Fado

Cerca de 230 frases e pensamentos: Fado

Com licença poética

Quando nasci um anjo barroco,
desses rechonchudos, disse:
- ide e seja devaneador e louco
trovador, saia da mesmice.
Aceito está sorte, tampouco,
serei neste fado só sandice,
terei, também, a imaginação.
Não sou tão eu de maluquice
que venha sem a razão.
Acho o cerrado uma beleza
ora sim, ora não, darei adeus ao sertão.
Mas o que sinto, e que seja pureza
ponho a inundar o meu coração.
Dor tenho não. Só leveza!
Se choro ou lamento é de emoção.
Cumpro a sina!
Já a inspiração a levo aonde vou.
Se é maldição, eu, ave de rapina.
Poeta é fingidor. Eu sou.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro, 29, 2018
Cerrado goiano
Paráfrase.

Inserida por LucianoSpagnol

Xis

Não me perdi numa ilusão. Perdi-me
Na incoerência, entre os devaneios
E no poço sem razão encontrei-os
Débeis, onde a cortesia os oprime

E num inconsequente e fatal crime
Duma imaginação, tive sonhos feios
Onde a inspiração de olhares cheios
Da mesmice, deixou de ser sublime

Mas há tempo no bem, compreenda
Não só os que se tem, - os fugitivos
Os da fé do amor que não nos infama

São tais como o andejar de uma lenda
A alma terá sempre os homens vivos
No afeto, ardentes como uma chama

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018, 14
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Acredito-eu na capacidade de TODOS inclusive na MINHA, e não duvido de ninguém muito menos de mim.

Inserida por GersonSilva

EU (soneto)

Existem vários eus no meu eu
E de tão perdido, anda sozinho
No sonho joga sorte, coitadinho
E assim, sem ter norte, é plebeu

Se sou mal interpretado, fulaninho
É do fado este fardo triste e forte
Tal ímã do azar que rêdea a morte
Bulha quem sou na fé e no caminho

E que destino este agre e de recorte
Da alma esfarrapada e sem colarinho
Que chora os porquês, sem ter porte

Porém, sou o que sou, além do mocinho
Alguém de coração que com amor importe
E que nesta tal vida, andeja de mansinho

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
05'55", cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

INVENTÁRIO (soneto)

Dos detalhes os anos tomaram conta
Já se foram muitos, algumas cicatrizes
Pois, lembranças, são meras meretrizes
Dum ontem, no agora não se faz afronta

O meu olhar no horizonte é sem raizes
Pouco lembro onde está a sua ponta
Tampouco se existe algo que remonta
O remoto perdido, pois sou sem crises

Gastei cada suspiro pelo vário caminho
Brindei coisas, na taça deleitoso vinho
Na emoção, chorei e ri, a tudo assistia

Em cada tropeção, espinho e carinho
Ali aconcheguei o meu lado sozinho
Não amontoei nada, nas mãos, poesia

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TUDO É FOI (soneto)

Num piscar de olhos, tudo é foi
Outros aléns são rapidamente
O tempo feroz é que nos corrói
E gera o amanhecer diferente

Então que o erro nos perdoe
Que a sorte seja contundente
Os olhares, olhares nos doe
Momento, muitos e ardente

Presenças, maior que a falta
Onde amor seja lhana pauta
E nos incendei da tal paixão

Nada nem sempre é à ribalta
Apressado por nós sem falta
A vida, em sua combustão...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 27 de maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Naipe

Não fuja, não fique desesperado
sou bem grandinha, madurinha
estudei durante anos
o seu presente, passado
a sua casta, portanto
conheço seu desejo à intimidade
Só não aceito suas fanfarras
quando agrega as sarnas
na mesma esfera
da mãe que está na sala
e outras I-Lentes familiares,
podem ficar doentes
ou são todos da mesma laia?
É mistura de muita gente
muita saia, pouco garbo
totalmente demente
fadado a morrer em meio
ao triste fado.

Inserida por MariadaPenhaBoina

⁠Não se passa indiferente numa vida, quando o amor é presente. Há lembrança na saudade da gente...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 02 2022 - Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DISPARADA

Abarrotados sonhos pressurosos
Vão no viver, indo em disparada
São esmeros e gestos vaporosos
Do fado, numa condição agitada
Desejo, ensejo, todos cobiçosos
Amores, e a tal alma apaixonada
Corre o tempo em atos curiosos
Veloz, numa viagem pela estrada

No galope do ser aquele intento
Na casual o diverso sentimento
Tudo no acontecimento da sorte
Tudo passa, apressado, ó dureza
Num piscar fugaz e de incerteza
De um começo, meio e a morte!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 janeiro, 2022, 10’45” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

ERRANTE

sonho
tornei-me assim devaneador
quando o anseio, enfadonho
despiram as quimeras em dor

de mim então fracassei
me achei e me perdi
nesta vontade, chorei!

ficou a frustração comigo
criou raiz na imaginação
tal um áspero castigo
indignação...

os olhos de tristura
choviam pela emoção
escoando amargura

sou tal qual um incessante
enxurro, transbordo, derramo
teimosia, um pescador andante
sangro, e no amor me esparramo

(nesta turra, errante!)

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
19/09/2017
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O MEU PROVEITO

Tenho desejo de tudo quanto for sensação
No sentimento, de tudo quanto for agrado
De uma emoção, daquele estar apaixonado
Do que pela vida tem sentido e útil afeição

Do carinho dado, a poética e poesia, razão
Frente a frente com a felicidade e apeado
Do não, pois, toda a gente tem o seu lado
Cândido, são, de pés descalços pelo chão

Então, piedade, piedade do nosso fender
Pois, cada qual tem a sua ilusão em curso
Sonhos e realização, e um amor para ter

E, por não ser apenas um mais um, tendo
Tento ser mais que apenas aquele a haver
Aprendiz por ter sido, proveito crescendo...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/09/2021, 15’28” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Incerteza

Pergunto ao vento que vem
Me dê notícia do meu bem
E o vendo se cala, aquieta
O vento diz nada ao poeta

Pergunto a ilusão que passa
Por que toda essa negaça
Por que tanto sonho ao chão
Me diz, toda está servidão

Por nada, não me diz nada
O cerrado de boca calada
A quimera quieta no canto
E a poética sem um encanto

E a quem perguntar então?
Ao desencontro, a desilusão?
Ao tempo que fugaz passa?
Ou incerteza com tal negaça?

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 de outubro de 2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto

Inserida por LucianoSpagnol

ONÇA



⁠Forjo no sol o meu sangue...
Tal qual onça bravia...
Que ao acordar em mais um dia...
Fazendo-se de morta...
Aguarda o coveiro...
Em uma cova...

Em meu castelo...
Desse chão...
Ando pelas pedras encantadas...
Meu caminho...
Um sonho perigoso...
Que trilho sozinho...
Minha jornada...

Em noites perigosas...
Quando a lua se faz vermelha...
Nessa magia ardente...
Consumo o que vejo pela frente...

Presinto o que há por vir...
Será que mais alguém vê e escuta?
Será que somente eu...
Na vida, essa peça...
É o meu papel?

Ventania me agita...
E em meus olhos...
Um duvidoso brilho reluz...
Dias e noites me envolvem...
Continuando minha ronda...
Vendo um mundo oco...
Pensamentos de quase um louco...

Sem lei, sem rei, sem repouso...
Me acho...
Andam vultos pelas estradas...
E pelas calçadas com vultos...
Eu ando...

A teia do destino...
Não há quem corte ou desate...
Viver ou morrer...
No meio...
Um impasse...

Se um anjo tocar a corneta...
Me chamando ao encontro divino...
Levarei comigo..
Todas as glórias que hoje sinto...

Enquanto em mim o fogo clamar...
Sempre terei abertas minhas asas...
Jamais deixarei...
De como menino sonhar...
Jamais deixarei...
De como livre poder voar...

Meu chão, minha cor do amanhã...
Meus desejos, dores e coragem...
Pelejando diariamente...
Para minha vida ...
Não ser só uma miragem...

Dizem que tudo passa...
E o tempo cruel esfarela...
Enquanto Deus assim querer...
Minha luz ...
Não será quimera...

Hei de pulsar o amor...
Até mesmo na escuridão...
Amar para mim não é um devaneio...
Não é ilusão...

Não me veja como um falso profeta...
A sondar o inimaginável...
Sou como qualquer pessoa...
Vivendo meu fado...

Busco a estrela que me chama...
A luz que acende o sol...
O vôo do beija-flor...
Na vida...
Um pouco de amor...

Por tudo isso...
Meu espírito nunca há de envelhecer...
Sou contra a morte...
Nunca hei de morrer...

Sandro Paschoal Nogueira

FIADO (soneto)

Espiando na janela, a sorte vai em bando
E as nuvens levedando o pensamento
E pelo vento a rapidez vai multiplicando
E a poesia urdindo o vário sentimento:

Pranteio, rio, apresso, acalmo.... Ando
Descanso, me cubro, e fico ao relento
Assim, cada tento, tento sem mando
Neste lugar secreto, óbice e fomento

Apressa-te, sonho, amanhã é seguinte
Um novelo em turbilhão e de requinte
Pois, o que mais importa é estar amado

Não te fies da dor nem da arrogância
O destino tem a sua real importância
E a vida, não, e nunca negocia fiado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/07/2020, 07’29” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ESPERA

Ah! quem dera que as lembranças de outrora
Inda aromatizasse! Ah! e que assim pudera
O tempo de ontem fosse o tempo de agora
E não só este imaginar: - a outra primavera

Já não se tem mais uma extasiada aurora
No vetusto ser, tudo é igual, sem quimera
Onde a imaginação era de hora em hora
Agora, silêncio. Ah! como díspar quisera:

Debruçado nos sonhos, e o sonho recendia
O desconhecido, cheio de poesia intensa
No brotar do alvorecer duma nova hera

Ah! quem me dera que isto, fosse um dia
Uma razão, e não devaneios d’alma densa
De saudades, que poeta suspira e espera...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/08/2020, 15’18” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Diáfano Impreciso
Entre o meu ente e o teu ente,
Há uma colisão, um encontro de um só ser.
Acordo de duas almas qualitativamente
Que se encontram por prazer.
Do lado de um fado, há um lado!
Do fado ao lado, outro fado!
Do lado da fronteira, há uma asneira!
Ao lado da asneira, outra fronteira!
Uma reza,
Rotina
E rotineira!
Entre os entes há as mentes.
Há o sentido figurado,
Onde o meu coração,
Foi começado,
E o teu... foi destroçado!
A ambígua maneira de dizer,
Em suma o que acontece:
É que o teu ente quis viver;
O meu ente, ao que lhes parece,
Fez da curva, reta, não quis ser!
Um ente foi para o que veio!
Outro ente veio para o que foi... ser meio!
Ao lado do que padece, há um que se estabelece!
Do lado do um que se estabelece, o outro, de si... se esquece!
É uma escuridão.
Diáfano turvo,
Que enlouquece!
Entre o teu ente e o meu ente,
O que não colide passa ao lado.
Passa sem comum e repete concomitantemente
Que o prazer não foi encontrado!
Dois lados esburacados,
No meio da fronteira.
Dois soldados,
No meio, uma trincheira,
Onde as munições são fados!
O prazer... é a asneira,
E o ente,
Dois corações despedaçados!
O círculo é laranja.
O traço é eufemismo.
O polígono é o que se arranja,
E o dormir,
É o que da vida...
Se esbanja!

Inserida por ruialexoli

#Corpo #cansado...


Nem bebida inspira...

Sono pesado...

Quem diria...

Enfim aqui estás...

Você...

E tantos outros mais...

Por onde olho...

Promessas se fazem...

De travesseiros soltos...

Lençóis amarrotados...

Corpus suados...

Ensaidecidos...

Mas o sono tão pesado...

Ciumento clama ...

Pisca os olhos...

Quer ficar acordado...

Sapato incomoda...

Essa roupa chata...

Quero ficar pelado...

Debaixo das cobertas...

Sozinho....

Mais uma noite estarei de fato...

Culpa não é minha...

Vontade eu tinha...

Porém Morfeu venceu...

Caminho de casa...

Bebida jogada na rua...

Não dá mais..

Nem segurar um copo consigo...

Será sono ?

Talvez quebranto...

Não me espanto...

Um pai nosso...

Quem sabe...

Desfaz o feitiço...

De olhos ruins...

Más vontades...

Gente sem juízo...

De vocês não preciso...

Nem quero contato...

Antes só...

Que mal acompanhando....



Sandro Paschoal Nogueira

— em Conservatória, Rio De Janeiro, Brazil.

⁠CAOS (soneto - II)

Do fundo da minha poesia, ouço e canto
Uma inspiração em suspiros e peugadas
Da imaginação, nas sofrências magoadas
Em um pélago de devaneio e de encanto

Às vezes, um torpor de o meu pranto
Escorre pelas rimas e pelas calçadas
Dos sonetos, são saudades coalhadas
Clamor da dor que retintim no tanto

Da alma ... assim agonia, glória e luto
Poetam choro e hosana, no meu fado
Numa fermentação de um senso bruto

Então cá pelas bandas do seco cerrado
Os uivos do peito que aqui então escuto
Transforma o caos em um poema alado

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29, junho de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CONSELHOS....

Quando eu, solitário e inquieto, faço
Poesia de apelo, em um rogo intuindo
E busco palavras de um poético laço
É para adoçar o meu amargo infindo

Cada verso, conselheiro construindo
Indo o fado sem calma nem embaraço
Cheio de estrofe, rimas, vai seguindo
Erigindo o rumo no devido compasso

Passo a passo, aconselha: tudo passa!
No infortúnio, na leveza, cada graça
Pois, tem abrigo, e também o perigo

Aí, então, os conselhos, no concelho:
Se mais velhos, seremos mais fedelho
E eles, feliz e com dor choram comigo! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 08’25” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol