Fale de sua Aldeia
depois de tantos momentos de luta o Brasil nunca deixou de ser uma aldeia a momentos que nos frustra mais somos filhos de mãe solteira
A bruxa e o sátiro
Era uma vez, uma aldeia encantada,
Santa Adelaide era chamada.
Lá habitava uma bruxa de cabelos verdes,
Que não queria ser encontrada.
Logo foi achada,
Por um sátiro flautista, encontrada.
Quem diria que um dia a pequena bruxa estaria apaixonada?
O sátiro admirava as estrelas,
A bruxa o mar.
O sátiro amava a música,
A bruxa cantar.
Toda história de amor tem um final feliz,
Mas desta vez o destino não quis.
O sátiro se foi, prometendo voltar,
Quando voltou, sua bruxa não estava lá.
Pois é, agora com o Coronavírus nós notamos que nossa planeta realmente é uma pequena Aldeia, principalmente nesse momento globalizado. Nenhum ser humano na Terra poderá escapar se dela não tomarmos conta, tanto da sua natureza, tanto dos abusos exagerados civilizatórios que estamos vivenciando que poderá causar todo tipo de tragédias. Temos que ter consciência que mais vale uma árvore do que "desenvolvimento" que nunca leva a nada, apenas a montes de lixos enferrujados...
Aldeia de Menino
Na aldeia, perdida no alto monte,
estreitada num vale verde,
rústica de odores matinais.
Meu olhar vagueia no horizonte,
limitado de céu e se perde
em mil sussurros de adágio.
Aldeia de fragrâncias naturais,
de cores divinas matizadas:
os verdes, os amarelos, os laranjas…
Os fumos do lar em espirais
voam como danças orquestradas,
pelo vento, em farrapos e franjas.
Minha alma rejubila feliz,
livre da escravidão de amores
inventados por cruel nostalgia;
Meu corpo, renova, qual petiz,
sangue, lágrimas, suores...
Esvai-se em vida de rebeldia.
Minha boca sorri, desabrocha
líricos de louvores eternos
à natureza pejada de vida;
Minha boca grita e desbocha
canções, desafios de infernos,
toada monocórdica perdida...
Desculpai aves, desculpa rio,
por quebrar as vossas melodias,
desculpa vento por seres arauto
do meu patético desvario.
Desculpai, cedo virão calmarias
para vós e dores para mim, incauto...
Na aldeia, meu paraíso real,
liberto do mal, perdido de mim,
sou menino travesso, sorrindo...
Por irmãs e por irmãos, afinal,
tenho a rosa, o cravo e o jasmim,
que me acenam - sinto-me bem-vindo!
CONTO DE NATAL
Era uma noite fria e escura
Numa aldeia perdida ou talvez esquecida
Em Trás os Montes
Vivia uma menina sonhadora e pobre
Morava com os pais e com os seus irmãos
Era uma noite da década de 74
Às portas da guerra da independência
Que viria muito brevemente a acontecer
Mudando-lhe a vida e marcando-lhe para sempre
Era a noite de Natal não havia presentes
E muito menos a árvore de Natal
Ou o Presépio, mas havia alegria e amor
Os pais davam muito carinho aos seus filhos
Mesmo sem a árvore de Natal e sem presentes
Contavam-se histórias à lareira, o riso era constante
Foi uma noite que nunca mais esqueceu aquela menina de dez anos
Numa noite fria e escura mas quente no seu coração
Era a noite de Natal fria e gelada numa aldeia em Trás-os-Montes
Acendam-se as velas!
Alumía a candeeia!
Aí dormiam elas
Numa casa da aldeia.
A luz faltou
Não sei o que fazer,
Preocupado estou.
Mas vamos escrever!
Caneta, papel e imaginção
À luz da vela reunídos.
Oh, que satisfação!
Despertai os meus sentidos!
Sentidos despertados,
Pela alma da chama,
Transparecem no papel
Através de quem ama.
Que te digo eu?!
A cera derrete pelo tempo vão.
O que me alegra é somente o teu...
O teu coração no meu coração!
"À luz das velas" - Guilherme Pereira (19.12.2019)
MORADA DA ALMA
A aldeia Vilarinho de Negrões,
Visual Bucólico colossal,
Colírio aos olhos e corações
Uma bela joia de Portugal.
Um lago azul a banhá-la,
Onde o sol, espelha n'água ,
Difícil alguém não amá-la.
No âmago da própria alma.
Tudo bem posto e ordenado,
Na mais brilhante singeleza,
Qual fosse um quadro pintado,
Pelas mãos da Mãe Natureza.
Lá não há como sentir medo.
Parece um conto de fadas,
Um regalo da vida e sossego.
Onde a alma descansa e faz morada.
Em suma, pode-se afirmar,
No tempo a paisagem resiste,
E jamais há se duvidar,
Da prova de que Deus existe.
ALDEIA ESQUISITA
Aquela aldeia
Cheia de cubatas e sereias
Marcou-me para sempre
De esquisitos ensejos, a minha mente
Mente que gere a poesia do cassule
Naquela aldeia esquisita
Ao ver aquelas areias
Banhadas pelas águas dos rios
Pequeníssimos como as lágrimas
Me escondi daquele presente de tempo maldito
Onde o Jacaré a beira do rio
Parecia até sentir frio
Só depois entendi que era próprio
Porque estava num local frugal
E tão sóbrio como Portugal
Naquela aldeia esquisita
Bem debaixo da árvore
Ao cantar dos pássaros
Acalmei minha alma
Abracei meu poema
E escrevi minha letra naquela – mal ou bendita e esquisita aldeia
Aldeia em que os peixes eram negros de pretos espinhos e grossos ossos
Cuja morte na panela de barro do branco negrado
Era um sonho de barcos brancos do mulato pretado
Aldeia aluaziada pelos faróis da noite
Onde escondia-se o branco negro sereiado de barro a beira do rio do peixe burro cacussado
Camarote na Aldeia:
Eu morei algumas vezes de frente para o mar e também para jardins e áreas verdes. Por último, agora mudei para um apartamento no terceiro andar e vejo um mar de tetos de casas residenciais, copas de algumas árvores em ruas ainda não verticalizadas, que colorem a cortina de vidro da minha nova sala. Ao fundo, o que seria mar ou montanha, vejo arranha-céus.
Todas as manhãs ouço galos e o som das maritacas, que invadem o meu quarto e se vou até a janela, posso ver também os gatos, espreguiçando-se sobre os telhados.
Eu não sei como cheguei até aqui, mas posso dizer que a vida me deu um camarote na Aldeia, ou melhor, na aldeota.
Sim! Eu sou desses que transforma qualquer coisa à sua frente em algo belo só com o olhar. Por isso já fui tão desafiado pela vida. Ela confia no meu "taco".
Fico olhando o teto das casas e imaginando o que tá rolando ali embaixo, a chuva de emoções, sonhos, fantasias, tesões palpitantes sobre as camas ou pias da cozinha e até mesmo pessoas lavando pratos.
Quando as folhas das árvores balançam com o vento eu fico procurando pássaros: deve ser incomodo estar no galho na hora do vento. Tem que ter equilíbrio para não cair, já que os pés dos pássaros são tão pequenos, não é mesmo?
Ah! Tinha esquecido: Tem uma igreja bem ao fundo, já próximo da barreira dos prédios, um pouco longe, mas todos os dias da para ouvir na hora do "Ângelus" vespertino um fundo musical sacro, às vezes, Ave Maria! Mas sempre instrumental...
Quando chove eu vejo a água escorrer pelas ruas ou pelos tetos das casas, os galhos molhados das árvores, aves mudando de galho...
E antes, eu que achava poético o curto cenário das varandas da praia, limitado a pessoas no vai e vem do calçadão, o mar batendo na areia e em linha reta ao fundo, mas agora, agora eu vejo e sinto essa riqueza de vida pulsante longe do mar.
Aldeia da minha ilusão.
Na aldeia da minha ilusão,
Oh! Ilusão calorosa e desconhecida,
Dentro desse vilarejo,
Existem palhoças cobertas com folhas verdes,
Um telhado extra natural,
Em uma delas eu durmo e me refaço,
Um aconchego que me completa,
É um paraíso inimitável,
Ao redor contém uma lagoa,
Água limpa que reluz com o prateado do luar,
A euforia lá prevalece,
Uma sensação de liberdade,
Um sonho que tanto desejei,
Com sabores do campo que me trás felicidade,
Um presente que me deram,
Uma vida de paz de verdade....
Autor:Ricardo Melo.
O Poeta que Voa.
Enquanto seguiam de canoa entre uma aldeia e outra, um jesuíta catequizava o indio que o conduzia pelas águas calmas de um rio caudaloso, mas, a certa altura, inesperadamente o barco começou a fazer água e afundou...
O indio nadou rapidamente para a margem e se salvou, já, o jesuíta, que não sabia nadar, acabou se afogando...
Moral da história:
Muitas vezes, o muito que sabemos não é nada quando comparado ao pouco que o nosso próximo tem a nos ensinar...
O PODER DO AMOR
Em um mundo julgador, havia uma mulher, líder de uma aldeia. Ela não julgava roupas, aparências, estilos musicais e tantas outras coisas superficiais que o mundo afora apontava cruelmente. Como era bom estar ao lado daquela mulher; todos queriam visitá-la. Com ela, eles se sentiam bem para serem que são, pois sabiam que não haveria julgamento. Ali não existia idolatria! Eles simplesmente amavam aquela companhia, que por sua vez, amava os amar.
Um dia ela se foi, mas seu amor ficou no coração de cada um que a visitava frequentemente; esses, honraram a sua morte abraçando o mundo, assim como ela o abraçava.
CONTO DE NATAL
Era uma noite fria e escura
Numa aldeia perdida ou talvez esquecida
Em Trás os Montes
Onde uma menina passava o seu primeiro Natal
Depois de chegar de África (Luanda)
Era tudo novo, diferente, frio, escuro
Ela que tinha vivido com sol, calor, praia
Sentia-se perdida num mundo, para ela diferente
A casa dos avós até era muito acolhedora
Mas ela sentia falta da sua casa
Do seu quarto, da sua escola, de tudo
Em casa dos avós, o colchão era de palha
Tinha um cheiro muito esquisito
Lá vivia uma menina sonhadora
Morava com os pais e com os seus irmãos
Era uma noite fria
Às portas da guerra da independência
Que viria muito brevemente a acontecer
Mudando-lhe a vida e marcando-lhe para sempre
Era a noite de Natal não havia presentes
E muito menos a árvore de Natal
Ou o Presépio, mas havia alegria e amor
Os pais davam muito carinho aos seus filhos
Mesmo sem a árvore de Natal e sem presentes
Contavam-se histórias à lareira, o riso era constante
Foi uma noite que nunca mais esqueceu
Aquela menina de dez anos
Numa noite fria e escura, mas quente no seu coração
Era a noite de Natal fria
E gelada numa aldeia em Trás-os-Montes
Passada em casa dos meus avós numa noite de Natal.
Luminária à Senhora da Orada -
Na aldeia é noite escura,
não se vê quase ninguém.
Mas no adro da Igreja,
vai de negro vestida, Marianita do Outeiro,
que junto à porta da capela
se ajoelha p'ra rezar
profundamente por alguém!
À porta da Igreja
põe um pote com azeite
com um trapo embebido,
qu'ilumina as tristes preces,
orações, rezas, pedidos,
da pobre viuvinha
com tantos anos já vividos.
E o adro da capela fica todo iluminado
parecendo um Sol de Primavera
qu'ilumina o tumulo
de Nosso Senhor Ressuscitado.
"-Oh Senhora da Orada, vinde abençoar,
proteger, encaminhar, este vosso povoadao!"
E de pé frente à capela
um'Alma simples, boa,
pedindo à virgem esta graça!
Que a Senhora da Orada se lembre dela
como o brilho d'uma estrela
que brilha no seu manto e nunca passa.
"-Oh Senhora das novenas,
oh Senhora dos pregões,
vinde ceifar todas as penas,
vinde salvar os Corações!
Acudi ao meu pedido,
ouvide minha oração,
escutai o meu gemido,
escutai o meu pregão!"
Marianita do Outeiro
cai por terra fervorosa,
rezando, frente à porta da capela
com tal força, devoção,
que ao longe, se escuta um trovão!
Assustada, nem se mexe!
De mãos postas, olhos fixos na Igreja, pede,
"-Nossa Senhora nos proteja!"
Abrem-se as portas de par em par!
A Senhora da Orada, sobre o altar,
de roxo vestida, de Luz adornada,
surge risonha, de manto a esvoaçar ...
E erguendo os olhos, levantando o braço,
sobre o Outeiro, traça no espaço,
o doce Sinal da Cruz!
E p'la madrugada fora
lá fica a luminária,
de Marianita do Outeiro
à Senhora da Orada,
junto à porta da Capela ...
(Recordando com Saudade a "Ti" Mariana Paias que, tantas e tantas vezes, durante a minha infância, pelo cair da noite, vi iluminar o adro da Igreja da Senhora da Orada no Outeiro (monsaraz) com as suas luminárias ...)
Alembradura -
Horas convulsas
da minha
aldeia!
Noites sem
Lua,
dias sem
Sol,
campos de
flores,
trigo e aveia,
tantas sementes
que o espaço
alteia ...
E um monte
de estevas,
ergue ao longe,
na umbra,
uma Terra audaz!
"- Ó menino,
tu não te
atrevas ir
sozinho a
Monsaraz!"
Dizia meu Avô!
Dizia minha Avó!
Montes e vales,
rochas traiçoeiras,
hortas e vinhedos,
cercas perturbantes,
bichos e cobras,
por aí, nas eiras,
onde eu andava
dantes ...
No Outeiro!
Na minha Aldeia!
Criança sem rumo,
pelo orvalho,
diziam meus Avós,
atormentados:
"- o menino
não levou
agasalho! ..."
E quando regressava
dessas voltas,
sempre, de meus Avós,
preocupados, escutava
um ralho!
E hoje, mais só,
que dura saudade!
Desse Tempo ...
Desse Espaço ...
De meu Avô ...
De minha Avó ...
Saudade que perdura,
nessa Casa da Infância,
nesta fria-alembradura ...
Essa sociedade não mudou nem um pouco. As pessoas que não se enquadram na aldeia são expulsas: homens que não caçam, mulheres que não têm filhos. Apesar de tudo o que falamos sobre a sociedade moderna e o individualismo, qualquer um que não tentar se encaixar pode esperar ser invadido, coagido e, por fim, banido da aldeia.
Poty Porã (microconto)
Numa aldeia guarani vivia triste um casal que não podia ter filhos. O pajé fez um ritual e lhes deu um remédio da mata. Tempo depois, nasceu a indiazinha Bela Flor, que a todos alegrou.