Fazenda
Na Fazenda Espinilho
Naquela estância tão linda
Uma reunião amistosa
Numa conversa gostosa
Filhos Netos e Dinda
Lá fora a chuva caia
Muito frio também lá estava
A lareira que muito esquentava
O calor humano prevalecia
Relembramos do patriarca
No coração deixou sua marca Ensinamentos com maestria
Uma grande irmandade
Já estou sentindo saudade
Dessa linda e Grande Família.
Missias/Junho 22
Botina amarela
Na fazenda espinilho
Num lindo salpicado rosilho
Como regalo de criança
Guardarei essa linda lembrança
Uma boina de gaiteiro
Com seis anos muito faceiro
Um Galdério bem pilchado
Naquele corcel sem alguém do meu lado
Sorriso de jacaré esparramado
Um piá mais que arretado
Ganhei essa prenda singela
Trotando com estilo num embalo
Controlando o pomposo cavalo
Uma vistosa botina amarela
"Acordar cedo e respirar o oxigênio puro da fazenda é verdadeiramente maravilhoso, revigorando o corpo e a mente para enfrentar o dia com energia e vitalidade."
"A fazenda é o refúgio que nos reconecta com as raízes da vida, nos ensinando a valorizar a rotina do trabalho, o ciclo das estações e a grandeza do alimento que nasce da terra."
"A fazenda é o coração da natureza, onde a terra e seus frutos se encontram em perfeita harmonia com o trabalho árduo e a esperança de uma colheita abundante."
O oxigênio que eu respiro é puro e provém da fazenda, afastado da agressividade dos carros poluentes.
onde estiver: no meio de minha manada,
na grama molhada, na fazenda, na roçada,
young, wild and free;
o que me protege é rezar antes de dormir,
pois nessa vida de caça e caçador,
minha aura é de quem nasceu há dez mil anos atrás.
O tempo livre
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No tempo busquei, perdido em anseio,
Teus passos ecoando em cada instante,
Achei-te no brilho virtual, sem receio,
Um laço sincero, um afeto vibrante.
Nos diálogos curtos, as almas se encontram,
Nos bytes, trocamos palavras e sentimentos profundos,
Desafiamos o tempo, e assim nos despontam
Sonhos e anseios em outros mundos .
Oh, doce miragem, o amor do presente,
No toque da tela, a chama ressurge,
Que o tempo não pare, que siga essa corrente.
Em cada mensagem, a vida quw surge,
E mesmo distantes, nossos corações,
Fortes em conexão, tecem novas
Alianças.
EAC fragmentos
26092024eac
Poesia do campo
Aqui tem paz, tem ar puro, tem águas limpas. Pela manhã o cheiro do café é um convite para agradecer pelo dia e ser grato por tudo! Aqui os vizinhos dizem "bom dia", "boa tarde" e uma maravilhosa noite! Se ouve ao longe musicas, aqui a gente sai nas noites quentes para ver as estrelas e o luar, e nas noites frias fazemos uma fogueira para aquecer ao som da viola e comemos milho-verde tomando chá de amendoim! Aqui tem alegria porque a alegria está nas coisas mais simples vida. E só aqueles que conseguem ser gratos pelo quem tem consegue enxergar a felicidade na simplicidade.
Há quem queira sair da dependência deste mundo e voltar ao campo e serem direcionados por Deus. Plantar e colher; há muitas verdades nessa curta frase. Tantos outros estão trocando a independência pela dependência e abrindo mão de suas terras em troca de gaiolas de concreto no meio da cidade.
O agricultor é o resultado da evolução do homem em seu meio socioambiental. É viver sob o sol e produzir sustentavelmente, dando continuidade ao ciclo da vida.
O Roceiro
Pelas paredes gretadas
Mugidouras vacas deitadas
Paciente e ruminante
Observava, ele via
O amanhecer no horizonte
Lá vem a barra do dia.
Acorda mulher, acorda Lia
O algor cobria de neve o chão
Que frio!... Virgem Maria
Levanta mulher, coragem e opinião
No poleiro, não tem mais galinha
Façamos junto a oração
Salva-nos, ajuda-nos oh!... mãe rainha
Opinião! Opinião! Exclama
Com mãos calejadas o rosto lava
Descalço, pisa n' água, na lama
Se não fosse ele, homem chorava
Sorrindo, alegre, a vida leva
Mulher!... este frio é geada
Mas enquanto o café côa
Amolo minha enxada
Pois, não gosto, não fico a toa
Também trato das bicharadas
Dos porquinhos e da marrôa
Marido o café tá coado
Vem beber senão esfria
O roceiro vem afoitado
Não vim antes, não sabia
Bebe e pega seu machado
Nossa lenha não vai ao dia.
É triste; não sei ler, sou tapado
Amanhã preciso de arrogo
Marido!... me dá licença
Vou por feijão no fogo
Desculpe, arrogo não é doença
Fala logo com seu sogro
Meu pai tem clemência.
A tarefa d' manhã terminada
O roceiro vai sossegado
Cachimbo na boca e na mão a enxada
Também no ombro o machado
Derrubar a matarada
Onde tudo é plantado
Descalço, nos trieiros, na saroba
Alegre, cantando, não tango
Pula, um bicho, é cobra
Foi engano é um calango
Que bela mata e gigante peroba
Roço, queimo e planto morango
O céu, a serra enfumaçada
Dos roceiros a história narra
Árvores deitadas, folhas esturricadas
Por todo lado zumbido de cigarra
É tempo agora de queimadas
Quase tristeza o roceiro agarra
Vamos urgente aproveitar
Chegou a flor do mandacaru
O sol não vai mais esquentar
Que fumaça! Foge o inhambu
Nossa roça vou por fogo, queimar
Essa chuva não vai pegá-la cru
Mulher!... Vamos agora plantar
Arroz, milho, mandioca e feijão
Se o pai do céu nos ajudar
Vamos fazer um farturão
A nossa fé não pode, não vai faltar
Não esquecendo da oração
Na roça tudo é dureza
Lá dá praga pra chuchu
O prejuízo é quase certeza
Corre perigo da cobra urutu
Formiga, cupim é da natureza
Destruidores, passo preto e tatu
Quando planto, sou feliz
O tatu, mandioca e milho ranca
O roceiro não maldiz
E por Deus, não adianta
Formiga nas folhas, cupim na raiz
E vem o sol virgem mãe santa
Chega então a colheita
Houve grande resultado
Labuta, sofre, não deita
Corajoso, alegre vai o coitado
Uma boa cama ele enjeita
Foice no ombro, fazer novo roçado
A história do roceiro
Ela é indeterminada
Bolso limpo sem dinheiro
E a ele não falta nada
Veste algodão e sempre caseiro
Crê em Deus, crendice e fada.
João e o Oceano
Nasci com o sorriso do meu pai
E nos braços da minha mãe.
Ela teve que ir embora cedo,
Disseram que foi cuidar de uns anjos lá no céu.
Quando criança, aprendi a trabáia,
Aprendi a ser forte até quando o corpo não aguenta o peso do esforço.
Parei de contar as gotas do meu suor
Quando toda aquela água represô e virô um rio.
Meu pai não se demorô pra ir embora
Fiquei triste, mas aliviado em saber que minha mãe tinha uma companhia.
Não aprendi a ler porque não tive tempo,
E o pouco que me restava mal dava pra descansar à noite.
Ai, quando tudo pareceu ficar sem sentido
Apareceu uma companheira, trabalhadeira igual eu.
Não tinha medo de pegar pesado
E o rio dela se encontro com o meu.
A gente era jovem quando arrumamos um emprego
Na fazenda de um sinhô.
Tínha casa e trabaio não faltava.
A pele da cara tava tão grossa que nem o sol a gente sentia mais.
Eu fui feliz e sabia.
A dignidade me deu filhos
E ao contrário dos pais, eles foram para escola,
Depois para a universidade.
Nuunca tiveram que trabaiá até então.
Eu acostumei a dormir pouco e fazer o dinheiro render.
Nas férias dos estudos, eles nem vinham nos visitar
Colocavam a culpa no tédio
Dizem que roça num tem festa
Ficô eu e minha muié, de novo, sozinhos.
Tenho medo do tempo passar
E às vezes penso que meu pai e minha mãe
Estão em algum lugar a me esperar.
Mas sabe de uma coisa?
Nessa altura, juntando todo o meu suor com o da minha muié
Já dá pra fazer um oceano
Que deixo pros meus filhos
E o azul é tão bonito
Que dá até vontade chorar.§
Minhas raizes são como troncos fortes e minha ancestralidade são como as estrelas que brilham encantadas no luar. Aqui o bem reina e a maldade não entra. Neste lugar de poder o amor brota, o vento canta, o sol brilha mesmo em dias nublados; e toda a chuva que chega trás a fertilidade no olhar. Neste espaço o fogo crepita e aquece os corações das pessoas, há abrigo, manta quentinha, os alimentos são amorosos e nos faz lembrar da infância e da vida. A água resplandece em sua beleza, as pedras recebem os quatro elementos e alegra os sentidos. Sempre haverá asas de bençãos e de alegria. Os passarinhos cantam e sobrevoam a área procurando um lugar para fazer um ninho; e o mais bonito é que encontram, a dona galinha passeia faceira com seus pintinhos. O galo soa sua cantoria sempre que tem vontade, pois a liberdade é vivida. A Lua aparece majestosa e seu brilho ilumina todo o solo sagrado.
Passear na grama e sentir o cheiro da terra molhada é um ritual de amor e de luz. Aqui multiplicamos o alimento, dividimos as dores, e ampliamos os amores pela vida. Todas as pessoas que por aqui chegam seja criança, adulto ou idoso, sempre serão fecundadas pela magia da gratidão, do amor e da luz. Aqui os espaços são que nem coração de mãe, cada pessoa que você conhece aqui parece no mesmo momento familiar e após alguns minutos você logo a trata como irmão de luz e de jornada. Neste lugar sagrado a criança livre sempre aparece e o mestre interno tem voz ativa, nas nuvens vemos a esperança e nos trovões a energia necessária para Mãe Natureza, a busca é constante e a evolução sempre acontece. Aqui neste lugar se colhe gravetos enquanto se conversa com as plantas, abrindo a visão e a intuição e um chá quentinho é servido para aquecer o frio. Sei que parece muito amor para um só lugar e jamais pense que ele só existe em minha imaginação. Saiba que ele é real como o sol, a lua, as estrelas, a terra, o fogo, a água e o ar, basta esticar um pouquinho as mãos e boa vontade para poder aceitar e alcançar. E quando vier será acolhido com o abraço e sorriso de fada e aprenderá que a alegria da vida e Ser aquilo que se É.