As 18 fábulas mais conhecidas de Esopo (com moral)

Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

Fábulas são narrativas ficcionais curtas que carregam grandes lições, muitas vezes protagonizadas por animais que assumem comportamentos semelhantes aos humanos. Elas têm o objetivo de educar os ouvintes acerca de diversos temas.

Esopo (620 a.C. – 564 a.C.), escritor da Grécia Antiga, foi o responsável pela criação e divulgação do gênero literário. Confira, abaixo, as suas fábulas mais famosas do autor e a moral de cada uma delas.

1. A Cigarra e a Formiga

A Cigarra e a Formiga.

A cigarra passou o verão cantando, enquanto a formiga juntava seus grãos. Quando chegou o inverno, a cigarra veio à casa da formiga para pedir que lhe desse o que comer.

A formiga então perguntou a ela:
— E o que é que você fez durante todo o verão?
— Durante o verão, eu cantei — disse a cigarra.
E a formiga respondeu:— Muito bem, pois agora dance!

Esopo

MORAL: Temos que nos esforçar agora, para podermos colher os frutos do nosso trabalho mais tarde. Se não o fizermos, ficaremos dependentes da ajuda das outras pessoas.

2. A Raposa e o Corvo

A Raposa e o Corvo

Um Corvo roubou um queijo e com ele fugiu para o alto de uma árvore. Uma Raposa, ao vê-lo, desejou tomar posse do queijo para comer.

A raposa ficou ao pé da árvore e começou a louvar a beleza e a graça do Corvo, dizendo:
- Com certeza o senhor corvo é muito bonito, gentil e nenhum pássaro poderá ser comparado a você desde que cante.

O Corvo, querendo se exibir, abriu o bico para tentar cantar, fazendo o queijo cair. A Raposa abocanhou o petisco e saiu correndo, ficando o Corvo, além de faminto, ciente de sua ignorância.

Esopo

MORAL: A vaidade cega e nem todo mundo que nos elogia possui boas intenções. Devemos tomar cuidado com as pessoas bajuladoras e interesseiras.

3. A Lebre e a Tartaruga

A Lebre e a Tartaruga

Uma tartaruga e uma lebre discutiam sobre qual era a mais rápida entre as duas. E, então, marcaram um dia e um lugar para uma corrida. A lebre, confiando em sua rapidez natural, não se apressou em correr, se deitou no caminho e dormiu. Mas a tartaruga, consciente de sua lentidão, não parou de correr e, assim, ultrapassou a lebre que dormia e chegou ao fim, obtendo a vitória.

Esopo

MORAL: Persistência e esforço aumentam as nossas capacidades e a probabilidade de vencermos. A negligência e o excesso de confiança, por sua vez, podem nos prejudicar.

4. A Raposa e as uvas

A Raposa e as uvas

Uma Raposa se aproximou de uma árvore e viu que ela estava carregada de uvas maduras e apetitosas. Com água na boca, a raposa desejou comer as uvas e, para tanto, começou a fazer esforços para subir até elas.

No entanto, as uvas estavam em uma altura absurda e a Raposa tentou, mas não conseguiu alcançá-las. Disse então:


- Estas uvas estão muito azedas e podem desbotar os meus dentes; não quero colhê-las agora porque não gosto de uvas que não estão maduras.
E dito isso, se foi.

Esopo

MORAL: Por vezes, quando não conseguimos ter uma coisa, tendemos a desvalorizá-la para não assumir a nossa falha.

5. O Cão e a sombra

O Cão e a sombra

Um Cão carregava na boca um pedaço de carne quando, ao passar por um riacho, viu no fundo da água a sombra da carne que parecia maior. Soltou a que levava nos dentes para tentar pegar a que via na água. O riacho levou com a correnteza a verdadeira carne e também a sua sombra. No fim, o cão acabou ficando sem nada.

Esopo

MORAL: A ganância pode ser a nossa perdição, se arriscarmos aquilo que é seguro por algo ilusório que parece melhor.

6. A Rã e o Touro

A Rã e o Touro

Um touro grande estava passeando perto da água e, ao ver a rã tão grande, sentiu inveja. A rã começou a comer e inflar-se com o vento, perguntando às outras se já estava tão grande quanto o touro. Elas responderam que não. A rã tentou novamente, inflando-se com mais força, mas percebeu que ainda estava muito longe de ser igual ao touro. Na terceira tentativa, ela inflou tão intensamente que acabou explodindo por causa da sua ganância de ser grande.

Esopo

MORAL: O fato de competirmos e nos compararmos com os outros, ao invés de nos aceitarmos, sempre acaba nos prejudicando.

7. O Burro carregando o sal

Um burro estava atravessando um rio carregando sal. Ao escorregar e cair na água, o sal se dissolveu e tornou a sua carga mais leve. Feliz com essa descoberta, o burro pensou que se caísse novamente no rio enquanto carregava esponjas, a carga também ficaria mais leve. Então, ele escorregou de propósito. No entanto, as esponjas absorveram a água e o burro não conseguiu mais se levantar, acabando por se afogar.

Esopo

MORAL: Aqueles que se acham espertos e inventam formas de tirar vantagem de uma situação, acabam virando vítimas dos próprios truques.

8. O Cão e a máscara

O Cão e a máscara

Procurando um osso para roer, um cão encontrou uma máscara: era luxuosa e de cores tão belas quanto exuberantes. O cão a farejou e reconhecendo o que era desviou-se com desdém.

- A cabeça é de certo bonita - disse - mas não tem miolos.

Esopo

MORAL: Assim como a máscara, muitas pessoas têm beleza, mas parecem vazias por dentro, não têm substância.

9. O Galo e a pérola

O Galo e a pérola

Um galo, que ciscava no terreiro para encontrar alimento, fossem migalhas, ou bichinhos para comer, acabou encontrando uma pérola preciosa. Após observar sua beleza por um instante, disse:

- Ó linda e preciosa pedra, que reluz seja com o sol, seja com a lua, ainda que esteja num lugar sujo, se te encontrasse um humano, fosse ele um construtor de joias, uma dama que gostasse de enfeites, ou mesmo um mercenário, te recolheriam com muita alegria, mas a mim de nada presta pois é mais importante uma migalha, um verme, ou um grão que sirvam para o sustento.

Dito isto, a deixou e seguiu esgravatando para buscar um alimento mais apropriado.

Esopo

MORAL: O valor das coisas é subjetivo. Aquilo que para alguns é muito importante e valioso, para outros pode ser completamente inútil.

10. O Corvo e o jarro

Um corvo sedento viu um jarro lá de cima e ficou animado pensando que encontraria água dentro. Voou até o jarro com grande alegria. No entanto, ao chegar lá, descobriu com tristeza que o jarro continha tão pouca água que era impossível alcançá-la.
Mesmo assim, o corvo tentou de todas as maneiras possíveis alcançar a água dentro do jarro, mas seu bico era muito curto e todos os seus esforços foram em vão. Por fim, ele decidiu pegar o máximo de pedras que conseguia carregar e, uma por uma, colocou-as dentro do jarro. Ao fazer isso, o nível da água subiu e finalmente ficou ao alcance do seu bico, assim ele conseguiu saciar sua sede e salvar sua vida.

Esopo

MORAL: Quando estamos em situações de sufoco, precisamos usar a imaginação e encontrar um jeito de resolver o problema.

11. O Leão e o Rato

O Leão e o Rato

Enquanto o leão estava dormindo, alguns ratos brincavam ao seu redor. Em determinado momento, eles pularam em cima dele e o acordaram. O leão pegou um deles com a intenção de matá-lo, mas o rato implorou insistentemente por sua vida. Comovido, o leão acabou soltando-o. Pouco tempo depois, o leão caiu em uma rede que os caçadores haviam preparado e ficou preso, apesar de sua força. O rato, sabendo do que aconteceu, foi até a armadilha e, com muito esforço, começou a roer as cordas. Eventualmente, ele conseguiu romper a armadilha e libertar o leão. O leão ficou livre graças à misericórdia que havia demonstrado anteriormente.

Esopo

MORAL: Ninguém deve ser subestimado e todos os atos de gentileza são importantes.

12. A Galinha e os ovos de ouro

Um camponês e sua esposa possuíam uma galinha, que todo dia, sem falta, botava um ovo de ouro. No entanto, motivados pela ganância, e supondo que dentro dela deveria haver uma grande quantidade de ouro, eles então resolveram sacrificar o pobre animal, para, enfim, pegar tudo de uma só vez. Para surpresa dos dois, viram que a ave em nada era diferente das outras galinhas de sua espécie. Assim, o casal de tolos, desejando enriquecer de uma só vez, acabaram por perder o ganho diário que já tinham.

Esopo

MORAL: A insensatez e a ganância podem deitar tudo a perder.

13. O Vento Norte e o Sol

O Vento Norte e o Sol

O Vento Norte e o Sol estavam discutindo sobre qual deles era o mais forte, quando um viajante chegou usando um manto quente. Eles concordaram que aquele que conseguisse fazer o viajante tirar o manto seria considerado o mais forte.

O Vento Norte soprou com toda a sua força, mas quanto mais ele soprava, mais o viajante segurava o manto ao redor de si. Eventualmente, o Vento Norte desistiu. Então, o Sol brilhou calorosamente e imediatamente o viajante tirou o manto. Assim, o Vento Norte foi obrigado a admitir que o Sol era mais forte do que ele.

Esopo

MORAL: A simpatia é um sinal de força. Não é com agressividade que conseguimos persuadir outra pessoa.

14. O Lobo e o Cordeiro

Num pequeno córrego, um lobo faminto estava bebendo água quando um cordeiro chegou mais abaixo e começou a beber também. O lobo olhou com olhos sanguinários e mostrou os dentes, dizendo: "Como ousas roubar a água onde bebemos?".

O cordeiro respondeu humildemente: "Eu estou abaixo de onde você bebe, não poderia sujar a sua água." O lobo, ainda mais furioso, continuou: "Então por que você está me insultando? Seu pai me ofendeu há seis meses!" O cordeiro respondeu: "Há um engano, eu nasci apenas três meses atrás, então ainda não existia e não tenho culpa." O lobo retrucou: "Você é culpado pelo estrago que fez ao pastar no meu campo."

O cordeiro disse: "Isso não é possível, pois ainda não tenho dentes." Sem mais argumentos, o lobo pulou sobre o cordeiro e o devorou.

Esopo

MORAL: Quem está disposto a usar a força física e machucar o outro, não responde a nenhum tipo de lógica ou argumentação.

15. O Pastor mentiroso e o Lobo

Era uma vez um jovem pastor que levava suas ovelhas para pastar na serra. Para se divertir e ter companhia, ele gritava "Lobo! Lobo!" na direção da aldeia, fazendo os camponeses irem até ele. Mas não era verdade, era apenas uma brincadeira. O pastor repetiu essa brincadeira várias vezes.

Depois de alguns dias, um lobo realmente apareceu e atacou o rebanho. O pastor pediu ajuda gritando "Lobo! Lobo!" ainda mais alto, mas os camponeses não acreditaram nele, pensando que era mais uma brincadeira. O lobo pôde atacar as ovelhas à vontade, pois ninguém veio ajudar. Quando o pastor voltou para a aldeia, reclamou amargamente. O homem mais velho e sábio da aldeia respondeu: "Quem mente constantemente não será acreditado quando falar a verdade."

Esopo

MORAL: Se mentirmos muitas vezes, nos tornamos pessoas que não são dignas de confiança e os outros param de acreditar em nós, mesmo quando falamos a verdade.

16. O Urso e as Abelhas

Um urso encontrou uma colmeia enquanto procurava por frutos silvestres. Ele checou se as abelhas estavam em casa para se deliciar com o mel, mas uma abelha voltou do campo e o picou. O urso, enfurecido, atacou a colmeia, mas as abelhas se defenderam e ele teve que fugir para um lago para se salvar.

Esopo

MORAL: é melhor suportar uma pequena injúria em silêncio do que provocar uma grande confusão com um ataque de fúria.

17. O Cavalo e o Burro

Um cavalo luxuosamente adornado com seda e ouro encontrou um burro carregado no caminho e, cheio de arrogância, pediu-lhe para se desviar e ceder o caminho. O pobre burro ficou em silêncio e suportou a ofensa. Alguns dias depois, o cavalo machucou a pata e começou a mancar. Seu dono retirou seus arreios valiosos e colocou uma sela nele para ser usada como animal de carga. O burro encontrou o cavalo carregando esterco e disse-lhe: "Onde está sua arrogância agora? Por que não me pede para me desviar, como fazia antes?"

Esopo

MORAL: Ninguém deve desprezar os menos favorecidos só porque está bem alimentado, bem vestido ou tem honras e privilégios. As fortunas e posições podem mudar, e o orgulho passado só serve para trazer vergonha e insulto no presente.


18. As Aves e o Morcego

Havia uma guerra entre as aves e os outros animais, e as aves estavam sendo maltratadas e derrotadas por serem mais fracas. O morcego, com medo, mudou-se para o lado dos animais de quatro patas e voava sobre eles. No entanto, a águia veio em auxílio das aves e elas conseguiram vencer a batalha. Capturaram o morcego e como punição por sua traição, ordenaram que ele andasse sempre pelado e no escuro.

Esopo

MORAL: Esta fábula nos adverte para que os soldados não abandonem seus líderes e para que os amigos não esqueçam a amizade em tempos difíceis.

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