Falo o que Sinto

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Nem amor, nem ódio, nem esperança... Eu não falo sobre isso, eu só falo da estranha sensação que é não sentir nada.

Quando eu falar ' eu te odeio ' tenha a certeza que é por que eu mais te amo e falo isso só pra meu eu se convencer de que te odeia. Geralmente as mulheres têm essa terrível mania de esconder-se atrás de capas...

Ficando Calada ,falo além da conta.Afinal,para que serve meus olhos?

O que eu te falo nunca é o que te falo e sim outra coisa.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Nunca consigo ser direta, clara e precisa. Para dizer uma coisa simples faço mil rodeios, falo além da conta, digo o que não devo, me perco no meio de tantas sílabas. A culpada é a minha necessidade de expressão. De interrogar, exclamar, pontuar, colocar reticências no final.

No silêncio da noite, falo seu nome baixinho, só pra dormir pensando em você.

Não falo como você fala. Mas vejo bem o que você diz. Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito. Eu esatava esperando voar, mas como chegar até as nuvens com os pés no chão? O que sinto muitas vezes faz sentido e outras vezes não descubro o motivo. Tudo acontece ao mesmo tempo. Nem eu mesma sei direito o que está acontecendo. E daí, de hoje em diante, todo o dia vai ser o dia mais importante. Se quiser alguém pra ser só sua, é só não esquecer. Estarei aqui. Ou então não terá jamais a chave do meu coração. Não digo nada. Espero o vendaval passar. Por enquanto eu não sei o que você me falou, me fez rir e pensar. Se fiquei esperando meu amor passar, já me basta que então eu não sabia amar e me via perdida e vivendo em erro, sem querer me machucar de novo por culpa do amor. Quando se aprende a amar o mundo passa a ser seu. A ser feliz. Fiquei tanto tempo duvidando de mim por fazer amor fazer sentido. Começo a ficar livre. De olhos fechados não me vejo e você sorriu pra mim. Já não sei dizer o que aconteceu, se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu, se meu desejo então já se realizou. O que fazer ? Para onde é que eu vou ? Eu vi você voltar para mim..

Para mim, a verdade, essa integridade de que falo, acha-se em todas as coisas. Portanto, a idéia de que necessitais progredir em direção à realidade é uma idéia falsa. Não se pode progredir na direção de uma coisa que sempre está presente. Não se trata de avançar para o exterior ou de voltar-se para o interior, mas sim de se libertar dessa consciência que se percebe a si mesma como separada.

Adoro conquistar muito mais do que ser conquistada. Falo quando acho que tenho que falar, mas prezo o silêncio.

Eu falo demais. Mais do que a verdade é capaz de acompanhar.

O teu apelido carinhoso eu falo no pé do seu ouvido.

Se eu falo, sou debochada. Se eu respondo, sou estúpida. Se eu reclamo, sou sentimental. Legal, acho melhor eu aprender a linguagem dos sinais.

Sou assim meio louca. Falo com o vento, falo sozinha. Mas não me acho louca por isso. Sei que a minha realidade é feliz por ser eu mesma. Se eu fosse outra pessoa,não seria eu mesma.

Expansões

Eu gosto de você!
Compreende? Eu tenho por você uma doidice…
Falo, falo nem sei o quê,
mas gosto, gosto de você.

Você ouviu bem isso que eu disse?
Você ri? Eu pareço um louco?
Mas que fazer para explicar isso direito,
para que você sinta? O que eu digo é tão oco!

Eu procuro, procuro um jeito…
Não é exato que o beijo só pode bastar.
Qualquer coisa que me afoga, entre soluços e ais,
é preciso exprimir, traduzir, explicar…

Ninguém sente senão o que soube falar.
Vive-se de palavras, nada mais.
Mas é preciso que eu consiga
essas palavras, e que eu diga,
e você saiba… Mas, o quê?

Se eu soubesse falar como um poeta que sente,
diga! — diria eu mais do que
quando tomo entre as mãos essa cabeça linda
e cem, mil vezes, loucamente,
digo e repito e torno a repetir ainda:
Você! Você! Você! Você!

Paul Géraldy
GERALDY, P.,Eu e Você, 1912

Abro o coração.
Coloco-me aos seus pés.
Noite escura agora é manhã.
E falo com rara calma:
Sou o que sou, sem ti sou fraco,
mas sempre tive Você aqui perto de mim.

Falo não por mim mas por aqueles sem voz... aqueles que lutaram por seus direitos... seu direito de viver em paz, seu direito de ser tratado com dignidade, seu direito à igualdade de oportunidade, o seu direito de ser educado.

Eu sei de muita coisa porque vejo, mas só não falo, afinal, sou tímida não cega.

DO AMOR

Não falo do amor romântico,
aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão,
paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida,
explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto,
formatado, inteiro, antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim,
que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído,
inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta?
O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
o amor será sempre o desconhecido,
a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido,
quer ser violado,
quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
e nós preferimos o leito de um rio,
com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha e
nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
o amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor,
se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita.
Ou melhor, só se Vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

Eu já te disse o quanto eu odeio mentiras? Se não falei, falo agora e se já falei repito: Não gosto de mentiras! Eu prefiro a verdade mesmo que doa.

Quando me perguntam se estou solteira costumo responder que estou "sozinha". Quando falo "solteira" tenho a impressão de parecer que estou a procura ou a espera de um relacionamento. Já quando digo "sozinha" sinto que falo de como estou, meu estado de espírito. Estar sozinha vai muito além de não estar namorando. É estar sozinha por preferir assim, por gostar de estar assim. Nunca fui do tipo que espera por alguém especial para poder me apaixonar. Porque desde cedo decidi que a solidão seria minha companheira por um longo tempo. Todas as vezes que tentei construir uma história com alguém, eu voltava quebrada, remendada, um caco. As pessoas me esvaziam, tiram meu brilho. Já a solidão me faz ser quem eu sou, me faz escrever o que escrevo, eu sou tão dela que já não sou mais minha. Quem quiser tentar me separar da minha solidão tem que se preparar para enfrentar essa forte concorrente.