Fantasia
Esconder a realidade do dia a dia, para fantasiar somente o que é lindo, é nada mais nada a menos que hipocrisia.
Ser poeta é não ter medo de abrir a alma, é ser um livro aberto em cujas páginas podem ser lidas realidades e fantasias quase infindas. Quem poderá, realmente, traduzir o que é um Ser poeta? O que eles dizem e porque essa ânsia em dizer, em nunca calar a voz interior ? Não querem respostas, talvez elas não existam. Ser poeta é transcender a própria existência sempre em busca do Infinito.
O que um poeta tem demais?
do coração um grito rouco,
metáforas, fantasias, a ele tudo é mais,
poeta é um ser, digamos, quase louco !
Mas de boa e terna loucura,
segue versejando todos os caminhos,
escreve seus poemas em letras tais
que um manto lindo nos cobre de carinho
Quando criança, o hipersensível constrói um mundo de fantasias porque percebe uma realidade que o fere e lhe provoca angústia e medo. Na adolescência, sente-se incompreendido e sozinho porque não encontra com quem compartilhar suas emoções. Na maturidade, ele também sofre nos relacionamentos amorosos: nunca está satisfeito com as demonstrações de afeto do outro, mostra-se inseguro, monopolizador, carente e ciumento.
Uma mente criadora precisa viajar pelo mundo fantástico da diversidade das vidas e das formas, para conhecer a beleza existente em cada coisa e em cada indivíduo.
Devido aos tabus e preconceitos, muitas vidas se tornam fechadas, anulando suas mentes e suas fantasias, bloqueando o seu poder de criação.
"Sabe porquê crio personagens tão fortes?... Eu conto a você. Porque eles superam seus limites, encaram seus medos, e quebram barreiras além da compreensão. Eles superam situações de vida, ou morte... Escrevo sobre eles, pois é assim, que eu queria ser"
Sô Juca
Num bóti reparu nu modi deu falá
Sô hôme simples, caboclo sem enricá
Pôcu letradu, mais tenhu vivênça
E vô ti contá puque bateu essi querê
De fazê ocê sabe de nossu cumpadi
Num é qui Tião se enrosco
Cum a fia de véia Fraviana¿
Nessa peleja, a minina pegô barriga
Tãossi Guilermino sotô as tampa
Tião juntô os trapo dele e ganhô mundo
Cumpadi Guilermino fez o mermo
Juntô os trapo da coitada
E jogo a minina Jussinaria na estrada
Ela vei batê aqui, sô Juca
Quis fazê pousada nu meu barraco
Mas aqui num dá, cê sabe
Ocê sempri diz que qué tê fio
E eu mandei a minina ai pro cê cuidá
Inté
A arte do Pangolelê...
A marcha compassada do Bertrano, era breve e indicava duas realidades: a idade já avançada do pardo cavalo e o peso da carroça que puxava, uma velha carroça coberta em lona colorida, tatuada em desenhos que remontavam à lembrança a magia da arte circense.
Era nela que o palhaço Bambolin, seguia à frente da caravana e nela, cabia tamanha alegria que ia do nariz de bolinha à peruca vermelha e todas as peças que ele vestia: roupas de cetim com formas de toda cor, todas bem cuidadas, guardadas em baús de madeira, que juntos, servia de cama para dormir, durante a viagem, a trapezista que também era atriz e não abria mão de fazer de sua arte, motivo para todo povo se emocionar e também, sorrir.
Circo sem bicho, sem cobertura, sem bilheteria, sem bancos nem cadeiras, sem hora nem lugar pro show que não pode parar.
As atrações eram tantas que cabia um mundo de sonhos na imaginação de menina, de menino, de gente grande, que viam nas trapalhadas do palhaço e no voo do homem bala, no estranho gigante João correndo atrás do anão trapalhão, na curiosa mulher de barba e se admiravam com Gismundo, o homem mais forte do mundo.
Mas havia um momento de tensão, a apresentação da bela trapezista, que também era atriz e, de um lado pro outro, recitava, cantava e encantava a plateia!
A cartomante, nascida em Lisboa, além de interpretar o que via nas cartas, “lia mão”, adivinhava o futuro e dizia que bastava um tostão pra pagar a adivinhação.
O circo Pangolelê, era itinerante! Tinha somente artistas da vida, operários da felicidade, gente que tinha por regra, a falta de regras, naqueles eternos minutos que a atenção que recebiam, em encanto se fazia.
Ali, não cabiam sentidos e nem lembranças de sofrer, e pelo querer, transportavam a plateia para um universo de emoção e ficção!
Soneto de um Desejo...
Rosa de meu jardim, pérola rara, alva flor
Abrace meu penar com desejos de cuidados e amor
Preencha meus pulmões, invadindo-os com seu leve olor
Doe ao meu penar, o calor dos quereres de suas pétalas
Solte minhas amarras num suspiro de brando sonhar
Rosa de puro encanto, silente, inspire meu caminhar
Se a esperança atrasar, seja generosa, venha me cuidar
Troque meu pranto por alegrias e canto
Oh, silente jóia, que sob a lua desperta emoções
Contagie os poetas, os sonhadores e as paixões
Como eu queria
Como eu queria poder te ver todos
os dias, pegar na tua mão tão macia,
beijar-te muito.
Isso é o que eu queria.
Noticias tuas saber,sem muita fantasia,
buscar-te no trabalho, que alegria isso
seria.
Juntinho a ti ficar,fazendo companhia.
És tudo o que eu quero.
Por ti, anseio em ver a hora de tudo isso
poder fazer.
Saber que finalmente eu posso ter,
aquela que eu sonho noite e dia, aquela
que em mim já vive,e que deixou de ser a
namorada, para ser o anjo que eu quero ter.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras Artes e Ciências
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U B E
“Você me enche de vontade,
Me desperta desejos,
Impossível explicar,
Também não é preciso entender.
Posso sentir minha boca tocando a sua,
O calor do seu corpo,
Perco-me em pensamentos,
Despindo-me o juízo.
Deixando minha lucidez aos poucos,
Como a fumaça do cigarro sendo exalada,
Lentamente e irregular, porem incessantemente.
Acompanhando a leve brisa, até se perder de vista.
Nesse momento estou entregue a ti,
Estou em suas mãos,
Pode me tragar e degustar novamente,
Como se fosse o ultimo cigarro da sua melhor noite.
Ou me atirar para longe,
Jurando a si mesma,
Que nunca mais tocará esse mal,
Que já te fez bem.”
"Pela manhã deves dizer o sério que é mais sensível ao ouvido; pela tarde o que dizes deves fingir pois o comido não deixa ouvir; pela noite deves soprar um sonho que deve ser vivido; e pela madrugada deves sussurrar todas as fantasias da amada."
Sempre que me deparo com minhas utopias, procuro acalentar minha alma, com o entendimento que a realidade por vezes é tão cruel, que instintivamente me leva ao modo ilusão. Então é que, na verdade o real impiedoso é que me atira para o devaneio, mesmo sabendo eu que serei acordado pela realidade que irá bater a minha porta. Tock Tock Tock!
Somos aquilo que vemos, aquilo que ouvimos e aquilo que fazemos, logo, o que falamos muitas vezes pode não ser de fato quem somos, ou o que gostaríamos de ser. Você pode estar vivendo uma fantasia e fingindo ser quem não é... Isso te incomoda, te machuca e te corrói. Quer mudar você!? Quer ser realmente quem você diz que é? Então escolha bem o que você vê e filtre bem o que você ouve, pois os teus olhos são a lâmpada do teu corpo, se eles forem bons, todo teu corpo será bom e os teus ouvidos cuide de provar as palavras, assim como o paladar prova a comida e assim você evitará seu corpo de ingerir algo estragado, contribuindo para que se aproxime realmente de quem diz ser.
Temos muito mais a agradecer do que a reclamar, mas estamos vivendo em tempos de insatisfação fantasiosa diante de queixumes sobre necessidades supérfluas.