Facilidade
Sabe o que a minha dificuldade disse pra minha facilidade? Nada, só chegou e matou ela com a maior facilidade do mundo.
Ela não tinha muito cuidado. Se apaixonava com facilidade e perdoava mais facilmente ainda. Dava sorrisos. Abraçava sem receio. E se machucava, de tanta bondade que portava. Mas viva tão leve, que dava inveja. Dava inveja daquele descuido todo.
No fim das pontas há pedaços de durex pra que elas passem com facilidade entre os pequenos buracos do tênis e mesmo assim continuo a pisar, no cadarço, em pessoas por aí. Esse parece ser o melhor modo de aquecer os pés, em vez do chão frio fico por cima delas, são quentinhas que nem bauru feito na hora.
No fim das honras, em ocasiões especiais, me arrisco a andar descalça sobre as costas de algumas pessoas, principalmente quando você diz que vai dormir comigo, como poderia subir na cama com pés gelados? Logo cedo eles derreteriam e com o lençol encharcado poderíamos morrer afogados.
No fim das dobras ainda sou naife, quebro duas ou três costelas em que vou pisando enquanto esquento o calcanhar, elas emborcam para fora como farpas e me arranham. Tenho acordado sempre com vergões, amanhece, finjo que fui eu mesma e ainda penso ‘preciso cortar as unhas’, sendo que o ideal seria o corpo todo, acabar com essa aflição.
No fim das contas não há números, e mesmo que houvesse, eu nunca fui boa em calcular. Só sei que você faz falta, não me pergunte por quanto tempo, são tantas horas seguidas a cada dia.
Quando você não está por perto deslizo pelas ruas com meus pés de gelo fingindo ser um elegante patinador.
Os homens tem tanta facilidade em mudar de assunto e ignorar o que a gente diz. Mas, se esquecem que nós mulheres somos mestres em fingir que não percebemos isso.
Tenho uma tremenda facilidade de me habituar aos meus diferentes estados emocionais. Entrando de cabeça em qualquer um deles.
Eu não entendo porquê as pessoas tiram as coisas de mim com tanta facilidade. Ou talvez o problema está comigo em se acostumar rápido demais com elas.
A TV, em seu molde atual, é tão responsável quanto à facilidade ao acesso às armas e a impunidade, pela propagação do crime, haja visto a massificação nas informações dos crimes mais famigeradas pela TV incentivando assim psicopatas à procura de inspiração.”
Como reconstruir algo que foi destruído com tanta facilidade. Apenas posso lembrar. Apenas posso recordar de tudo.
As lágrimas desciam com tal facilidade por tua face, os soluços eram tão frequentes quanto a sua respiração, seus lábios encontravam-se roxos de tanto morde-los com força, de seus pulsos o sangue escorria ainda quente e teu coração absurdamente espancado gotejava algumas gotas de sangue, as que restava. Do lado do teu corpo encontrava-se o resto do maço de cigarro antes aceso. Suas pernas cobertas por sangue e tua blusa coberta por tuas lágrimas. Dentro da privada, que jazia ao teu lado podia-se ver o sangue, mais sangue. Sua respiração estava fraca, teu coração já não batia no mesmo ritmo de antes e as tuas lembranças vinham na velocidade da luz. Ela chorava, chorava muito. Cada lágrima continha uma essencia de tua dor… E suas forças se esvaiam devagar, acabavam instantaneamente. O mundo girava e a garrafa de vodka ao teu lado encontrava-se vazia, absolutamente vazia. A dor continuava a mesma, só que havia triplicado-se de uma força que não entendera… Tempo. Talvez isto pudesse passar. Talvez não. Mas ela acreditava que um dia tudo ficaria bem… Mas já tinha tanto tempo que esperava. Tanto tempo que sofria em silencio a espera daquilo que chamam de felicidade… Daquilo que aos poucos, deixava de acreditar…
Essa facilidade de partir o coração de alguém, deve ser algum tipo de dom. Espera, dom mesmo, é conseguir manter o coração de alguém inteiro, sem cortes, pedaços espalhados e por aí vai… Essa coisa de que necessariamente no final das contas, o coração precisa ser cortado em pedacinhos é história pra boi dormir. Alguém pode mudar o ‘script’, por favor? Se eu não tivesse que me recuperar a cada queda, eu talvez seria um projeto de felicidade em pessoa. Mas parando bem pra pensar: se eu fosse um projeto de felicidade, eu estaria onde eu quero estar hoje?
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