descobertas matemáticas e sobre as pessoas que admirava. Sem hesitar, Zeca pegou um caderninho que a muito usava para desenhar – desígnio para o qual não havia sido convocado – e arrancou as poucas folhas usadas; arrancou também a capa que estava em péssimo estado, pintou-a com um giz de cera; seu caderninho não tinha cadeado, mas com um pouco de esforço, fez um pequeno furo no centro da borda das folhas e as confidenciava com um pedaço de arame que cuidadosamente era dobrado pelo menino.
O susto daquele dia o tinha deixado indisposto a escrever e a fazer contas, como fazia todos os dias. Suas notas em matemática eram sempre máximas e, por consequência da escrita que praticava em seu caderninho, também tirava ótimas notas em suas redações.
Com seus amigos, Zeca adorava contar sobre o que observava de seu Juca. O modo que ele tratava d. Gertrudes, o carinho e ciúme que tinha por sua única filha. O modo como mascava seu fumo. Como acariciava sua espingarda na hora de ia limpá-la, além de como a chamava de única amiga.
– Ele é um cara legal, Pedrinho. Mas ele nunca vai gostar de mim.
– Aquele velho caduco não gosta de crianças, Zequinha, não perca seu tempo com besteiras!
Já em Cariacica, os pais de Zeca preparavam-se para voltar para Fumaça. As compras já haviam sido meticulosamente arrumadas no porta-malas do Montana que haviam ganhado em uma promoção daquele mesmo supermercado que faziam compras no bairro Cariacica Sede. A alegria de conseguir fazer compras – que era indescritível para eles, já que não tinham esse privilégio sempre; já completara seis meses desde a última compra – emocionava aquele casal que eram sempre muito unidos. No caminho de volta, nas proximidades da comunidade de Fumaça, enquanto subia a Romana, um pneu da Montana estourou. O susto fizera o homem perder o controle do automóvel; resultado: perda total das compras, veículo bastante destruído e um humilde pai de família morto. A mãe havia ficado em Mangaraí, onde sua filha já estava esperando para iniciarem mais um dia cansativo de trabalho.
Zeca estava com seu graveto fiel nas mãos, sentado em uma pedra, resolvendo uma equação de segundo grau que vira na escola na sala de aula de um amigo. Ele estava próximo à Fazenda Fumaça e ouviu um estrondo gutural que vinha da Romana. Sem pensar duas vezes, guardou sem graveto no bolso, escondeu seu caderninho preso à caneta por debaixo da camiseta, fixo pela bermuda velha, encardida e rasgada que usava e correu para o local.
Ele apertava fortemente os olhos esfregando-os na intenção de certificar-se de não estar tendo um pesadelo ou uma alucinação. Custou para que caísse a ficha e suas ideias retomassem. A cena para ele era simplesmente chocante e inaceitável.
– Nããããããããããããããããããããããão!
Pasmo, Zeca correu aos prantos na direção do Sítio Mirabela, pelo mesmo caminho que sempre percorrera, mas que com seus pesares parecia não mais ter fim. Olhou para trás e a única coisa que viu foi uma nuvem de fumaça retilínea que vinha do brejo que a Montana estava.
Cinco segundos após avistar a fumaça, o que Zeca avistou foi uma enorme explosão.
– Papai! N-n-não p-p-pode s-ser...
Imediatamente correu para o sítio, para pedir ajuda àquele quem admirava. Lá chegando, encontrou seu Juca agitado e preocupado com a explosão que ouvira. Ele estava carregando sua espingarda na intenção de sair preparado para tudo. Ao ouvir os gritos de socorro do menino, o velho não pensou. O ódio que carregava dentro de si daquele menino falou mais alto. Na verdade, os três tiros que disparou com a Berna, como chamava a maldita arma, falou mais alto que os dois.
– Eu avisei que se voltasse aqui a lição seria mais dolorosa, excomungado dos diabos! Agora tente aprender, seu moleque infeliz!
Com uma frieza espantosa, seu Juca montou seu Manga-larga Machador e saiu em direção à Romana. Passou por cima do menino e esguichou um cuspe amarelado pelo fumo que vivia a mascar.
Ao chegar tornar a casa e saber a notícia da morte do menino e do pai, a mãe de Zequinha caiu enferma por amor; seus três irmãos, embora inconformados, não receberam permissão da mãe para acertar as contas com aquele velho assassino. Ela lhes dissera que não deveriam fazer mal ao seu Juca, pois o Filho Santíssimo não se agradava das pessoas más.
Quando retornou, seu Juca tendo ido retirar o corpo da criança que jazia morta em seu quintal, encontrou junto deste um pequeno graveto que reconheceu como sendo de um dos galhos de uma das jabuticabeiras de seu pomar. Encontrou também um caderninho ensanguentado que estava lacrado por um pedaço de arame. Praguejando o menino por sem um moleque intrépido e destemido, começou a destrancar aquele caderninho sem nenhum cuidado.
Abriu-o.
Estava escrito na primeira página:

Me espelho no senhor, meu matemático preferido.
Seu Juca, eu sou e sempre serei o seu maior pequeno admirador!

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Apesar de toda adversidade, Senhor, tu és e sempre serás o primeiro em minha vida. Sem a cobertura das tuas mãos e sem o teu amor, eu não seria nada hoje e, tudo o que sou, tudo mesmo, eu devo a ti; pois só tu és o Deus eterno! Creio que se um dia o Senhor foi um Deus amoroso para prometer uma vitória, um dia também o Senhor será o Deus fiel para cumprir. "Maranata - Ora vem Senhor Jesus!".

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A vida, mesmo com a sua fórmula de longevidade, nada é se aqueles que a portam não se alimentarem do tempero principal - mas secreto: o amor!

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Preciso desesperadamente da felicidade! Não consigo encontra-la, mas se porventura você topar com ela por aí, diga que mandei lembranças...

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Teoricamente vivemos em um país democrático, mas na prática, a grande maioria da sociedade vive em relações feudais.

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CORAÇÃO PARTIDO

Fado árduo e leve que carrego
Sem ao menos ter salário.
A lombar que me sustém
E também sustém
Meu lombo de dromedário.
Papa-léguas e o Coiote,
Tu me desde um boicote,
Deixando-me esmiuçado.

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Verdadeiramente, confesso: tu és minha eterna aliada, és minha doce e delicada paixão voraz, minha fonte de águas vivas que de mim matam a sede de um amor verdadeiro e inabalável.

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És tu minha Esparta, minha Atenas... És única deusa de minh'alma, minha flor do Caribe, a alegria que invade e consome o meu interior.

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Só tenho a lhe dizer que te amo mais que tudo e, que independente das formas de vidas existentes na extensão desse mundo, a minha forma de vida é você!

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Se hoje, a melhor das formas de vida pedir um nome? Débora! Sim, lhe darei este nome, pois além de ser especial em todos os momentos da minha vida, tornou-se obsessão da parte da minha vida em que guardo o amor: o coração. É lá que você se encontra e, hoje, nessa data mais do que especial, quero lhe dizer que você será sempre a única a ocupar esse espaço; e se porventura algum dia duvidares disso, releia essas palavras, que são simples, mas que demonstram a eterna felicidade de um cidadão, que a dezoito meses te acompanha.
O verdadeiro amor é este que vivemos: que, apesar de todo caos que esse mundo de terrores nos torna propício, um ao outro nos direcionamos e desviamos de todo o malefício existente; e tudo isso apenas olhando no olhos.
Você é essencial na minha vida! Antes, vivia preso em um mundo paupérrimo, e você reverteu toda essa situação.
Obrigado por existir, meu amor. Eu te amo muito!

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Cada dia ao seu lado é como viver eternamente em um paraíso!

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Se hoje te amar for música ou filme, amanhã receberei o Grammy ou o Oscar!

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Sou eternamente grato àquele que criou o amor; que criou você, meu amor, que te fez inacreditavelmente perfeita para o meu coração. Obrigado, Criador, por saber e entender as minhas necessidades e me satisfazer com a solução dos meus problemas...

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A estrutura da minha alma é formada por uma abstração absolutamente concreta: o meu amor por você!

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Se cantarolar estrada a fora é sinônimo de estar apaixonado, o que você diria, meu amor, se eu lhe dissesse que sou autor de todas as cantigas e canções?

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Quem tu és? És tu aquela que encontrei recentemente em meus sonhos, onde estava perdido, vagando por um mundo devastado pela imperfeição. Furacões atingiam o nada - havia apenas a estrada em que eu me encontrava - e tudo o que eu podia ver resumia-se num paupérrimo caleidoscópio pessimamente projetado. Contudo, como havia dito, neste sonho de horrores, num canto da estrada percebi de relance um certo brilho. Novamente olhei e avistei uma rubi; foi quando tudo ao meu redor tornava de forma descomedida ao seu devido local e o caos que havia em minha volta desfazia-se como na velocidade da luz, em câmera lenta. Entendi, portanto, que o que faltava para me completar e restaurar as minhas transgressões era simplesmente a riqueza de um verdadeiro e eterno amor, que apesar de qualquer eversão que nos sobrevier, sempre nos faz acreditar que o amor é mais forte que a morte.

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Aquilo que está além do bem o e do mal é aquilo que Deus tem preparado para nós.

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A descortesia da vida é saber que atualmente confunde-se ignorância por grosseria.

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Crer na magnitude da vida é acreditar que as atitudes mais simples, são as mais belas de se praticar.

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O som da tua voz emudece os meus ouvidos que ouvem o calado ranger do paraíso.

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