Falecimento
O caso envolve muitas pessoas, pessoas com muito a perder! (...) Só podemos confiar em pessoas que conhecemos!
Fosse manhã ou noite, sexta-feira ou domingo, era tudo indiferente, o que havia era sempre o mesmo: uma dor surda, torturante, que não sossegava um instante sequer; a consciência da vida que não cessava de afastar-se sem esperança, mas que ainda não partira de todo; a mesma morte odiosa, terrível, que se aproximava e que era a única realidade; e sempre a mesma mentira. Para quê então os dias, semanas e horas do dia?
Mas o que é isto? Para quê? Não pode ser. A vida não pode ser assim sem sentido, asquerosa. E se ela foi realmente tão asquerosa e sem sentido, neste caso, para quê morrer, e ainda morrer sofrendo? Alguma coisa não está certa.
Tudo aquilo de que viveste e de que vives é uma mentira, um embuste, que oculta de ti a vida e a morte.
E sozinho tinha que viver assim à beira da perdição, sem nenhuma pessoa que o compreendesse e se apiedasse dele.
Sempre o mesmo. Ora brilha uma gota de esperança, ora tumultua um mar de desespero, e sempre a dor, sempre a dor, sempre a angústia, é sempre o mesmo.
Não podia mentir a si mesmo: acontecia nele algo terrível, novo e muito significativo, o mais significativo que lhe acontecera na vida.
A vida, uma série de tormentos em crescendo, voa cada vez mais veloz para o fim, para o mais terrível dos sofrimentos.
Procurou o seu habitual medo da morte e não o encontrou. Onde ela está? Que morte? Não havia nenhum medo, porque também a morte não existia.
Em lugar da morte, havia luz.
A terra não é suja como a nossa vida
E vocês tratam a morte como se ela fosse algo ruim.
Mas ela não é.
A Nossa vida aqui que é ruim.
A morte é só a despedida desta vida insone
Balda e degregada
E o que dói
Não foi em quem morre ou parte
Dói em quem fica.
A morte não é ruim porque a saudades
e o egoísmo existem.
Quando todos partirem,
Não espero que nenhum de vocês volte,
Muito menos espero voltar também.
Deixem a vida para trás, para baixo e para a Terra.
Deixe a vida para os animais que realmente a merecem.
A morte é a sustentabilidade da vida pelo seu inverso
tentando restabelecer a ordem
deste mundo quase perdido.
O Homem é humos
E não precisa ser mais.
Já plantou uma semente no corpo para ver como nasce?
O homem é melhor que esterco só isso.
Não conheço outro jeito de salvar o mundo
Se não, não estando aqui.
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Ao título deste poema
Não insista
A Vida não é sobre nós.
www.jessicaiancoski.com
Você não entende muito bem o que é a morte, até entender o que é a vida.
Até entender que fama ou anonimato, riqueza ou pobreza, beleza ou feiúra, bem ou mal, não fazem a menor diferença.
Um dia você acorda, segue sua rotina normal e de repente algo acontece. Uma tempestade, um mal súbito, uma bala perdida, um cadarço enroscado, um sinal vermelho ignorado.
Sempre há um motivo por trás de um adeus.
Talvez a desatenção em olhar o sinal, talvez a tentativa de salvar outra vida, talvez o desejo em realizar um sonho, talvez a pressa, talvez uma doença, talvez o sono, talvez um amor.
Nós nunca saberemos sobre os minutos e os segundos que antecedem um adeus. E é por não compreender a partida, que dizemos apenas: "Vá em paz... Vá com Deus".