Farinha
CHEIRO TORTO
O padeiro cheira pão,
cheira ovo, cheira farinha,
sal a gosto, pimenta povo...
Cheira o cheiro d'aquele odor,
açafrão... Frango, alho e galinha,
e as coisas da padaria.
Cheira o frescor da manhã,
junto ao alvorecer de cada dia,
a fumaça que exala
quarto cozinha e sala
e a cor da fantasia.
O padeiro cheira o pão
que o diabo amassou...
O fogo brando do fogão
o apagão do coração
e o cheiro torto do amor.
Antonio Montes
ASSADO DE CADA DIA
O padeiro, cheira o cheiro do pão
cheira a tabua o moinho e a farinha
o mel, a pimenta o sal o açafrão
e as vasilhas que tem na cozinha.
Cheira o cheiro mesmo dormindo
e os sonhos que te levam aos dias
trabalha a massa, amassa sorrindo
o pão nosso, assado de cada dia.
O padeiro em seu zelo tagarela...
Tricota os desvios do parlamento
e vive a vida, com luz, a luz de vela
e segue seu sonho no sentimento.
Com sua munheca, bate e rebate
perdeu lugar p'ra maquina sapeca
foi p'ra fila disputar o seu impasse
assim ficou, sem o café na caneca.
Antonio Montes
CONTRA GOSTO
Era tarde de agosto
tive gosto na farinha
mas veio o vento e me levou.
E com cara de desamor
na brisa d’aquela tardinha
meu olhar triste chorou.
Eu? Eu fiquei de contra gosto
com aquela migalha de troco
entre sopapo e assopro.
Barriga, seca em alvoroço
pequeno tempo tão pouco!
E a marmita seca no toco.
E a fome? No contra vapor
tremia a carne e as vistas
criava-se assim aquela dor.
O vento? A esse treiteiro
rodopiou pelo terreiro
e flertou ao mundo inteiro.
Antonio Montes
Aqui é nordeste!
Dizem que aqui não presta
só tem farinha e jabá
o sol queimando na testa
e aquela seca de lascar
mas basta ter uma festa
que é gente que só a "mulesta"
que vem das bandas de lá.
“Tanto é falso e sem caráter o arrogante que ‘come farinha e arrota leitão’, quanto o pseudo modesto que ‘come leitão e arrota farinha’. Ambos são dissimuladores da hipocrisia.”
Cego Blues
Num chapéu cor de farinha
Com uma cachaça e uma garrafa quase vazia
Uma cegueira cega que nem ela
Um tempo certo na hora errada
Um blues de um forró bem triste
Uma criança que não chora nem vai embora
E três mesas vazias.
Uma lembrança de um perfume
Um chale branco, saudade e ciúme
Uma parede de uma alusão púrpura bondade
Um amor insano, regado e negado
Invejado pelos anjos, flechado caboclo
Uma antiga mentira virou verdade
E as tais mesas vazias
E depressa vai cada vez mais lenta
A noite e o dia feito o amor que se inventa
Arde, queima e contenta
Falso feitiço feito a destilada água que torpe
Os modos e as giras
que envolta de nós se sustenta
Nenhuma mesa, onde não a via
O local deixou a razão com sorte
A música acabou e o bumbo coração tenta
Bem mais poema do que cena
Eu sorrio vida que brilha, não me faço de dentes.
Vida não esfazia no feitio de mesas fazias.
Alfajores são alfabetos argentinos feitos de maisena, farinha de trigo, açúcar, manteiga, ovos, fermento em pó e essência de baunilha por confeiteiro iletrado.
Vem com a farinha que eu te trago o pão, o que pensa de mim? não deve ser novidade, frente ao fato de que eu me avalio o tempo todo, já fui e já voltei, e você jura que me traz novidade.
Pare de vomitar palavras, é isso que elas parecem para mim, vômito!
Vivemos em um mundo que julgamos os hipócritas, mas na realidade somos todos farinha do mesmo saco. Alguns só passam dos limites.
"O mundo era mais justo quando se trocava arroz pelo feijão, farinha pelo milho, depois que surgiu a moeda, o mundo entrou nas trevas na corrupção, onde tudo e comprado, ate mesmo o direito de vida".
Uma frase poética e carinhosa
"Bênça, mãe lua!
Dá-me pão com farinha,
Para alimentar meus pintinhos,
Que esperam na cozinha."
Café da manhã;
Café da tarde;
Café da noite;
Porque não café com pão, com leite, farinha ou feijão;
Nada disso importa se a coisa for feita com amor no coração;
Um bom café então!