Falecimento de um Parente Querido
Não sei como, mas de alguma forma você consegue ser exatamente tudo que eu preciso. Esse teu jeito todo de ser que parece ser tão meu, feito pra mim. Tudo em você me salta os olhos, me encanta, me deixa bobo. Você é a certeza de que ainda posso olhar a felicidade nos olhos. Eu até posso sentir o gostinho do futuro, doce como o teu beijo e perfeito como teu abraço.
*Lírico Soneto*
Tum...
Tum tum...
Tum tum...
Assim se faz a mais bela das melodias que um dia eu pude escutar.
O som que vem de dentro do peito, do sublime soneto que me postes a criar.
Quando jovem me criei, por alguém me apaixonei ao primeiro olhar.
Por fim me casei, meus filhos criei sem ao teu lado estar.
Pois por mais bela que seja a vida, tão injusta e corrosiva seu coração ela fez parar.
Até hoje me lembro, o quão calmo se tornou o tempo quando ele pouco a pouco parou de pulsar.
Me debrucei sobre teu peito, afim de ouvir pela última vez este soneto que agora nas estrelas eis de brilhar.
Sinto sua falta
Hoje eu me sinto como se uma parte de mim não me pertencesse mais, como se faltasse algo pra minha vida ficar totalmente completa, continuo beijando outras bocas tentando encontrar a sua, continuo buscando o seu abraço em outros braços, mas na verdade eu não sei mais o que estou fazendo de verdade, mesmo que pra razão isso faça sentido, pois as pessoas precisam achar que eu não penso mais em você, que eu não choro a noite sentindo a sua falta, que eu me sinto perdido sem você, pra mim não faz sentido agir assim já que tudo isso que mostro viver é uma grande mentira, é uma farsa
Eu fico me perguntando a todo instante porque tudo teve que ser a sim, eu pergunto a Deus porque devo sentir tanta dor, porque ele não pode me ajudar a ficar perto de você, mas parece que ele não me escuta...
Não importa o quanto eu chore, o quanto eu me lamente em silêncio, o quando eu chame o seu nome dentro de minha cabeça, eu vou sofrer o resto da minha vida pois nunca poderei ficar com você
As vezes eu me entrego a saudade, eu me entrego ao sentimento que sua falta me traz, as vezes eu não suporto disfarçar, fingir que estou bem, queria poder te dizer tudo o que tenho passado nós últimos dias, mas isso te traria muita dor, pois você também não pode fazer nada pra mudar a realidade.
Eu achei que ficar longe de você e tentar recomeçar minha vida sem você seria o melhor, mas eu só virei um ator de meia tigela que não pode ouvir seu nome que os olhos se enchem de lágrimas
Não suporto viver sem você, eu não sei ser feliz de verdade sem você meu amor, você foi, é e sempre será o único amor de minha vida, mesmo eu não podendo estar com você, mesmo você não podendo estar comigo... Eu sempre vou te amar, quando eu estiver velho ainda vou lembrar do seu sorriso, e de muitos momentos que vivemos juntos, os momentos em que eu me senti o homem mais feliz do mundo, que eu senti seu amor por mim, os momentos que hoje me fazem chorar de tanta saudade, me fazem querer voltar no tempo só pra sentir o teu abraço
Queria muito ter você de volta meu amor,
Eu ainda não desisti de nós
Eu amo você!
Assim que amanhecer
Amar você me salvou e me condenou.
É um amor de redenção, luxúria e santidade.
Tentei desvencilhar do seu jeito ingenuamente lascivo
Tentei fugir
Fingi que não me importava.
Tudo foi em vão.
Bastou uma noite para seu suor entranhar minha pele
E tomar meu coração, meu cérebro, minha razão.
Tudo ficou mais colorido com você
Vulcão na neve, tesouro no arco-íris...tudo era possível
Tudo era permitido.
Não havia certo, nem errado.
Não havia sinal de pare.
E até meus ossos gritavam por você
Mas acho que era amor demais, desejo demais e o mundo não suportou
As estrelas sentiram inveja, se apaixonaram por você
E um dia...a noite te levou.
A mesma noite que um dia serviu de cúmplice para nossas loucuras
O mesmo céu que testemunhou nossos devaneios de amor...
Hoje presenciam minhas lágrimas
E acolhem minha solidão.
As montanhas giram em torno da minha dor,
Minha alma é cortada por cacos de vidro
O calor se transformou em frio
Todas as imagens que um dia fizeram parte da nossa história,
Foram tatuadas com o cinza do final de um dia de chuva e tempestade
Mas eu estou aqui
Com o corpo clamando por você
Continuo na certeza de te reencontrar
Continuo sentindo que seu sorriso ecoa no universo
E ouço sua gargalhada em cada relâmpago, em cada raio de sol, em cada luar
Queria apenas respirar junto com você
Meu coração repousa numa paz inquietante
Mas na certeza de que você continua sendo a estrela do meu céu
Apenas se transformou numa energia suave, e se embola no ar da noite
E espera amanhecer para me reencontrar
Porque um dia sempre amanhece
Um dia a estação muda
A noite acaba e chega o dia...
Te encontro na próxima estação
Te vejo do outro lado...
Vou te ver assim que amanhecer...
E hoje, é a última vez que oro pra Afrodite. Ser deusa do amor também lhe dá o direito de ser deusa do desamor. Com os olhos cheios de lágrimas, pedi novamente... como faço todas as noites que a saudade me invade me deixando sem ar. Pedi pra enfim te esquecer. Finalmente te esquecer... Porque já não tenho mais forças pra esse amor, e não posso mais ser tão fraca.
A Inexorável Dor da Perda de um Filho
Ela, mãe, está sofrendo. Ele, pai, está sofrendo. Acabam de perder um filho para a mais forte de todas as guerras: a inexorável passagem para o outro plano. Seu filho amado está indo embora! – uma viagem às pressas, inesperada, sem tempo para dizer adeus. Um jovem com todas as alegrias e sonhos da sua idade e do seu tempo.
Seríamos realmente capazes de imaginarmos a dor desses pais? Sentirmos o tamanho desse luto? Demais para ser suportado. Imensamente. Uma dor que não tem nome e dói só de pensar. Falta o ar. Consome o equilíbrio. Falta chão. Sucumbe-se às lágrimas. Uma dor que não seca, mas faz murcharem as forças, rouba os sonhos, dilacera a alma. Interrompe a esperança, invade nossas entranhas e leva uma parte de nós – a vida perde um pouco a suas cores....
Não é fácil aceitarmos a inversão da ordem natural no ciclo da vida. Não estamos nunca prontos, não queremos enterrar um filho. Quando a natureza não cumpre o ciclo como deveria é dolorosamente terrível e assombra.
– uma separação consumada fisicamente, mas que jamais conseguirá romper com os laços... não há substituições, filho é filho e ponto.
Impossível medir a dimensão da dor da perda de um filho. Não conseguimos mensurá-la, é uma dor única, intensa, egoísta e gigante. A perda de um filho é ferida que não cicatriza, é pra toda a vida – essa dor terá momentos que se converterá em saudade, mas nunca será menor. Os pais ficam perdidos na sua dor, um vazio inconsolável, um lamento interminável. Que ninguém se atreva estancar essa sangria no coração de uma mãe e de um pai... O choro é demasiadamente solitário e triste – não se decifra um amor que transborda em lágrimas.
Não encontro consolo. Não há nada que possa arrancar esse tormento que estraçalha o peito dessa família. E nesse momento, não posso e não devo - hoje as lágrimas têm e devem cair. Tem que ser assim.
Hoje a dor é dessa mãe e desse pai. Amanhã ou depois, quem sabe a serenidade venha bater às suas portas.
Hoje, quero manifestar meu sentimento solidário e companheiro, fazer uma prece e desejar que esse jovem encontre muita luz em sua passagem. Que a mãe, o pai, os irmãos e todos os familiares, no devido tempo, encontrem motivos para a difícil superação dessa dor, hoje latente.
Que a resiliência seja. Que encontrem a habilidade de persistirem nos momentos difíceis quando a saudade doer - e ela dói, vai e volta, e continuará a doer... Mas, será preciso continuar, lamentavelmente, essa é uma das mais tristes regras que nos são impostas: - sobrevivermos com a ausência física daqueles que muito significaram à nossa continuidade, à nossa existência. Que o tempo faça o que é dele fazer - leve um dia a dor embora e deixe apenas a saudade terna e mansa.
A morte é agressiva em todas as suas esferas. Seja no acidente que ninguém esperava, seja no ventre da mãe, seja no paciente terminal, seja no cidadão com morte cerebral declarada, seja no inconsequente que vivia brincando com a vida, seja no idoso de quase 100 anos. Não interessa. Ela assola, nos deixa devastados, impotentes, perplexos, nos faz tremer e temer. Afinal quando vai chegar nosso dia? Ou pior: quando vai chegar o dia daqueles que amamos?
Estar em um velório é algo curioso. O morto não é só aquele que está dentro do caixão, imóvel. Morrem também várias pessoas ao redor. Sim, elas respiram, andam, falam, seus corações ainda batem. Mas uma parte... aliás, me arrisco a dizer: uma GRANDE PARTE é enterrada junto com o ente querido. Os sonhos, as risadas, os planos, os abraços, a voz, o aconchego, a alegria. Vai tudo embora. Sorte a nossa que nos restam as lembranças boas, ainda que em certos momentos evitamos até lembrar. Machuca demais.
Sei que nossa esperança é renovada em Jesus. Sei que estamos aqui de passagem, sei que existe um céu e uma vida eterna de alegrias para aqueles que acreditam na salvação em Cristo. Mas sou de carne, osso e emoções. Enquanto estiver aqui na Terra vou chorar, vou sentir, vou sofrer com a morte.
Sempre que alguém que eu amo morre, uma parte de mim vai junto. E ainda que o tempo passe e novos amores surjam, esse pedaço nunca volta, nunca regenera. Ele se vai pra sempre.
E por enquanto é assim que eu vou vivendo.
Com meus buracos, com meus remendos, com minhas falhas.
Você chegou, virou minha vida pelo avesso e foi embora, sem me deixar instruções de como resolver tudo.
Vocábulos vazios
Alguns dias são piores que outros. Na maioria das vezes me perco em pensamentos. Deito-me, olho o teto do quarto e espero o tempo passar, se perder. Alguns dias nada faz sentido, não me lembro de ações anteriores, não meço meus atos posteriores, me perco no relógio. Alguns dias eu queria apenas algumas horas a menos, dormir e acordar sem compromissos, planejamentos ou regras a seguir. Em alguns desses dias, o mar é meu refúgio, imagino-me prostrada sobre a areia fina, observando o céu, as constelações, dando nome a todas elas, uma por uma.
Em outros desses dias, sinto minha garganta queimar, meus pulsos arderem e meu peito doer, cada vez mais forte, cada vez por mais tempo, e assim o tempo passa. Algumas vezes uma pintura, uns escritos, são o bastante pra me definir. Algumas vezes, me encontro em meio a um punhado de lágrimas e soluços ritmados com meu coração. Algumas vezes, para ser sincera, não vejo em mim muito mais que uma pilha de pincéis, palavras e livros lidos, ao se tirar isso, não sobra muito de mim.
Sou fraca, você me disse uma vez, lembra? Eu concordei, mas acho que essa frase nunca fez tanto sentido quanto agora. Sou fraca com relação a você e ao mundo. Sou fraca por não conseguir lidar com minhas emoções, principalmente quando se trata de você. Às vezes dói, às vezes faz mal, e às vezes eu só queria mais um cigarro e uma dose daquele whisky barato que comprei na esquina outro dia. Cada dose te tirou um pouco de mim, e ao final do litro, nem conseguia dizer o teu nome. Talvez fosse bom, talvez eu realmente quisesse que você evaporasse junto com cada um daqueles tragos de cigarro dos tantos que dei. Talvez você já tivesse evaporado, se misturado com o ar, talvez eu só não soubesse.
Algumas horas eu penso em te deixar, em outras dessas eu não vejo muito futuro sem você. Meu pensamento é como uma bola, e você, um jogador empenhado, daqueles que são realmente bons. Você chuta uma vez, duas, três, de novo e de novo, enquanto tudo se agita por dentro, enquanto tudo se mistura e nada mais fica estático. É sempre assim quando te vejo, já percebeu? Meus olhos vidram nos teus castanhos vivos, nas tuas órbitas que parecem querer juntar-se as constelações que estariam ali, acima do mar. Você também ama o mar não é? Te ouvi dizer isso uma ou duas vezes, não lembro. Guardei comigo só o que considerei importante, todo o resto foi descartado, junto com tudo que me lembrasse você.
O teu "adeus" me perfurou a carne, como uma furadeira entrando por meus órgãos e me causando hemorragia em cada um deles. Um sangue imperceptível e coagulante que a ti pouco importava.
"Espere por mim", você dizia em meus sonhos, e neles, você realmente vinha, mas a vida real não funciona assim. Meu sangue se infectou por todas as manchas negras causadas pela nossa separação, meu corpo desidratou por todas as lágrimas derramadas em teu nome. E minha cabeça girava, minha boca, seca e meu sorriso, sem vida. Este e aquela, antes se iluminavam ao te ver, emanavam uma luz quase tão ofuscante quanto tua própria presença.
Se meus sonhos pudessem se tornar realidade, meu peito agora não doeria, minha voz não falharia, minhas pernas não estariam a fraquejar. Se aquela praia estivesse comigo, meus pulmões teriam o mais puro ar, poderia vislumbrar as estrelas, e te ver acima de mim, em cada uma delas. Já que não posso, essa tarefa cabe a ti e somente a ti. Quando vir as estrelas, quando for à praia, lembre-se de mim uma vez ou outra. Lembre que te amei um pouco mais a cada dia, até perder o controle por completo de mim mesma. Lembre que seu rosto, seu sorriso, seu abraço, são as melhores coisas que eu já experimentei nesse mundo, que tu fostes meu abrigo nos tempos de tempestade, minha calmaria em meio ao nevoeiro, e agora tem minha vida em suas mãos.
Eu, carbono, ei de me decompor logo mais, você, com seu desamor seja feliz pela presença que te invade, vais e não magoe ninguém mais...
Thaylla Ferreira {31/07}
Ironia da Vida!
Eu tentei me afastar para não sofrer, mas o irônico é que sofri demais, ainda por causa da distância...
Claro que ele tem segredos, não posso culpá-lo, eu também escondo algumas coisas dele, dói um pouco, sabe? Ele conta coisas para suas outras amigas, que eu não tenho conhecimento e vice-versa.
Só que o problema é que me apeguei demais, acabei colocando sentimentos demais nisso tudo, sabe?
Ele era tão legal, divertido e cativante.
Virou meu irmão postiço e eu realmente o amava como se fosse!
A grande ironia da vida.
Parece que ela aproxima a gente de certas pessoas e depois acaba desmoronando nosso coração...
A ironia da vida é acabar com os sentimentos das pessoas mais sensíveis e inocentes, ele parece estar feliz, parece não sentir minha falta, essa é a pior parte.
Fui dura e grossa com ele, tentando cortar nosso elo, mas na minha cabeça eu tinha uma ilusão, pensei que você não fosse desistir de mim tão fácil.
Achei que você se importaria a ponto de tentar reconquistar nossa amizade, bom, foi mais fácil e também mais difícil, eu me negava a acreditar, eu tinha tanta certeza de que você sentiria minha falta e, quando isso acontecesse, você ia largar tudo, as amizades erradas, as coisas erradas, tudo!
E quando isso não aconteceu, meu coração mais uma vez se quebrou e eu fiquei ali, sofrendo sozinha, sem meu irmão pra me consolar, eu sei que você ainda é o mesmo, bem lá no fundo, você não mudou, seu coração ainda é bom!
A minha única pergunta é: por quanto tempo ele vai ser bom?
Será que, quando você perceber, não vai ser tarde demais?
Que falta você me faz...
Você se foi, nem se despediu, deixou um vazio enorme em meu peito, que dói, como se tivesse uma faca apunhalada. Quantas coisas eu gostaria de te ter dito pessoalmente, quantos abraços e beijos que ficaram pra depois. Nunca imaginei que fosse doer tanto, como eu te amei, como eu te amo, esteja onde estiver, espero te encontrar em breve, com aquele sorriso largo e fácil. Te amo eternamente. ❤
A morte para muitos significa o fim de tudo. Mas, para os que perdem a quem tanto se ama, é apenas o começo de um amor incondicional, de uma saudade incontrolável, de uma alegria nas lembranças do passado, uma esperança de reencontro. Amor sem medida, um amor além da vida.
Desculpa se te magoei, desculpa se me magoei, mas me desculpe principalmente por não me arrepender de nada. Não me arrependo dos sorrisos que me roubou, das confusões mentais que me causou, das confissões que a ti fiz, dos ciúmes que nunca te confessei, das brigas terminadas em beijos, das brigas terminadas em lágrimas.
Me perdoe por não querer voltar no tempo e concertar, me perdoe se não mudaria uma vírgula. Me perdoe se eu tinha mais dúvidas que respostas. Me perdoe por sem querer me apaixonar. Na verdade, quer saber? Não, não me perdoe por nada. Não perdoe os beijos que eu te dei, não perdoe as palavras a ti atiradas, não me perdoe pelas músicas compartilhadas, não perdoe as conversas terminadas no ritmo do nosso sono, não perdoe os nossos momentos a frente do mar trocando sorrisos, não perdoe nossos olhares confidentes e jamais me perdoe por aparecer, por sumir, por simplesmente me fazer presente. Não perdoe as críticas que a ti fiz. Não, não perdoe, pois não me arrependo. Tudo que fiz estava sã, tudo que demonstrei estava ciente das consequências, tudo que falei estava perfeitamente concentrada em teus olhos para proferir todas as palavras que saíram de minha boca, todos os beijos que te dei foram perfeitamente doces e acompanhados do consenso, então, porque me arrepender dos 5 segundos mais duradouros dessa nossa história?
Me desculpa, mas de alguma forma eu achei que precisava te dar uma explicação, eu fui embora da sua vida e você já deve ter percebido (espero que sim). Escrevi para te dizer que o amor que um dia eu senti, fez as malas, pegou uma carona até a estação e entrou no primeiro ônibus que viu pela frente, sem sequer ler o destino. O amor foi embora, eu meio que mandei ele ir, a gente brigava sempre e a convivência já não estava fácil, mas não posso mentir que me doeu, eu até sai na porta, o vi pegar uma carona e desaparecer no horizonte. É isso. O amor acabou. No dia em que ele foi embora, eu acordei mais cedo, troquei as cortinas e os tapetes, pra disfarçar todo o estrago que ele tinha feito, coloquei uma musica calma para tocar, comecei a ler um ou dois livros, adotei um cachorrinho abandonado, voltei a ver desenhos e tomar sorvete. No dia em que ele foi embora, nem doeu tanto, a vida não estava fácil junto dele, eu cantava mais sozinho que cantor solo uma musica pra dois, as brigas eram inevitáveis, a gente sempre quebrava muita coisa e num dia desses eu acabei por me quebrar também, mais ele se foi e agora canto sozinho e sem plateia, em cacos espalhados pelo chão do quarto. No dia em que ele foi embora, agradeci a Deus pela paz, alguns minutos depois culpei o senhor por tanta solidão, era ruim com ele e é pior sem ele agora, decidi guardar as fotos numa caixa em cima do guarda-roupa e quis me guardar junto delas naquela caixa para ver se voltava naquele tempo, o amor foi embora e levou tudo o que tinha, levou parte de mim também. Sempre sobra comida, com ele aprendi a cozinhar pra dois e agora sobra arroz, feijão, beijos, abraços e lagrimas. No dia em que ele foi embora, fiquei sem saber o que fazer, o tempo não passava ou quem sabe o dia dobrou de tempo, e mesmo sabendo toda a dor que ele causava eu o quis de volta, os socos na boca do estomago e os nós na garganta e os cortes na alma nem doíam tanto, dói mais essa solidão que ficou depois que ele foi embora, a TV perdeu a imagem e o som, a agenda de contatos estava cheia de nomes e vazia de corações amigos, a internet caiu e ar ficou emperrado no mínimo ou talvez fosse toda a minha frieza se manifestando. No dia em que ele foi embora, eu aprendi a dor de desejar que não fosse mais do que um pesadelo, pobrezinho, amarrou uma trouxinha nas costas e seguiu sem olhar pra trás, talvez quisesse evitar meus olhos cheios de água que pediam perdão, minha boca num sorriso forçado que por dentro era ilusão, minhas pernas bambas que me impediam de dar um passo sequer para mudar alguma coisa, o amor não olhou pra trás, ainda bem, ele tinha o dom de me ver por dentro e naquele momento eu era ruína, poesia sem rima, canção sem som, eu era fim e ele era a continuação, a minha reticencias que foi embora e me deixou em ponto final. No dia em que ele foi embora, todo o tesouro do mundo seria dado em troca para que ele voltasse, mais eu não tenho muito, só umas moedas no bolso e muito vazio no coração, o mais triste de tudo talvez seja isso, o amor foi embora e não deixou lembranças. Alguém, não me lembro quem, disse que o viu embarcar em um ônibus diferente, daqueles que não levam gente e não tem destino final. Se um dia você o ver, perambulando por ai, me faça um favor. Diga que o quero de volta, porque o amor foi embora mais eu ainda o amo muito.