Felicidade Tristeza
A água cai do chuveiro até atingir as minhas costas e percorrer as curvas do meu corpo. Olho até o líquido no chão que segue para o ralo. Ao entrar em contato com a minha pele, a água assume tons distintos. As cores diversificam-se conforme meu estado. O líquido é tingido pelas minhas emoções, ele sofre metamorfose ao tocar e correr pela minha pele que exala uma porção demasiada de sentimentos. A raiva faz a água contrair um tom vermelho sangue, a luz do banheiro adquire autonomia acendendo e apagando em intervalos incalculáveis. A felicidade gera um líquido verde, um aroma viciante, tranquilizante e sedutor ocupa o pequeno cômodo. O ódio gera uma lama escura, os músculos se contraem, as sobrancelhas tornam-se uma só linha, a locomoção é impossível, a escuridão domina o pequeno cubículo, os olho se tornam incapazes de ver. A água funde-se em tons marrons e cinzas ao deparar-se com a tristeza, o corpo se contrai, a respiração fica ofegante. As lágrimas são incontroláveis pelo consciente, jorram dos olhos como cachoeiras em meio a uma tempestade.
O amor transforma o transparente da água em azul reluzente, feito água do mar quando atingida pelo sol de fim de tarde, a água purifica o azulejo tirando a sua cor, focos de luz cintilante saem das paredes,do teto e do piso, o corpo assume uma postura leve, como se não existissem partes palpáveis. A respiração invade o interno, atinge todos os pontos e extremidades do corpo. Minha alma salta, gira freneticamente sem medo de obter lesões ao atravessar, com braços e pernas, as paredes. Um sorriso abrilhanta a minha face, a benevolência domina todos os cômodos da casa. Sou sentimento em carne e osso, meu corpo é um depósito formado para comportar minhas emoções colossais.
Nasci em 1990, na cidade de Salvador, no bairro de Nazaré, fui uma criança esperada e muito amada. Meu pai tinha adoração por mim, mas me foi arrancado muito depressa, não deixando em memória mais que duas lembranças de minha infância. Aprendi a ler com 2 anos de idade, através da minha mãe, que com toda paciência fazia colagens de letras em papel branco, recortadas de revistas no chão da sala. Enquanto isso, meu pai, motorista de carretas, passava o dia fora trabalhando, para levar o sustento da família.
Aos 4 anos, fui surpreendida com um fato que mudaria toda a minha existência. Meu pai almejando melhores condições de vida viajou conosco para o Mato Grosso com uma promessa de trabalho, que não se concretizou, e então na volta para a Bahia, em 1995, na cidade de Luz, em Minas Gerais, aconteceu um grave acidente: o ônibus em que estavamos retornando se chocou de frente com uma carreta desgovernada. Meu pai dormia em sua poltrona, sem o cinto de segurança, e foi arremessado, ficando preso entre as ferragens. Ficou em coma por 3 meses e voltou para casa sem andar e sem falar. A expectativa de cura dos médicos era 5 anos. Com o passar dos anos ele voltou a andar e falar, porém com graves seqüelas, perdeu a capacidade de raciocinar e memorizar os fatos, se tornou agressivo e inapto para trabalhar ou tomar decisões.
Cresci ouvindo de todos, as qualidades de meu pai, embora ele estivesse na mesma casa que eu aos cuidados de minha mãe, eu sentia falta de afeto. Principalmente nas fases de adolescência e pré adolescência. Eu era quieta, magra, desengonçada, dentuça, ingênua e uma das melhores alunas da classe. Fui vítima de bulling em três escolas.
Na vida da minha mãe se instalou um quadro de depressão, que se intensificou na minha passagem da adolescência para a vida adulta, surgindo uma competição e difícil convivência entre nós. A carência e a falta de estrutura contribuíram para que eu fosse mal sucedida em meu primeiro namoro sério, aos 17 anos, me tornei uma pessoa insegura, infeliz, adquiri um bloqueio, que me prejudicou nos anos seguintes, mesmo depois do término.
Garanto a você, que apesar de ter enfrentado muitos problemas, tirei lições que foram primordiais para alcançar a maturidade.
Atento a cada esquina
Com uma arma na mão
Não conseguindo controlar
O palpitar do coração
Vejo chão manchado de sangue
Caveiras ao calor do deserto
Nem uma pessoa por perto
E o sol não parece erguer
Caminhando sem rumo
Neste meu próprio mundo
Pensando na real vida
E na tua imagem sagrada
Com um sorriso na cara
Lembro os momentos
Em que tu estavas para
Me abraçar
A vida não é facil
Nem me deixa pensar
Deixa-me fragil
Sem saida a contornar
Mas com uma gota solitária
Crio em meu redor a memoria
Mais realista
Que me faz chorar
Desculpa mãe!
Sempre quis ser mais presente. Não pude até te perder e perceber que a única coisa que realmente importava na vida era estar perto de ti, o máximo de tempo possível. Perto da única amizade verdadeira que antes jamais tive.
Sempre quis ser um filho bom, não pude por conta de umas questões paralelas aí! Mas quis a vida inteira ser um bom filho, repeitar os mais velhos, ouvir-te sem questionar. Agora você se foi e eu estou aqui, vivendo estes dias tão tristes. A dor que me consome agora, também me paralisa. Olho ao redor e sinto os teus cheiros...
Lembro-me daquela comidinha gostosa que você preparava. Lembro de seu perfume, aroma de gordura e alecrim. Lembro-me de seus trejeitos inesquecíveis e da covinha em sua bochecha. Lembro dos teus olhos já quase sem brilho, esmaecidos pela vida. Lembro de quase tudo sobre você. Faz muito tempo, mas me lembro. Como poderia esquecer?
Tenho a sensação de que não vou aguentar sua ausência! Sinto sua falta todos os dias e, às vezes, tenho a sensação de que não vou aguentar. Durante a noite as crises são piores, você está em tudo, nem adianta cobrir a cabeça com o cobertor. Sinto tanta saudade de você!
Sei que já sou homem e que tenho de ser forte, mas veja seu neto como está, veja o quanto cresceu em tão pouco tempo! Você sempre quis ter um neto, lembra-se?
... Desculpa mãe! Volta pra casa! Volta.
As vezes na vida nós tentamos fugir dos problemas. Mas a verdade é que não podemos escapar deles para sempre. Quando você foge dos seus problemas, eles te caçam. Porque a verdade é que não podemos passar nossas vidas fugindo. Precisamos ficar aonde estarmos e lutarmos. Combater o inimigo, a ameaça, o obstáculo e só então seguir em frente. A vida não é um filme que você pode pular as partes ruins e ir direto para as boas. Precisamos passar por experiências ruins e saber que somos capazes de vencê-las. Para que aja uma luz é necessário escuridão. Se você só conhecesse a felicidade nunca daria valor de verdade para ela, é por isso que existe a tristeza, para que quando algo bom na sua vida aconteça você não o deixe escapar. Para que você aproveite cada segundo da felicidade como se fosse o ultimo, porque na verdade, sempre é.
Observar, questionar, procurar respostas.
Torno-me poeta de histórias verídicas.
Contos de drama, capítulos de um livro ou uma coletânea gigantesca sobre depressão e decepção.
Ouve-se falar sobre felicidade mas, quando ela realmente chegará?
Em plena profundidade, afogo-me lentamente. Não só de lágrimas é feito este mar, mas do mal de amar.
Deus permite o nosso convívio com supostos inimigos, afim de que possamos nos reconciliar com estes, devemos compreender que talvez tenhamos sido nós mesmos os causadores desta inimizade, e o Pai celestial em Sua infinita bondade nos concede a oportunidade de reparar nossas faltas pretérita.
Devemos desde cedo, incutir nos corações dos pequeninos, a pratica do amor, da bondade e da caridade para com os próximos. Induzi-los a prática moral através do ensinamento do Evangelho de Jesus, pois não devemos olvidar que as crianças de hoje, serão os homens de amanhã. Portanto, se almejamos ver um futuro melhor, devemos semeá-los desde já.
Desde muito tempo, o homem tem por costume falar da vida alheia, costuma enxergar nos outros todos os defeitos possíveis, porém não é capaz de enxergar a si próprio.
Só podemos ajudar alguém quando verdadeiramente temos essa predisposição, pois se não vencermos o orgulho que habita em nós, jamais poderemos ser caridosos, já que ambos sentimentos se neutralizam.
Tratemos primeiro de corrigir os nossos defeitos, para depois auxiliarmos aos nossos irmãos, com amor e humildade.
Todos vivemos em processo de evolução, Deus nos permite a vida, para que possamos crescer com ela, e repararmos as faltas cometidas para aliviarmos nossa consciência atormentada, por equívocos cometidos em outrora.
Temos em nosso dia-a-dia um farto material para nosso crescimento espiritual, Deus nos concede tudo o que precisamos para obtermos êxitos em nossas tarefas assumidas.
Deus permite a existência do mais forte, para que este possa auxiliar ao mais fraco, e não oprimi-lo.
Por mais que nos achamos sem condições de auxiliar alguém, devemos nos lembrar que ninguém no mundo é tão pobre que não tenha algo a oferecer a um irmão em desalento, um sorriso pode salvar uma vida.