Fale de sua Aldeia
Sou de uma pequena província
que um dia já foi aldeia
onde os índios cariris
brincavam sob a lua cheia
e era o povo mais feliz do mundo!
Sou da Pilar do Norte
ou simplesmente Pilar.
Terra de José Lins do Rego,
mas também terra que Deus me deu
para nascer e crescer,
e para sempre amar.
E se foi o índio mais forte de nossa aldeia, se encontra agora dissipado entre as estrelas do céu. Meu tio amado, amigo e escritor favorito.
Se foi cedo demais por não ser compreendido, mas que será lembrado com carinho em meu coração.
A dor lateja no peito, tudo isso nem parece que é real.
Desde cedo aprendi que nada dessa terra vale a pena, tudo é passageiro e insignificante, tudo é vazio, nada aqui faz algum sentido e você nunca terá respostas.
Pessoas boas morrem cedo e sofrem com mais intensidade as dores da vida.
Não importa o que faça e nem pra onde vá, tudo aqui será trivial.
É na morte que vemos o quão insignificante é a vida de um ser humano, não importa como tenha vivido, não importa se amou ou se chorou, não importa seus estudos, diplomas e suas escolhas, não importa muito menos o caminho que seguiu, no final das contas tudo é escuro e solitário para todos.
Eu te amava muito, mesmo em meio as tuas loucuras, não esquecerei de cada conselho, conversas, escritos e livros, não me esquecerei das risadas, das artes e nem muito menos das pinturas, estais eternizado em minha mente e alma, porque coração nem sei se tenho agora. Para tio Etinho com amor de sua sobrinha favorita.
Eu desfrutei de uma vida privilegiada com que ninguém da minha aldeia nem sonha. Tenho um excelente emprego e tudo que se pode querer. Mas qual é o sentido disso sem amor?
Vamos brindar
com vinho verde que é do meu Portugal
e o vinho verde me fará recordar
A aldeia branca que deixei
atrás do mar
Esta é uma pequena lembrança de um passeio por uma aldeia no Congo,
onde encontrei meu amigo elefante...
A vida sempre nos reserva grandes surpresas, vamos saber como é,
como pode ser algo que podemos chamar de "A Grande Aventura da Vida",
algo que nem todos conseguem viver, mas vale a pena quando se sobrevive
a ela, ou então a outras ameaças que surgem de outros lugares...
Ósculos e amplexos,
Marcial
A GRANDE AVENTURA DA VIDA
Marcial Salaverry
O simples fato de estarmos vivos, já é uma aventura, uma vez que fomos concebidos em uma linda aventura amorosa. Vivemos 9 meses, a ventura e a aventura de estarmos agasalhados dentro do ventre materno, protegidos de toda a maldade humana, mas nossa mãe não estava. Se algo acontecesse com ela, aconteceria conosco. Já começava aí nossa grande aventura.
Na realidade, é fácil saber que desde o nascimento, sempre estivemos enfrentando uma série de problemas e crises, e se chegamos até aqui, é porque sempre conseguimos superar a todos esses problemas. Bem ou mal, de uma maneira ou outra, fomos ultrapassando barreiras, sempre lembrando que muitas vezes estivemos a ponto de desistir, de mandar tudo para o espaço, mas uma força interior, sempre nos conseguia impulsionar para frente, superando tudo aquilo que tentava bloquear nosso caminho.
Meu dileto amigo L’Inconnu, entregou-me um texto lindíssimo, que fala muito bem disso, e certamente apreciaria saber o autor desta maravilha:
"Você é uma aventura. Você existe, vive e se move no Infinito. Vastos recursos de energia, talento e habilidade afluem para sua vida. Você é um feixe de mistérios. Descobrir e conquistar a si mesmo é um trabalho para a vida inteira. Existem dentro de você ricos depósitos de minério esperando que você os explore. Você tem poder, o poder de modificar a si mesmo e modificar o mundo. O poder de criar planos, projetos, movimentos pelo bem estar comum. O poder de inspirar e servir. Há coisas incríveis dentro de você: livros a serem escritos, canções a serem cantadas, quadros a serem pintados, inventos a serem criados, remédios a serem descobertos, pontes e catedrais a serem construídas, verdades a serem reveladas, poemas a serem escritos, grandes obras sairão de você. Você é dono de sua própria vida. Você enfrentará todas as dificuldades com fé e coragem, imaginação e audácia. Você carrega no inconsciente, milhões de anos de experiência e sabedoria. Você está no ápice da evolução. Você provará sua criatividade, buscando coisas que estão além do seu alcance, superando a si mesmo. Enfrentará os contratempos com ânimo e disposição. Você seguirá em frente, pois como disse um mestre hindu: "Não há limite para o ser em desenvolvimento que está firmemente decidido a se expandir." Arrisque-se. Arrisque tudo que você é e tudo que você pode vir a ser. Amplie-se. Multiplique as formas pelas quais você pode contribuir para a vida."
Pouco se pode acrescentar a este texto, eis que efetivamente depende de nós mesmos estabelecer nossos limites, vendo até onde poderemos chegar. Na verdade, não existe limite para o conhecimento humano, salvo aqueles que nós mesmos estipulamos, e podemos constatar isso, tentando acompanhar o incrível desenvolvimento que vem ocorrendo na área tecnológica, e mais ainda na área científica, pois com certos problemas que vem acontecendo, os cientistas estão ampliando conhecimentos, buscando soluções para as vacinas que possam vencer essa coisa que apareceu...
Muitas vezes nos falta coragem para tentarmos aquele algo mais que nos dará condições para atingir determinada meta. Muitas vezes desistimos a meio de caminho, pois este começa a se tornar muito íngreme. Não nos faltou capacidade, o que nos faltou foi a força interna que nos empurrasse até lá. O que nos faltou foi a vontade, a garra, a pertinácia para ir buscar lá no fundo aquela luz que brilhava, mas não vimos...
Talvez nossa aventura seja uma pequena mudança, por exemplo, de Santos para o Congo, e lá viver 3 anos, aprendendo o que é a vida, vivendo-a a cada dia vivido, sem saber se seria o último. Sem duvida, uma aventura inesquecível. Eu não diria que foi necessário ter muita coragem, mas sim uma linda dose de loucura... E que linda loucura esteve nessa lição de vida. Aprendi como a vida pode ser bela, desde que saibamos vive-la, e consigamos sobreviver aos percalços que fatalmente surgem nesta caminhada pela vida, e "tudo vale a pena, quando a vida não é pequena", como disse uma certa Pessoa de muito talento...
Nossa aventura só chega ao fim, quando a vida acaba, e devemos vive-la até lá, entendendo que tudo é possível, desde que consigamos descobrir a capacidade criativa para superar os obstáculos que nos separam de nossos objetivos.
Esperando descobrir o autor do texto citado por L'Inconnu, e com minhas saudações congolesas, "Io kela mbote" que é o desejo, para todos, de UM LINDO DIA, que poderá ser repetido enquanto estivermos vivendo essa nossa Aventura...
A tristeza invadiu meu coração
Como um exército invade uma aldeia
Ainda não sei quem venceu
Ainda resisto ...
Mas não sei até quando
Meu Deus me ajuda
Marshall McLuhan disse que o mundo seria uma grande aldeia global. Nada disso: somos tribos planetárias.
Quanto maiores os meios de comunicação e de informação dentro de uma grande aldeia global, as pessoas ficam mais solitárias, selvagens e indiferentes. Parece que estes são os piores dos tributos a serem pagos pela avanço da telefonia celular e seus aplicativos e pelo mundo digital em suas múltiplas redes sociais de relacionamentos. As modernas tecnologias que inicialmente pensava se em um ser mais completo e verdadeiro para aproximação provocou por diversos usos anônimos abusivos, avatares distorcidos e fakes, um letal e criterioso distanciamento.
O mundo interligado fica cada vez mais sombrio e solitário.
Se dizem: Na cabana do índio tem fumaça e você vive na mesma aldeia,corra e prepare água pra sua antes que o fogo lhe atinja.
Minha casa era feita de palha,
Simples, na aldeia cresci
Na lembrança que trago agora,
De um lugar que eu nunca esqueci.
Meu canto era bem diferente,
Cantava na língua Tupi,
Hoje, meu canto guerreiro,
Se une aos Kambeba, aos Tembé, aos Guarani.
Hoje, no mundo em que vivo,
Minha selva, em pedra se tornou,
Não tenho a calma de outrora,
Minha rotina também já mudou.
Em convívio com a sociedade,
Minha cara de “índia” não se transformou,
Posso ser quem tu és,
Sem perder a essência que sou,
Mantenho meu ser indígena,
Na minha Identidade,
Falando da importância do meu povo,
Mesmo vivendo na cidade.
O Morgado de Selmes -
Houve outrora um Morgado
na bela aldeia de Selmes
um homem desalmado
que o povoado ainda teme.
Numa herdade fria, escura
vivia o tal Morgado
um homem sem ternura
sombrio e mal amado.
Montava o seu cavalo
pelas ruas da aldeia
era um nobre sem passado
que chorava uma plebeia.
Sua amada que morrera
por decreto do seu Punho
era jovem e de cera
fora morta ao mês de Junho.
Não gostava do Morgado
essa jovem doce e bela
e ante todo o povoado
fora morta p'la guela.
E o Morgado duro e frio
do alto do cavalo
dera a ordem que feriu
o olhar do povoado.
E a raiva e o horror
do Morgado se ressente,
sem lamento nem pudor
matava toda a gente.
Na fogueira sem piedade
tanta gente lhe implorou
e a arder nessa maldade
uma bruxa lhe imprecou:
" - Que esta morte vos dispa
a Vós e à vossa geração
e que uma maldição vos vista
até mil anos sem perdão! "
Mas um dia a Santa Igreja
fachada da Matriz
caiu e até Beja
chorou, Selmes, infeliz.
Era Ele do Santo Oficio
D. Manuel Nunes Thomaz
o Morgado que vos digo
era um homem perspicaz.
" - Que se erga outra fachada
a Catarina vossa Santa,
mas ao lado, minha casa,
ficará como uma anta!"
E ao lado da capela
construiu o seu jazigo
esperando p'la donzela
como sendo um sem abrigo.
Passa o tempo, passa a vida
morrem gentes, nascem outras
e junto àquela ermida
o Morgado mira as moças.
Qual delas era a sua
a que volta e o liberta
da maldição da rua
do jazigo à porta aberta.
Mas um dia emparedaram
o jazigo do Morgado
e o seu ódio despertaram
como outrora no passado.
E houve mortes, acidentes
tanta gente possuida
p'lo Morgado de Selmes
do jazigo e da ermida.
Até que a porta foi aberta
e o Morgado adormeceu,
no jazigo está à espera
da amada que morreu!
(Poema a D. Manuel Nunes Thomaz, Morgado de Selmes, Senhor da herdade da Rabadoa no Alentejo. Membro honorário do Tribunal do Santo Oficio (Inquisição). Um homem de poder, severo e cruel, frio e distante, apaixonado por um amor infeliz. Morreu em 1878, deixando, segundo a lenda, uma maldição naquelas terras. A maldição do Morgado de Selmes. Que descanse em paz, Ele que partiu, e nòs que ficámos...)
ELA
Café e tasca na aldeia.
Era sábado de cálido verão.
A noite teimava na ideia
De não querer o escuro
Como um muro
Que lhe tapasse a visão.
O poeta entrou e nada comunicou.
De pé, observou uma pintura naif
Escarrapachada
Na parede do café triste
E imaginou
E mais não disse
Mas sempre observando.
Eram só dois, para ele olhando.
Um ébrio, de pé e uma mulher sentada
Que dali a nada veio ter com ele, eu,
A perguntar se gostava da pintura
Da parede triste e abandonada.
Na conversa dela com o poeta,
Este correspondeu pela certa.
Falaram, cultivaram e quiçá divagaram...
No final, despediram-se,
Prometeram ficar amigos
Nestas coisas das redes sem trapézio,
As sociais redes de perigos
Que só vingam no mistério
De ser pessoa com mais artigos.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 07-08-2023)
Um homem criou um ícone de barro e obrigou todos da sua aldeia a adorá-lo.
Quem não o reverenciava, era desprezado, humilhado e agredido.
Quem quis quebrar o ícone, foi considerado inimigo mortal a ser exterminado.
Quando, finalmente, conseguiram quebrá-lo, ele criou outro.
O conhecido militante
de esquerda que foi
preso ilegalmente
na aldeia universitaria
ontem foi libertado,
A viúva
do Capitão-de-Corveta
que morreu de tanto
ser torturado
pede o direito
de enterrar o marido,
As visitas aos presos
políticos foram
suspensas sem aviso,
Em cada miliciano
e coletivo também vejo
rostos de filhos sofridos,
Há ainda muito
o quê ser esclarecido.
Insisto em saber
do General desaparecido.
Insisto em escrever
sobre a cada novo fato um registro.
Insisto em saber
se o General está vivo.
Insisto em dizer que por
cada verso eu me responsabilizo.
Insisto em saber
o porquê de tanto silêncio envolvido.
Tabsur
Na primeira aldeia a ser
abandonada por causa
do conflito os vestígios
dos mosaicos foram apagados
Não me fale porque mesmo
que você conseguir os meus
poemas atravessaram o mar,
e agora não vai mais adiantar.
Para tentar colocar no sótão
da História cada instante esquecido
em Tabsur foi por muitos vivido.
Não me desculpe
porque não vou parar
nunca mais de falar.
Grãos, legumes, melancias
e pepinos eram a colheita
na estonteante planície costeira,
e agora muita gente há de se lembrar.
Minha aldeia e dique!
Em ti fui criança!...
Sem ter, infância.
Quando, aos seis anos, vim de Monchique.
Meus amigos, oh Montes de Alvor!
Não foram, teus meninos, que me batiam,
Sem a Deus, terem temor!
Nessa escola, onde os gritos de Maria Emília, entoavam.
Mas meus amigos, foram:
As hortas, com as batatas…
E o milho, que meus pais, semeavam.
Montes de Alvor! Montes de Alvor!
Foram ainda, as tourinas vacas.
Sim tu aldeia! Dos meninos sem amor!
Havia um homem que habitava numa aldeia, denominada Montes de Alvor. Ficava situada no concelho de Portimão. Esse homem era agricultor tinha vacas, as quais ele tratava. Certa vez disse à sua mulher, que no próximo dia tinham que ir ao mercado do Odiáxere comprar um bezerrinho, para dar em adoção a uma vaca, que tinha parido. Ele pensara que a vaca podia muito bem criar dois bezerrinhos. No dia seguinte foram para feira de gado, levando a sua carroça com a mula, como meio de transporte. Compraram o bezerrinho e voltaram para casa, com o animalzinho, dentro do "carro de Besta". Quando vinham na estrada, encontraram outro homem a conduzir outra carroça. E nesta carroça ia um vaca atada atrás da mesma, do lado esquerdo do meio de transporte . Então o homem do bezerrinho vendo o que se estava a passar e temendo que um veículo a motor batesse na vaca, deu um conselho ao dono da vaca, "Amigo ponha a vaca no outro lado do carro, pois não é tão perigozo" O homem mudou a vaca para o lado direito da carroça. Entretanto o homem do bezerrinho passou à frente, mas mais à frente voltaram a encontrar-se. O que tinha dado o conselho perguntou ao outro " Amigo foi bom o meu conselho?" O outro respondeu: " Sou do concelho do Odemira" O homem do bezerrinho nunca esqueceu esta história "do concelho do Odemira" , sempre que recordava, recordara também o muito que riu quando o outro não entendeu o que lhe foi perguntado.
Mário Dias
LUZ DAS ESTRELAS
Certa feita estive numa aldeia.
Lá me deparei com uma menina,
Sua fome me olhava atentamente.
Tinha o nome de luz das estrelas.
Seu pai não se sabia e sua mãe não vinha.
Perguntei-lhe se sonhava. Disse-me que não.
Mas que quando deixasse de ser miúda,
iria ser médica para cuidar das pessoas e dos que vão nascer.
Você sabe o que é poesia?
Não, não a conheço, interpelou-me rapidamente.
Poesia é feita pra gente?
Passei a visitá-la.
Numa manhã que chovia, nova indagação.
Do que você gosta? Prontamente me disse:
Gosto de comida, de escola e de brincar de casinha quando faz frio.
E vou lhe confessar algo.
- Também brinco de agarrar nuvens com as mãos
Carlos Daniel Dojja
Para Luz das Estrelas, em Angola.
Letra musica...Aldeia (tom A). Quando você voltar na minha aldeia. Vou te esperar perto do mar. E na terra uma fogueira- pra ver você chegar. O vento varre a estrela na areia, esperando o seu pé pisar. Quem é apaixonado faz poema- pra você rir e brincar. Diz aqui pra gente ser feliz. Hoje até o dia de partir. Sei que saudade vou sentir, sem ter você aqui.