Fado

Cerca de 230 frases e pensamentos: Fado

EM CONFISSÃO (soneto)

Meu amor, minha paixão (dor e o contento)
Meu fado azarão, dedo turvo na predileção
O meu devaneio vestido, e desnudo o alento
Quanto o vulgo, sentimento, pura desilusão

Santo confessor! Ao meu flagelo fique atento
Sabeis tudo, tudo.... - dos segredos do coração
Meus lamentos, em vão, desastrado juramento
Nas juras, ao luar, evolou só insensata emoção

Um cativo na noite infinita, ó noite tão infinda
Sabeis que sem afeto o mundo é uma mentira
E que rude é a lágrima que escorre tão sofrida

Eis o meu amor, quebrável, em súplicas ainda
Santo confessor! Deste desventurado caipira
Quem pode detê-lo sem pô-lo de partida? ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/03/2020, 23’13” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMOR DE POETA

De um lado, o sentimento, do outro lado
O fado, pelado, cru, desnudo de fantasia
O sonho no beiral do lampejo debruçado
Na alva, na lua, e no entardecer do dia

Se fala de afetos, lasso fica o seu agrado
É que a paixão o cega, e o pranto o guia
Nas sofrências que tatuam o seu passado
Cada verso dilacerado, senhora a poesia

Intenso. Emoção vaza em cada trova sua
Sem defesa, intacta, e de total entrega
Do silêncio, a ternura no estro profundo

Em frente as sensações, a tua alma nua
Onde a mais ingênua imaginação navega
O árduo amor, dos Poetas deste mundo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/04/2020, 07’12” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Diferença

meu amor ouve fado
não rodopia
apenas baila e espreita.

eu gosto de tango.

minha mãe sempre diz:
seus olhos são trágicos.

Inserida por pensador

⁠SONETO ANÔNIMO

Solidão, vivo tão só, numa bruteza
Onde o meu fado escoa em pranto
Longe do entusiasmo e do encanto
Numa prosa transvazando tristeza

Tão oca a poesia, cheia de incerteza
Num revés ensurdecedor, portanto
O sussurro da dor, dói tanto e tanto
Que o sentir ferido me faz ter viveza

Ando estonteado, perdido na ilusão
Calado, as noites de alvoroço ativado
E ausentes de sensação e de emoção

E me perco no gadanho do passado
Que esgatanha a afável recordação
Que arfa o falto, daqui do cerrado...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/12/2020, 21’38” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

PENSADOR
Um semba cantado em contos de fadas, seria equiparado a um fado enfadonho em terras de Camões, mas, cá entre nós, o semba e a massemba, sempre serão a nossa tradição e a expressão do nosso patrimônio cultural.

Inserida por EdgarFonseca

⁠LIBERTO ...

Não choro mais! Irei por este fado seguro
Cantar em outro peito, um soneto nobre
Adeus! Levo o teu cheiro, meu amor pobre
Na alma a sensação vazia e encanto escuro

Levanta-te sentimento, exitoso, desdobre
As asas da poesia, escreva teu verso puro
Declame todo sempre o afeto que venturo
Assim, um dia, a sorte especial o descobre

Então, cada verso o versar do meu sonho
Fanar-se na raiz, ir em frente, fé criativa
Ferindo e parando o devaneio enfadonho

Tu não finjas a inspiração tão figurativa
Não! Respeita cada um verso tristonho
Agora liberto! E cheio de emoção viva! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/01/2021, 20’30” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Haverá sempre um fado que me tira das mãos o suposto,
a força inabalável de um rio longo,
tão longo como a vida e depois da vida –
intransponível evidência que não se vê, mas que se sente,
comando firme que me olha do extremo de mim.

Inserida por luis_ochoa

Dos obstáculos que a vida nos traga
Cada um tem de viver o seu fado,
Por mais amarga que a sina seja
Nada nos é dado de bandeja
Mas deus está a nosso lado.

Algo pode não estar em sintonia
Mas farei tudo por te ver bem,
Não é tão facil como parecia,
Parece que algo se pressentia
Mas nunca sabemos o que aí vem.

Ninguém prevê o futuro.
O melhor é sempre dar o melhor,
O pensamento estruturo,
Para não ser imaturo.
Mas sei o que te dizer de cor

Isso tenho eu a certeza
Que um dia tu saberás
Que poderías ter sido a alteza,
Fora deitando toda a tristeza
A força suprema serás.

Esta te vou contando eu,
Isto é algo que se vive dia-a-dia,
Tanto neste fado meu
Como no destino teu,
Todos com magia

Lá está toda a verdade,
Verdade essa dura e crua,
Mesmo assim poderá deixar saudade
Por toda a eternidade,
Cada um tem de viver a sua.

Assim temos de pensar no ditado
De um futuro sorridente,
Pois um dia tornar-se-à no passado,
Deixando de viver lado a lado
Que jamais voltará a ser presente.

Inserida por Guilherme_10

Dor Errada -

Fado Pinóia:

Já não quero solidões
nem tampouco sonhos falsos
eu não sei porque razões
me sinto amada nos teus braços!

Fado Lolita:

Disse adeus ao ver-te passar
disse adeus ao teu olhar
disse adeus talvez p'ra sempre,
nosso amor foi como o vento
um olhar, um pensamento
que nasceu dentro da gente.

Fado Alberto:

Como estou triste, óh Deus, como estou triste,
por tudo o que vivi, por tudo a que me dei ...
Porque teimas coração, porque insistes,
em que eu passe por aquilo que já passei ?!

Fado Calisto:

Já não quero uma paixão
sem saber d'onde ela vem
já não quero, estou cansada,
solidão é dor errada
no peito de quem a tem.

Fado Mouraria:

Mas em cada madrugada
já não dói o teu desdém
se eu p'ra ti não fui nada
tu p'ra mim não és ninguém!

O Fado como expressão maior da Alma Lusitana!

(Poema para a Rapsódia de Manuel de Almeida)

Inserida por Eliot

Na Têmpora do Fado

Dentro da voz
desata-se o fado
desamparado,
distópico, tão-só:
enxuga as feridas
abertas dos versos.


Ao colo da guitarra
rasteja a parafina madrugada.
Nos dolentes candelabros
escorre o atávico poema
na têmpora do fado
dos facultativos paradoxos.

O inábil silêncio ocultou-se
atrás dos poros do fado,
ouve-se a cor da noite
a cantar a idónea
leveza da existência
e a caridade da morte.

Inserida por JoniBaltar

idas e vindas

o díssono fado
de secura e chuvarada
fustigado

hora aguado
outra ressequido, cilada
escanifrado

no seu descompassado
de claridade dourada
celebrado

minha morada...
cerrado!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, setembro
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

- No Silêncio de um Depois -
(Fado Varela)

Talvez, um dia amor, voltes p'ra mim
no mar da madrugada de nós dois
talvez, tu tenhas pena de nos pôr fim
e voltes no silêncio de um depois.

Não sei se onde estás pensas em nós
se pensas nessa vida que tivemos
mas como um rio que corre para a foz
eu sei, não esquecerás o que dissémos.

Às vezes, sinto ainda o teu perfume
na cama, nos lençóis onde me deito
às vezes eu sinto ainda tanto ciume
se penso em ti sem mim, que dor no peito!

E visto em cada dia de solidão
o peso da saudade que trago aos molhos
e à deriva neste mar do coração
eu levo nos meus olhos os teus olhos.

Inserida por Eliot

SONETO SOLITÁRIO

Ó tu, que pelo fado, onde te encontrar?
pode se achegar, estou aqui sozinho
por aqui vais deparar com meu carinho
e no não ter amado, serás tu o meu amar?

O cerrado da solidão me fez um ninho
seus tortos galhos, cenário pra eu chorar
tuas folhas secas papel para eu poetar:
o silêncio, as agruras, a dor e o desalinho

Segredados a lua em tristes noites de luar
largando o meu árido peito num pelourinho
ali só, nu, macambúzio até o último sangrar

E se você chegar, já tenho a taça de vinho
pra brindarmos, e a ti vou então declamar
meus versos que pra te fiz no meu caminho

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11/06/2016, 06'22"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TORMENTO NO SONETO

O fado, comigo, não teve deleite
Tem um gosto agridoce meu dia
Devoluto, e sem lisonja fugidia
Na ventura me sinto um enjeite

Lembranças, só são de nostalgia
Um poetar desnudo, sem enfeite
Inspiração desmaiada como leite
E a lágrima de tão pouca alegria

As doces palavras sem onde deite
O ânimo com nuance sem ousadia
O coração desprezado, quem aceite

E mesmo, num tal tormento, quereria
Um olhar de afogo, sorriso que afeite
Onde minha sorte, pudesse ter alforria

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PELO CAMINHO

O meu fado pôs a me versejar
Pelas trilhas do destino nefando
Me fez chorar, rir, foi interrogando
Acerca do amor pôs a ignorar

Subi e desci, e a vida foi forjando
Desafinei certamente ao disciplinar
E pude segredar na noite de luar
Assim, estórias foram desfiando

Por vielas, ruas e, becos a andejar
Andei, e ele comigo foi andando
Pelos caminhos o diverso a poetar

Agora, o canto maduro, no comando
Lembranças, tudo tem tempo e lugar
Na estrada, continuo caminhando...
(até Deus chamar!)

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20/01/2017, 14'00"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CÉLERE (soneto)

E lá se vai o tempo, portentoso
Onde não vai a lentidão do fado
E de longe, eu distante, saudoso
Envio suspiros daqui do cerrado

Para os teus anos, eu já anoso
A pressa não é, certo ou errado
É tão a sorte no estado zeloso
Rio a baixo no leito apropriado

E, então, pelo espaço untuoso
Desliza cada sonho ali alado
Dando a vida agrado piedoso

Assim, os amores, encantado
Flores dadas, gesto impetuoso
Matizam o gozo ao ser amado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

nota fora do tom

o cerrado, seco, árido som
é fado
um megaton
tumultuado
nota fora do tom
que nele fala
que se maquia sem batom
arrasta em alarido, em ala
cheios de vozes
espinhos que rala
ferozes
para um verão de gala
que na alma debrua ilhoses
de chuva, quimera
podando a estiagem
pra brotar a primavera

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Canção

Não te cies do fado, nem do meu olhar
que o vento nos puxa pela alma sedenta
que as estrelas no céu se põem a poetar...
E nosso desejo se faz eternidade juventa.
Apressa-te, amor, que o tempo é de amar
que amanhã não importa, te quero agora!
Não demora tão longe, não me deixe estar
sozinho, num nácar de silêncio, janela a fora
o pensamento, se fores sonho, quero sonhar!
Seja já! Mesmo que a estória fale de outrora
o coração traça rotas que nunca pude tatear.
Apressa-te, amor, dispa está solidão, és abrigo
pegue na mão, me abrace, e assim vamos estar.
Se não te disse, com os meus versos te digo:
Como foi bom poder te encontrar!… e ficar!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
05/04/2019
São Paulo
(um mês)

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA ILUSÃO

Essa ilusão, moteja, e assim guedelha
Que a má sorte do fado se assemelha
Quanta vez procurava a minha desdita
Se fazendo doce, quando era maldita

Essa ilusão com expectativa e avidez
De uma, duas, três, outra e outra vez
Onde a minha esperança se saciava
Tornou da ventura, a dor... escrava!

Essa ilusão, regateira e vil mentirosa
Que desabrocha espinho e não rosa
Fez ao coração da tristura a sua lei

Agora, triste, choro e padeço, quando
Vejo o infortúnio assim esboroando
Os sonhos que um dia eu sonhei...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

"Venho do vociferar;
De um certo fado;
Que veio a deliberar;
Que eu nascesse com brado..."

Inserida por Leandroeps