Ferro
Entre o azul da cor do céu e o azul da cor do mar, o barro veio para contrastar.
E dele surgimos como joias preciosas, nascidos para brilhar!
A oração é uma canção que é levada a outra dimensão, entregue com compaixão, ouvida com atenção e respondida com perfeição.
Hoje é o fim da tua regalia
Da tua história de querer me abusar
Nunca fui o homem da tua vida
Nunca fui tanto para você me declarar
Estive certo por tanto tempo
Mas você soube bloquear meus pensamentos
Feriu meu peito deixando a paixão desaguar
Ah, quem de nós
Vai enfrentar o caos?
Vai espantar o mal?
Ah, quem de nós?
Vai escolher a paz?
Tentar um pouco mais?
Deixa eu te dizer
Que o amor é fogo que arde forte para dois
Que muda tudo, finda o peito
E só depois
Te enche de pleno prazer
Fácil perceber
Que o padrão virou doença secular
Moldar o corpo se tornou tão instintivo
E a mente parou de malhar
O luto (...) não é só dor, ou só tragédia. A vida vai se reconectando aos poucos e em momentos que não são os esperados.
O ato de escrever não foi exatamente um momento de alívio ou cura – nem gosto muito dessa palavra. Mas quando eu escrevia acontecia algo ali que me conectava de novo ao mundo. Ou à minha filha. Hoje eu nem entendo como fiz isso. Eu estava completamente destruído e, mesmo assim, escrevia.
Não deu tempo de levar a Minha Filha para Paris, para as praias no Nordeste, para mergulhar em Bonito. Não deu tempo de tomar com ela um copo de cerveja e uma taça de vinho. (...) Não deu tempo de ela andar ao meu lado no banco da frente do carro. Não deu tempo de parabenizá-la por ter entrando na História, na Arquitetura, na Medicina, por ter decidido não fazer faculdade e ter largado tudo para ir morar em uma comunidade em Piracanga. (...) O que realmente me dá medo é o que não deu tempo para ela pensar em fazer comigo. Os sonhos dela. Ou ainda, o que ela nem chegou a sonhar. Esses se tornaram insondáveis. Um mundo que eu não posso acessar. Fechado no cérebro já desligado dela.
Nós também somos feitos de espaços em branco. Nosso corpo não é uma massa densa. É preciso lembrar disso. Há centenas de cavidades, buracos, esconderijos, zonas mortas, terrenos baldios. A medicina nunca procurou curar a dor dilacerante nesses não lugares da massa corpórea. As drogas não agem no vazio. Eu sinto profundamente cada um desses espaços. São abismos internos. É preciso cuidado para não se perder.