Falecimento de um Parente Querido
A saudade nos faz recordar momentos especiais e sentir emoções intensas. É como se as lembranças pudessem preencher o coração e reviver experiências passadas.
Eu por mim, serei todas. Defenderei a louca e a sábia sensibilidade. Unirei a dor ao amor da saudade. Gritarei no eco do silenciar. O ar e o fogo que queima e espalha sua força. Serei eu, quando eu mesma quiser ser amada. Eu me amo!
Saudade não tem distância, nem tempo, muito menos quantidade. Ela é exigente. Quer muito toda hora, pertinho.
As atitudes desvalorizadas um dia se tornam incomparáveis nas lembranças da saudade de um futuro lamento. Valorizar todos os gestos de bondade no mundo de hoje onde certos atos são raridade e nem todo mundo está disposto a se doar.É fazer a sua parte.
Saudade nao sobrepõe a vontade de querer perto, nem impõe o desejo das expectativas. Saudade são lembranças boas que ficam para sempre. Saudade é ausência mesmo. Não machuca porque sabemos que são apenas lembranças, não é físico. Saudade é o amor que passou e ficou, é àquele até logo...
O que canto em abundância
são retratos de saudade...
És a flor da minha infância
E um cartão de identidade.
I
Nas passagens do rossio
o colorido do ervado,
velhas eiras, algum gado
e cem anos de pousio...
Na riqueza do teu brio
eu vivi sem importância,
sem o vício da ganância,
no carinho do teu leito,
é sincero e por direito
o que canto em abundância.
Ii
Para sempre a minha escola,
o meu teste de memória,
professora dona Vitória
e mil sonhos na sacola...
Sua imagem me consola
num padrão de eternidade,
vi em ti a liberdade,
muita força e muito medo,
e as promessas dum brinquedo
São retratos de saudade.
III
Aquela imensa multidão,
as promessas arrojadas,
com pessoas encantadas
oferecendo a exaustão...
Boa-Nova e devoção
demonstrados na constância,
o teu povo em abundância
vê passar mais um petiz,
mas que hoje ainda diz:
És a flor da minha infância.
IV
És a página mais amena
no meu livro desfolhado,
o sentimento emocionado,
a nostalgia que me acena...
Neste abraço para Terena
há carinho e amizade,
e aquela fraternidade
que eu guardo de criança...
foste tu a minha esperança
e um cartão de identidade.
Entre utopias e distopias, vamos sobrevivendo mais um dia sem uma saudade que nos aflore o orgulho nem um ideal que nos apresente a esperança.
COBRA CEGA (soneto)
Era a saudade, saudade crua que vela
A solidão. Com a impostura do pranto
Que sente falta, partida em um canto
Do coração, que se veste da dor dela
Era a lembrança! Curvada na janela
A esperar que se quebre o encanto
E no horizonte desanuvie do manto
Da noite vazia, e se torne leve e bela
Era a angústia com a sua tristura cada
Era o seu silêncio e o seu tempo lasso
O desespero na negrura da madrugada
Que brincam, com o desanimo crasso
De olhos vendados, e a ventura atada
De cobra cega com o prazer escasso...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/04/2020, 15’11” – Cerrado goiano