Falecimento
Que o tempo faça sua parte
Que a dor aos poucos se afaste
Que reste somente saudade
Do que na verdade
Não podemos continuar
Mas sempre poderemos lembrar!
A saudade faz lembrar aqueles que nunca poderemos esquecer. Um dia chegaram trazendo felicidade e partiram deixando imensa saudade.
Cada um traz consigo uma saudade. É como uma bolsa a tiracolo, com o peso das coisas que a gente não disse.
Eu entendo que às vezes falar da minha saudade incomoda. Mas entenda que levo comigo uma saudade sem fim. E só vai compreender quem realmente gosta de mim.
A saudade, ainda que no seu alto grau de intensidade, não tem a força necessária para mostrar às pessoas o quanto elas foram importantes para nós. Por isso, tudo deve ser dito no momento certo, até porque não sabemos ao certo se teremos a oportunidade de dizer.
E quantas vezes já fomos dormir a soluçar, quantas vezes com o coração apertado de saudade e o pensamento lotado de porquês fomos dormir, desejando talvez não acordar? Afinal que graça há em outro dia sem aquele que amamos tanto. Quantas vezes você somente desejou que tudo não passasse de um pesadelo de um sonho ruim?
Mas acredite em tudo... todo tempo Deus esteve ao seu lado, ele enxugou cada lágrima que você derramou. Não é nosso... nada neste mundo é nosso. Deus nos empresta por tempo indeterminado as pessoas que amamos. De repente... acredito que Deus sinta saudade e recolhe para seu jardim. Quantas vezes em nossa dor e sofrimento julgamos que Deus seria um ser injusto e mesquinho. Pecado? Não! É apenas o momento em que nossa dor nos cega e não enxergamos nada além de saudade. Nossos olhos transbordam de lágrimas e não nos deixam enxergar nada.
Saudade é um sentimento que nos exige por inteiro sem trégua, saudade é um preço caro que o amor cobra quando não se pode tocar, sentir, amar... Amar depois do fim é inevitável. Quando parte alguém o amor fica até depois do fim, pois é impossível esquecer o que é inesquecível.
Em meio a toda esta saudade, paro para pensar em você. No quanto te amava e o quanto me faz falta.
E nesta mistura de sentimentos me sinto culpado, e procuro culpados, algo que justifique tanta dor e sofrimento. Percebo que por mais que queira alguém ou algo para me agarrar, para justificar tudo isso simplesmente não há! A morte não é justificável, não é consolável. Nunca, nada, nem ninguém substituirá você.
Hoje a saudade bateu mais forte!, Meus queridos que já se foram, eles repousam em Deus, aguardam o chamado para resurreição, o sofrimento, para eles já não mais existe, e sim nos nossos corações, porque a saudade é uma constante, ela não nos deixa descansar, ela é sutíl, insistente, para ela, o remédio é treinar nossas lembranças, para coisas boas,e alegrias que compartilhamos juntos, em vida!
Saudade é aquilo que nos mata, ao passo que nos mantém vivos... é um paradoxo doloroso... (Anderson C. Sandes)
A saudade dos que partem, não é tanto pela distância ou pela ausência, mas porque um dia estiveram tão perto e tão presentes
Perdoa a fraqueza dos meus olhos
Que teimam e transbordam de saudade de ti!
Perdoa o meu não querer tantas coisas, a falta de vontade
Por que tu não estás mais aqui!
E quando os meus olhos se fecharem distante e
Depois se abrirem perto de ti
Permita que em teu colo eu tenha um doce descanso!
Ave Maria
Quando tu vai,
a saudade chega e aperta,
mais do que aperta em saber que tu tá longe.
Quando tu vai,
meu coração se fecha
Até que chamo,
Mas ele nem responde.
E pra abrandar teu sumiço,
Rezo pro meu padrinho padre Ciço,
Pra afastar essa tua falta.
E quando tu chega,
faço dos teus braços, meus,
Do teu abraço,
o meu deus,
A ele entrego minha devoção.
Nessa vida de nordestina bruta,
Nem Maria Bonita atura,
Tem dias em que sou o cão.
E ainda assim tu me aguenta,
Foguenta.
Aproveita e fermenta essa nossa paixão.
Porque no teu carinho me vejo inteira,
Da tua vida eu sou prisioneira,
A quem interessar digo,
Não me alforrei não!
E se for castigo,
Tu têm sido meu pecado e minha perdição.
Mas me prenda em teus braços
Que eu digo ao delegado,
Seu doutor,
Não quero libertação!
Thaylla Ferreira Cavalcante
Lembrei, com saudade, dos Jarlich, três irmãos gêmeos, negociantes estabelecidos, com negócios de jóias, na Rua da Conceição, quase em frente a prefeitura. Se eu não me engano, Crisólita era o nome da loja. Quando eu ia lá com meu avô, era, na época, uma das melhores do ramo da cidade. De origem judaica, esses negociantes, extremamente simpáticos, gozavam de um vasto círculo de amizades grangeadas nos longos anos de comércio que exerceram com muita capacidade. Delicados ao extremo, lembro que, sorridentes, bastava conhecê-los para que uma amizade tivesse início. Sua freguesia era certa no ramo de jóias. Entendidos no assunto, honestíssimos, não eram como donos da H Stern ou Sara Jóias com a família Cabral. Vendiam a prazo, contou uma vez meu avô, muito antes dos serviços de proteção ao crédito (SPC) o que demonstra o alto grau de confiança que depositavam nos fregueses, mais selecionados pelas amizades do que, propriamente, pelas informações que pudessem obter em qualquer ficha cadastral hoje tão prática. A Crisólita, ou melhor, a calçada fronteira à loja, era o ponto obrigatório de todos os amigos e colegas do comércio dos irmãos Jarlich que, ali, às primeiras horas da manhã, iam provocar os parceiros infalíveis, para uma partida de "porrinha" valendo café. Nesses encontros não falava-se em política internacional. Isso porque, os parceiros, sem que houvesse acordo nesse sentido, sabiam que não seria conveniente qualquer comentário ou opinião sobre a luta travada entre árabes e judeus. Ainda mais sabendo que Hajjat e outros patrícios árabes evitavam comentar sobre a luta na qual os judeus levavam nítida vantagem na ocasião. Essa, aliás, é uma das características da comunidade niteroiense no que tange ao relacionamento de estrangeiros lá residentes. Como é natural, todos têm suas religiões, clubes e festejam suas datas festivas tradicionais, mas, uma coisa é certa, jamais deixam de cooperar juntos pelo progresso de Niterói. E, o que é mais importante, o conceito social de todos eles é dos mais respeitáveis e sempre nivelados pelo trabalho honesto e pelas atividades executadas nos clubes de serviços e em obras sociais diversas. Amam suas pátrias de origem, como não podia ser de outro modo, mas, sem dúvida, há em todos eles e em seus descendentes um demonstrável amor por Niterói, onde vivem, crescem e terminam seus dias. Mas, voltando à reunião habitual pela disputa do café, os anos foram passando e consolidando cada vez mais, a amizade entre os componentes da roda, até que, um dia, um dos irmãos gêmeos, o Isaac, morreu. Foi como se num tripé faltasse um dos apoios. Os sobreviventes sentiram demais a perda. Não eram mais os mesmos. Vislumbrava-se, agora, nos seus semblantes, a marca triste das perdas irreparáveis. Não passou muito tempo, Moysés, o segundo irmão, partiu também para o eterno descanso. A ruptura deste vínculo fez desaparecer no sobrevivente o sorriso que, antes, era o traço marcante da sua fisionomia. Taciturno, já não sentia prazer em conversar com os amigos e a impressão que nos dava era o desânimo. Até que um dia, Germano também foi se unir aos irmãos, deixando um vazio imenso na roda que, com o tempo, foi-se desfazendo pelo mesmo motivo, a morte. E lembro o meu avô dizer: "Meu neto, quando você for mais velho, vai começar a ver as pessoas indo embora." E não deu outra. Já um pouco mais velho, fui vendo, ao lado do meu avô, o Serrão, da casa de ferragens, Souza e Carvalho, os banqueiros, Hajjat, da camisaria Sul América; e outros mais, indo embora, até que chegou a hora mais difícil: ver também o meu avô, meu ídolo, partir. Devem estar hoje em qualquer plano do espaço, fechando as mãos com os três fósforos, disputando qualquer coisa sem valor com os irmãos Jarlich, os saudosos companheiros da disputa do cafezinho matinal. Nós, que ficamos apenas com saudades deles, não podemos deixar de reconhecer que, no fundo, a morte não é tão ruim. A chatice dela está no vazio que provoca, quando arrebata, sem apelação, pessoas que amamos. Os Jarlich deixaram saudades. Homens assim fazem falta à comunidade. Eles, sem dúvida, contribuíram para o progresso de Niterói. Sua loja primava pelo bom gosto. No gênero, em certa época, foi das melhores em instalação, e, inegavelmente, é uma forma eficaz de ajudar uma cidade, dando-lhe vida, através de um estabelecimento comercial bem montado e sortido. Niterói que possui, hoje, nesse gênero de comércio, vistosas e excelentes lojas, que tanto contribuem para o seu progresso como a Gran jóias, dirigida pelo Antônio, a Garbier, da propriedade do Alberto, a Jóia Niterói Ltda, sob a direção do Salomão, não pode esquecer dos irmãos Jarlich que alinhavam a competência comercial ao bom gosto uma excepcional capacidade de fazer amigos. Mas uma amizade que, sem dúvida, passava longe da amizade desses novos empresários de jóias com a família Cabral. Saudades dos irmãos Jarlich.