Falar
Fala-me do tempo e das intrigas,
e dessas coisas que dizemos por falar…
Diz-me prosápias das modestas raparigas,
que fazem renda numa casa à beira-mar.
Diz-me essa história proibida de dizer,
arrecadada no cacifo dos segredos…
Conta-me um verso, daqueles que dão prazer,
quando as vagas fazem rimas nos rochedos.
Canta-me um fado, com a tua voz castiça,
denunciando os infortúnios da miséria…
Fala do povo, do divino, e da justiça,
com essa crença que a justeza faz etérea.
Diz um olá no meu ouvido encortiçado
pelo silêncio das palavras mais esquivas…
Fala do conto que não foi sequer narrado
no nobre esboço do condão das narrativas.
Fale! Pois o passado é o veneno da memória, que precisa sair pela boca para
não envenenar nosso coração.
São seis horas da manhã e eu tenho que lhe contar algo. Sério, você não vai acreditar no que eu tenho para lhe dizer. Está chovendo forte, tem um vento frio que traz os pingos gelados para perto da gente. Eu abri a janela para espiar e o barulho da água rolando no telhado ficou mais alto, muito mais alto, tão alto que fiquei com medo. Sabe aquela chuva que vem com força, parecendo querer lavar a cidade? Então. Está um pouco mais forte que isso. Ainda não amanheceu, acho que esse tempo molhado atrasará a claridade do dia. Eu fiquei olhando para o céu por alguns minutos e me deu uma vontade louca de sair na rua e ser lavado por essa água congelante. Está frio, muito frio. Mas eu fui. Sério, eu fui. Eu abri a porta e saí de casa. É, eu disse que você não acreditaria. Eu sou louco, mas você sabe disso. Você me conhece tão bem sem nem ao menos saber da minha existência. Lá fora, o vento levou meus cabelos para trás e eu fechei os olhos resmungando. Meu rosto estava completamente molhado, senti como se estivesse colocando a cabeça dentro de um congelador. Eu fiquei parado ali perto da grade que fica na frente do quintal olhando para o calçamento da rua que parecia estar resvalando. Sei lá, deu vontade de abrir o portão e dar uma volta. A água vinda dos céus continuava mantendo a temperatura do meu corpo um pouco baixa me fazendo tremer. Você acredita que eu saí portão à fora? Sim, eu saí. Estava escuro, estava chovendo e o frio deixava minha boca roxa. Eu fui até a esquina que tem aqui perto e sentei naquele degrau que eu costumava sentar sozinho há alguns anos atrás. Eu me senti tão sozinho. Minhas roupas estavam totalmente encharcadas e eu continuava tremendo. Não havia nada na rua, nem carros, nem pessoas. Estava tudo deserto. Foi nessa hora que eu fechei meus olhos e pensei em você. Eu não lembro muito bem o que veio à mente, parecia que eu havia me desligado do mundo e entrado na inconsciência. Eu estava com tanto medo. Medo de ficar assim por muito tempo, medo de ser engolida por essa solidão sombria que se perdia no escuro chuvoso da noite. Mas eu vi o seu sorriso. Eu juro que vi. Eu gritei o seu nome na minha mente e você sorriu. Você sorriu para mim. Acho que eu sorri também. Não sei, não lembro, não tenho muita certeza, mas eu senti uma gota quente escorrer pelo meu rosto em meio a água da chuva que me banhava. Sabe, eu senti um aperto no coração. Dá para acreditar? Eu sempre fiz de tudo para ser forte e vencer o meu maior medo sem precisar de ninguém, mas agora eu me encontrei preso em uma gaiola feita de um material muito brusco e forte, eu me encontrei aqui chamando o seu nome. Eu sinto minhas forças irem embora e eu finalmente estou precisando de alguém. Mas não é um alguém qualquer. É você. Eu acho que fiquei ali sentado por uns dez minutos olhando para o nada e ouvindo a sua voz cantando para mim dentro da minha cabeça. Você cantava a nossa música, aquela que me acalma, aquela que você sabe que pode ser usada como antídoto. Você sabia o que cantar porque você me conhece. Você me conhece tão bem sem nem ao menos saber da minha existência. Você me conhece porque nós dois somos um só. O vento aumentou sua velocidade me despertando da fantasia e me forçando a mover meus pés de volta para casa. Demorei um pouco para entrar, fiquei no quintal, perto da minha janela, pensando um pouco mais em nada. Acho que era disso o que eu precisava: viver o irreal. Eu não sei por que eu saí de casa, nunca me dera essas crises loucas antes, eu posso ter pego um resfriado, sei lá, daqui a pouco vou começar a tossir. Mas a chuva, a água que congelava meu corpo, era amena. A água que limpava a cidade, escorria pelo meu corpo tentando levar toda a dor que me habita. Era irreal. Eu juro para você que era. Parecia algo do além, algo curável. O banho quente que eu tomei depois foi como um choque no meu sistema. Eu acordei. Não foi nem um pouco parecido com o momento em que o vento acelerou e me fez voltar para casa, foi algo muito mais que isso. Eu acordei do irreal. Daquela chuva, daquele frio, daquela coisa do além que supostamente tentou levar minha dor embora. Sua voz sumiu da minha mente. Você não cantava mais, você não estava aqui. Eu fiquei sozinho e assustado de novo. Eu continuo precisando de você, eu me rendi, eu admiti que não sou forte, eu gritei. Eu fiz o que pude. Você não ouviu, não me notou. Talvez você fique tão espantada com tamanha loucura que eu obtive de sair por aí sozinho e não se convença. Mas eu disse lá no início que você não iria acreditar no que eu tinha para lhe dizer. São seis e dez da manhã e o céu continua escuro, o barulho da chuva ainda está alto e a janela continua aberta. Eu olho para a água caindo lá de cima e lembro da sensação estranha que eu senti há trinta e cinco minutos atrás quando as gotas bateram no meu corpo e eu estava sozinho pensando em você. Você é minha única saída, é a única pessoa que pode me ajudar. Você está com o pouco de força que ainda me resta. Você pode desacreditar disso também, mas só você pode espantar o medo e a dor que habitam meu coração.
Me apaixonei pelo seu sorriso. Não, espera, acho que foi pelo modo com que seus olhos se fecham por alguma palavra direta. Não, foi por isso também, mas com toda a certeza eu me apaixonei porque você consegue ter tantas coisas lindas que eu não vejo como escolher, me apaixonei por tudo o que há em você.
O caminho da maturidade nos mostra que é preciso ouvir antes mesmo de falar, nos ensina que todos os nossos saberes não possibilitam todas as respostas. Nos faz enxergar que o maior recurso não se chama dinheiro e sim a força que carregamos dentro do peito. Nos conduz a fé de descansar nas promessas da onisciência de um Deus que nunca falha.
Só cale a boca, pare de falar por um instante, não estrague esse momento que é só nosso. Para de tentar explicar o que você não sabe nem por onde começar!
Só fica quieto, não fala nada que possa estragar esse momento, foque apenas aqui em mim e em mais nada.
Não traga para esse agora, essa nuvem escura carregada com essas lembranças mal resolvidas... vamos aproveitar esse momento como nunca aproveitamos antes.
Esquece passado, esquece o amanhã, esquece tudo e fica aqui, só aqui. Não faça perguntas, não queira respostas, Só fica aqui e me faça sentir-me desejada novamente.
Me faz sentir-me única como nunca fez antes... Eu não resistir todo esse tempo pra agora ficar aqui remoendo o passado!
Faça valer apena esse momento esse agora... Só fica aqui e faz valer apena essa recaída.
Adryan Batista / Inspiración textos
"Falar de amor é ótimo,de paixão interessante.Viva a vida como um apaixonado e ame a vida como algo apaixonante".
(Rodrigo Juquinha).
Falar a verdade para poucos, é a única forma de conforto numa Vida tão enganada por mentiras.
29/07/19
Quando alguém falar que o conceito de esquerda e direita está superado, prepare-se pra ser roubado em ambos os bolsos e apanhar nos dois lados da face com apoio de ambos os lados.
Te quero e Você vê no meu olhar, então vou deixar o tempo falar por mim e mais por você.
Te quero e não me desespero, se for preciso espero , eu quero você.
OS SÁBIOS NÃO SABEM FALAR
Algumas vezes nos surpreendemos ao conversar com alguém. Talvez essa pessoa seja o padeiro que passa todos os dias pela rua. O vizinho que só te observa, esperando desesperadamente por um... BOM DIA!
Isso acontece o tempo inteiro e passa despercebido pela nova geração que venera a exclusão social. Desprezando o afeto, por medo de se aproximar.
Não julgue pela aparência, postura, ato ou pelo medo.
Se aproxime, converse. Essa pessoa que vê todos os dias e não puxa uma conversa, pode ter uma história incrível para te contar.
Só um lembrete: os sábios não sabem falar!
"Às vezes é preciso partir, pra ver quem vai a nossa procura.
Muitas vezes é necessário falar baixo pra perceber quem está a nos ouvir.
Em algumas vezes é fundamental que partimos pra lutar, só pra se confirmar quem é nosso aliado.
Tem decisões erradas que devemos tomar só pra percebermos quem pode se oferecer pra nos ajudar a resolvê-la.
Na maioria das vezes é preciso deixar ir embora as pessoas que mais amamos só pra ver se elas voltariam por nós."
(Roseane Rodrigues)