Fatos
Durante alguns fatos indesejados,
aos poucos fui ofuscado
até perder-me de mim,
mas percebo que foram necessários
pra que eu pudesse redescobrir-me
e, hoje, graças a Deus, posso amar-me de fato,
busco reconhecer os que sempre
estiverem e estão ao meu lado,
que muitas vezes não percebi
e foram por mim ignorados,
alimento a minha fé e o meu amor próprio,
por este momento ter sido demorado
que o faz ser tão prazeroso,
o conforto, graças a Deus, alcançado
após alguns amargos confrontos.
Return to innocence
Depois de uma paternidade tão precoce e inesperada, o conjunto de fatos que se apresentaram, em minha vida, seguiram reflexos de uma marca profunda, por todos os contratempos que tivera, por ser pai no início de minha juventude.
Nunca soubera, de fato, que tipo de pai ou marido eu gostaria de ser, originalmente. Não houve tempo para essas reflexões. Como precisara assistir à distância o crescimento de meu filho, as palavras gravidez e paternidade sempre me soaram em um tom de desespero. Como se, simultaneamente, uma sirene – alta e intermitente - fosse acionada, a cada vez que ouvisse algum destes vocábulos.
Contudo, uma linda criança que nascera há cinco anos atrás, sempre me deixara em estado de graça – ao ver ou ler qualquer coisa, fato ou foto sobre ela. Filha de uma antiga paixão não cultivada, essa doce alma, habitual e inexplicavelmente, fez-me notar que, com ela, essa mesma sirene nunca houvera sido percebida. Era a magnética: aqueles olhos e aquele sorriso do qual não se consegue não sorrir junto.
Na última noite, já ultrapassando o apogeu de uma superlua, em um céu de brigadeiro, em São Paulo e de brumaceiro em Curitiba, uma vídeo-chamada – inesperada e desajeitada – advinda daquele conhecido 041, que sempre havia feito com que meu sangue fervilhasse... Aquela imagem e voz familiares, como se tentassem alterar os 80BPMs ou a rotineira 12x8mmhg. ‘-Oi Sumido!’... Inebriados, de vinho e de admiração mútua, pela história e pela incondicionalidade da presença um do outro, nestes vinte anos.
No decorrer da conversa, uma luz se acendeu do-lado-de-lá. Aquele sorriso, de pequenos dentes e grandes olhos, apareceram ao vivo. Desmoronei. Mergulhei de volta - ou pela primeira vez, em muito tempo - em um mundo de brincadeiras, de desenhos infantis e de youtubers, de pular na cama, de ser criança e de ser pai. Nenhum sinal de sirenes ou de traumas. E eu só, ali, estarrecido, encantado. ‘Nossa, ela nunca interagiu tanto assim, com alguém pelo celular’ – admirara sua mãe. “Quando você vier pra cá eu deixo você brincar com meu cachorro, só não mexa no meu dedão do pé!”
Era aquilo. Ela detinha a receita. Uma identificação que eu jamais houvera sentido: a de pai em planos ou vidas diferentes deste(a). Um reencontro. Reconexão. Mas, substancialmente, um retorno à essência de minha natureza. Agora conseguira enxergá-la de forma nítida. Sem qualquer som ou imagem diferentes do que um desejo gigante de viajar. De volta. The return to the innocence.
Conto escrito sob inspiração de imagem recebida...
Qualquer semelhança com fatos reais, será apenas mera coincidencia,
fruto da inspiração de algo que pode ter sido vivido por alguém, e pode
estar mandando um recado a quem interessar possa...
Ósculos e amplexos
Marcial
REGRESSO À CASA DO LAGO
Marcial Salaverry
As recordações da infância sempre nos assaltam a memória. Buscamos as origens, procurando explicações para os fatos que nos levaram a tomar determinados rumos em nossa vida. Depois de longos anos afastado de minhas origens, ao saber que meu pai havia falecido, resolvi voltar ao passado, rever os fantasmas que me haviam afastado do convívio familiar.
Ao entrar no trem que me levaria àquela pequena cidade onde vivera na minha infância, as imagens começaram a chegar à minha memória... Aquela casa enorme, imponente, às margens do lago era o ponto marcante de tudo. A obsessão com que meu pai fazia questão de marcar as origens de nossa família, sempre entrava em choque com minha maneira de pensar. A mansão familiar ocupava um amplo terreno, dominando o lago. Considerava o ponto ideal para um hotel de luxo, aproveitando o visual, a topografia do terreno. Seria realmente um grande sucesso. Poderia fazer fortuna com esse empreendimento. Já havia uma incorporadora que desejava executar a obra. Tentei convencer meu pai a fazê-lo. Negou-se peremptoriamente. Disse que jamais macularia as tradições familiares por causa de dinheiro.
Jamais me esquecerei da última discussão, quando trocamos palavras amargas demais. Chamei-o de velho teimoso e retrógrado e coisas mais pesadas. Terminei dizendo que iria viver minha vida, e que não queria mais vê-lo, e mal sabia que não o veria mesmo. Consegui relativo êxito em minhas tentativas, sempre tropeçando no que meu pai sempre me dizia, minha precipitação, minha urgência em querer conseguir tudo.
Muitas vezes me vi tentado a voltar, e reconhecer que ele estava certo. Mas a teimosia era hereditária. Recusava-me a admitir minha incapacidade para o enriquecimento que prometera a ele. Dissera que só voltaria após fazer fortuna. Rira quando ele disse que a fortuna estava ali, nas origens da família.
Ao desembarcar na estação, e pegar o táxi que me levaria à mansão, que agora poderia vender e fazer o hotel de meus sonhos, era só nisso que pensava. Mas agora, sentado onde costumava ficar com meu pai, em um outeiro um pouco afastado da mansão, local que propicia uma visão fantástica da mansão, refletindo-a inteiramente nas mansas águas do lago, fiquei absorto contemplando aquela imagem que me levava à infância, às conversas que sempre tivera com ele, e que tanta falta me fizeram depois, nos tropeços que dei pela vida afora.
O casarão, imponente, lembrava as tradições que meu pai tão ferrenhamente defendera. Acontece que sua imagem, curiosamente refletia-se nas mansas águas do lago, como se estivesse de cabeça para baixo, ou seja, ao contrário. Naquele instante, as águas como que pararam, ficaram totalmente imóveis... Vi então, o que fizera de minha vida, a deixara de pernas para o ar, tentando provar alguma coisa, que agora me parecia totalmente irrelevante. Por causa disso, dessas minhas idéias, tinha perdido anos de convivência com minha família.
Essa imagem da mansão refletida no lago, fez-me ver o que fizera de minha vida, movido por uma ambição sem limites. Tomei então a decisão. Iria voltar àquele vetusto casarão, trazer minha família e ensinar aos meus filhos toda a história familiar, procurando fazer com que eles possam sentir o orgulho que eu sentia quando era criança, e que depois desprezei. Espero que não tenham que sentir sua vida, como senti a minha, vendo a imagem da mansão refletida nas plácidas águas do lago...
Com a inspiração da linda imagem, desejo lembrar que devemos respeitar a história de nossa vida, o que poderá sempre proporcionar que possamos viver UM LINDO DIA, com recordações do que vivemos ao longo de nossa vida, e que muitas vezes desprezamos em nome da ambição, do desejo de fazer fortuna, quando em nosso coração ela está bem enraizada...
As ideias estão nos fatos; estão também nas conversações, nos acasos, nos espetáculos, nas visitas e nos passeios, nas leituras mais banais. Tudo contém tesouros, porque tudo está em tudo, e um certo número de leis da vida ou da natureza governam tudo o mais.
Chaves
Há vezes, que procuro evitar e
deixar de lado fatos, momentos
tristes e alegres guardados
a sete chaves.
Mas , o inconsciente tem
as chaves e, quando dou conta,
cercado por toda a parte estou de
tudo que guardado lá ficava.
Existem alguns momntos que merecem
ser relembrados, como alegrias, amores
que ficaram e não vão nos deixar.
Horas difíceis, dores, sofrimentos,
pessoas que convivemos, e não existem
mais.
Seria bom se com o inconsciente
tivéssemos um trato feito, de mantermos
essas chaves junto a nós.
Manteríamos esse espaço fechado, melhor
seria viver sem estas lembranças que
nos marcam muito, e daríamos paz ao nosso
íntimo
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras Artes e Ciências
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
A mente humana nos leva a outra dimensão, buscando explicações, para fatos desconhecidos na que vivemos. Reflita e procure entender o que sua mente quer dizer.
É ilusão tentar inverter o conto no fator dos fatos como se tivesse vivenciando como feito, não admitindo por ter sido outro alguém quem o fez só para querer ser reconhecido como o autor das ações e ganhar o mérito.
Não podemos se quer cogitar que uma pena possa ser aplicada sem a mais clara certeza dos fatos. Uma pena aplicada equivocadamente, atinge a dignidade, a honra e a estima de pessoa, ferindo gravemente o plano moral.
Em alguma passagem de suas obras, Hegel comenta que todos os grandes fatos e todos os grandes personagens da história mundial são encenados, por assim dizer, duas vezes. Ele se esqueceu de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.
"A vitória é definida de acordo a interpretação dos fatos,e não apenas do resultado específico (Wesley Kennedy)."
Há um momento raro
entre uma história vivida
e uma lida história,
páginas e fases, fatos e folhas.
Uma relação de Livro e leitor ou leitora que resulta numa troca preciosa
de vivências e leituras.
- Relacionados
- Fato
- Frases do Signo de Touro
- Fatos Reais