Fernando Pessoa Mudanca

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Não existem segundas chances, porque nada volta a ser como era antes. Depois que algo é quebrado sempre vão existir marcas que vão provar que algo esteve errado. Não existem segundas chances quando um coração é magoado. Não existem outras oportunidades para algo que se deixou passar.

Tenho aprendido coisas com ele. Nada muito sensacional, coisas simples, pequenas alegrias.

Ignore, não ligue, não responda. O silêncio destrói qualquer um.

Eu retribuo o sorriso. Eu correspondo ao abraço. Eu digo sim. Eu quero sim. Eu sinto sins.

Sou eu sozinha quem carrega todo esse peso nas costas, isso ninguém percebe, ninguém valoriza. Não, eu não nasci para viver neste tempo.

E nessa estrada quero achar gente doce, límpida, verdadeira e disposta. Quero topar com luz, desapego e paz.

Se não fosse amor, não haveria planos, nem vontades, nem ciúmes, nem coração magoado.

Sinto impulsos covardes, assustadiços e escapistas de voltar. Também porque sinto saudade, muita, de tudo. Mas sei que não devo.

Tem horas que eu me perco sem você aqui, aí eu lembro: tá tão longe de mim. E o meu coração grita: mas tá aqui dentro.

Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exato. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor. Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre.

Caio Fernando Abreu
Ovelhas negras

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce.

Confesso! Às vezes tenho vontade de sair por aí destruindo corações, pisando em sentimentos alheios ou sei lá, alguma coisa que me faça realmente merecer esse meu sofrimento no amor.

Um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim.

Caio Fernando Abreu
Pequenas epifanias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.

Nota: Por vezes atribuído de forma errônea a Clarice Lispector.

...Mais

- Porque eu tinha medo de te perder.
- E agora você não tem mais?
- Faz um tempo que perdi.
- O medo?
- Não, você.

(silêncio)

Quero te dar chuva de flores pela manhã. E quando quiseres, podes vir colher sorrisos direto do quintal da minha alma.

Muitos anjos, sim, mas para manter o equilíbrio, também muitos demônios.

Engole teu coração e se ama por dentro.

Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas. Me queira bem. Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito lindo e eu tento te enviar a minha melhor vibração. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.

Porque aprendi que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo…

Como pode? Duas pessoas tão diferentes se amarem a ponto de não conseguirem desviar os pensamentos um do outro? Certo dia me perguntaram: Porque você se apaixonou? Eu respondi: Não sei… E talvez continue não sabendo. Eu simplesmente amo, acordo e vou dormir com ela nos meus pensamentos.