Fado
Olhos d'agua cansados
Do destino que nos afasta
Num estar ambos magoados
Por um fado de vida madrasta.
É ter no peito uma guitarra
Que chora quando cantada
A sina que nos amarra
À distância que nos separa.
Mandalas & Tapetes Burgueses
Melancolia
De fado
Português
Regado à vinho
E
Dissolução do fermentado
Pagando os pecados
Com o suor do cansaço
Metabolizados
No calor do fígado
Tristeza
De nobreza
Sem causa
Escutar
De coisas
Não ditas
"Minha casa minha vida
Sua casa é meu problema"
De certeza
Somente
A presença
De sua
Ausência
Passeando
Meus
Anseios
Desajeitados
Nas ladeiras em ruas
De muita pedra
Nos vales profanos
Da dissonância
Esculpidos em vales
Da tradição
A ambição do pecado
Fermentado em vinho
E a solução
É dissolução
Sem solução
Em ruas
De Tradição
Fado pecador
Sobre as asas de um poema sedutor
Uma sensação voando da inspiração
Trazendo em seu canto tanto primor
Paixão, agrado e a sorte no coração
Sobre as asas de um poema maior
A poética tão enroupada de emoção
Prosa que leva seu cântico de amor
Desbotando a saudade e a solidão
Ah! fado pecador: - perdão na falha!
Aquele escasso que sonhei e secou
Tal a aridez do cerrado acinzentado
Fez-se craquelado, versos na palha
Quebráveis, dum pouco que sobrou
Agora, sonhos se foram. É passado!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 fevereiro, 2024, 19’51” – Araguari, MG
Serei eu um eterno perdido
Uma andorinha sem ninho
Fado ao destino
De sonhar, sonhar e sonhar
Mas nunca se realizar.
Porque temos que amar
Se amargar com inalcançável
Viver em busca do nada
Ter esperança
Naquilo que nos dá mais segurança.
De um Deus que nos devolve o amor, a paz e esperança
Será a esperança a maior mentira do mundo
Estamos vagando como moribundos
Sozinhos nesse mundo
Acreditando que no futuro
Tudo fará sentido e será seguro.
VAI E VEM
O fado é um vai e vem
nem sempre tão livre assim
a sorte, no ter, vai além
porém, a fé está em mim
E assim, caminha a vida
cada dia o seu destino
o tempo a quimera parida
a gratidão no sol matutino.
Pois estamos de partida...
Já os sonhos tão sonhados
metamorfoseiam num segundo
se nos espinhos são arranhados
nada é pra sempre neste mundo.
Pois cada segundo, emaranhados
de querer, ser, desejar: tão fecundo...
Às vezes bem
Às vezes mal
Vai e vem...
Tudo igual
dó-re-me
Habitue-se!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
31/07/2018, 05’30”
Cerrado goiano
Bora tomar café e enfrentar o fado com fé!
Bora, ser feliz!
Aprendiz.
Afinal, doutrinar é dia a dia.
Então, Paz e Bem, harmonia,
e também amor sem tirania.
Pois assim, damos asas à fantasia
e a vida, rimada poesia...
BOM DIA!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
BANGALÔ
De canto a canto, a poesia
poetando,
se isolando, fazendo a travessia...
do fado...
E neste poético bistrô
o cerrado
e um bangalô
de moradia.
Conquistando sentido, sempre de partida.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
A vida ETERNA:
TÃO CERTA como A MORTE certa, que para tod@s é fado, A VIDA ETERNA estará, para quem; A AMAR, seu EU; SEMPRE TIVER DEDICADO!
Infeliz! Que arrogância,
Que imprudência, que fado ou que desdita
Te guia à negra estância
Aonde o tempo com a Morte habita?
Sendo música jamais queria a dramaticidade de um tango e tampouco a tristeza de um fado. Mas muitas vezes não basta não querer...sou fado, sou tango!
Que vá [...]
Que o fado me conduza no saber
e assim, então me faça entender
que o bem não está em todos
e também, nem todo abraço
no amor é laço...
CORTEJO
De que vale evitar a morte, indesejada
Se para o silêncio do chão é o fado
Pois, o que parte, no óbito é calçado
E com solidão a personagem é levada
Com que cortejo desfilar no cerrado
Se o culto deveria estar na jornada
No forrar o cascalho da árida estrada
E não suspiros ao morto derramado
Que importância terá a vida finalizada
Se o elo no amor, então, não foi selado
E tão pouco, a vida, daquele, foi amada
Pra nada adianta ter tarde vazio agrado
Se de volta ao pó, a alma é consagrada
Deixe as rosas de lado, e avance calado
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano
TOLICES
Não se atenhas nas vãs tolices
onde o valor é de mero acaso
e que no fado imprime atraso
e na lucidez pascácias burrices
Não tenhas pelo juízo descaso
só bons intuitos trazem ledices
pois futilidades são só sonsices
e na vida se tem um curto prazo
Sê sensato, saia das mesmices
não gaste o tempo criando caso
nem tão pouco com tagarelices
Tudo é precioso, e o mérito é raso
pra desperdiçar com parlapatices
pois o banal pode virar compraso
Luciano Spagnol
agosto, 2016
Cerrado goiano
Não se atenhas nas vãs tolices
onde o valor é de mero acaso
e que no fado imprime atraso
e na lucidez pascácias burrices
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Ainda me lembro os teus amparos
nos resvales com o teu punho forte...
Arremessando no fado os passos da minha sorte.
Homenagem aos pais...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Vou-me embora para Alentejo,
Buscarei as minhas raízes,
A luz do fado em Portugal,
Ouvir Amália Rodrigues
À beira da fonte de Évora,
Depois viajar
Pelo parque natural
De Bragança
E logo uma andança pela
Capital,
Centro histórico
Do verdadeiro Paço Imperial
Lá está a minha história,
Onde guardo o meu brasão,
Depois vou para o Vale do
Rio Nabão
Volto a Lisboa,
Setúbal,
Em Chaves hei de lembrar
Da ponte de Trajano
Sobre a via Bracara
Talvez, longe de tudo,
Esqueço do amor
Que era um ideal,
E assim, com os pés gastos
De tanto caminhar,
Repouso em Tavira,
Amanheço em povoados
De Elvas, com a alma
Toda Celta,
E abro os olhos para
Recomeçar!
AGONIA METALITERÁRIA
Consola-me, Euterpe
Deste nefasto fado
Da epifania súbita que fulmina
Minha razão - de meu ser, o estado
Sussurra, como se musa fosses realmente
E a certeza do poeta, ilumina
E mesmo contrafeito, mau grado,
Assentará sua disforme mente
Com a pena, se jus lhe fizer, ou à palavra
Como quem páginas com olhos lavra
Aguardando aquela, que tudo inspira,
Conceder-lhe o dom breve e sagrado
Canta, ó musa, pois o verso quase finda
E não há, em flauta nem lira,
Quem são concebê-lo possa
E o poeta, agora exausto
Tornou a pensar em prosa
Passa
o tempo por nós passa
passa o ser sem tempo
num delírio e arruaça
o fado sem passatempo
o futuro
longe ou perto
fácil ou duro
sempre incerto
e tudo passa
mágoas passam
a perda a caça
pessoas passam
é ventura é pura graça
a existência é oblação
a vida passa...
Luciano Spagnol
Arca
O fado é epílogo da saudade
Na sua rapidez, tudo passa
Amores, dores, rumores, fugacidade
Desenhando no rosto marca
Traçando na memória diversidade
Na vida fazendo fuzarca
Na alma bagagem e fertilidade
Passo a passo erigindo nossa arca...