Existencialismo
O soneto da amargura
Do que não tem nada
Vive apenas a agrura
De uma pessoa criada
Assim tenho tanto ódio
Rancor como amarga fruta
Não cheguei no topo do pódio
Que perfaz minha conduta
Singelo com o chinelo
Que sou e uso aos pés
Como um plebeu donzelo
Aflito como todo semita
A vida que tem outro viés
Que a donzela não permita
Vejo agora
Com claridade
Essa energia
No limiar de minha idade
Não virá mais
Cada dia uma nova vida
Todo dia minha vida se esvai
O jogo desconcertante da vida
Dizem que um dia ainda vai
Eu cético e pessimista
Sei que me doi
E por doer tanto
Sofro muito
Por ter que esperar
Algo que talvez
Nunca venha
Nao receberei
Parabens
Nem mesmo a alegria
Daqueles que se foram
E me deixa aqui sozinho
Nunca presenciarei
Um abraço
Um aconchego
Jamais sentirei
O que sentistes
Nunca serei
O que sempre quis
Agora eu sei
Dentro de tudo isso
Que nada serei
Alem de uma sombra
Que jamais entenderei
Tive medo
Mas muito medo
De pensar
Duma hora pra outra
Que fugirias de nosso mundo
Me apavorei
Por noites chorei
Escondido aos prantos
Lembrando o que sofri
Para estar aqui
Nao seria justo
Teu ventre nao guardar
O filho que chego
A sonhar
Nao seria justo
Nao merecer
Tua vida comigo
Me assustei
Confesso
Do que seria
Pois nao queria
Viver sem ti
Me apavorei
E isolei
Pedi pra que viesse
Para mim esses nódulos
Pois alem de te perder
Perderia a gorda
Minha filha de alma
Se te falta razão pra viver
Digo estou aqui
E nossa filha também
Como poderia
Um pai como eu
Perder a filha
Pelo destino
De que jeito
Viveria
Sem meu ranço
Meu pedaço de gente
Que não saiu de mim
Por tropeço
Mas conquistei assim
Sem interesse
Porque nem sabia
O pai que seria
E agora sou
Saiba
Que aqui estou
No tormento
Lamento
Na alegria
Eterna fantasia
De poder ser pai
Sem esconder trabalhos
Sem ocultar minha foto
Sei que é preciso
Não sou pai
Tampouco sou menos
A ficha cai
Sou o que sou
Entregue estou
A ti e tua filha
Esta sendo assim
E me acostumo
Pai é quem cria
E sou eu
Quem esta na companhia
De vocês
Posso ser padrasto
Isso não é defeito
Eu tiro proveito
De todo amor
Fique tranquila
Não te preocupes demais
Ovule mais
Me dê prazer
Essa noite
Te entrego em dobro
Somos brasa e fogo
E ser nenhum
Ira extinguir
Se posso chorar
Ou sorrir
Jamais pense
Que devo ir
Apenas saiba
Que se algo caiba
Dentro de mim
És tu e cristal
Não chamo de lamento
Apenas um sinal
Q se tudo estiver mal
Eis aqui teu par
Por onde for
Vou me dispor
A ser aquilo
Que sempre imaginou
E querias
Te dou com alegria
O que nasci pra ser
Padrasto da tua filha
Ser que compartilha
O alho e orvalho
A panela e o céu
Um dedo com anel
A aliança eterna
Vida que alterna
O saber viver
E tentar crescer
Havia algo estranho
Te vi e não parei
O arreganho inconveniente
Pensamento permanente
De te agarrar e beijar
Anos
Meses
Tentei controlar
Te proíbo
De sair assim
Sem mim
Porque no fim
Acreditastes mais que eu
Aquele que prometeu
E mal sabia
Promessa não é juramento
Saiba meu lamento
Me sinto excremento
Sem vocês comigo
Sou luz, magia e escuridão
Sou terra, alegria e coração
Sou a lucidez
Também o torpor
Se um dia for
Destino traçado e
Selado
Teremos o suficiente
O que a mente
Descrente
Surpreendeu e fixou
Nada mais sou
Além
De vocês duas
Sou pai
Drasto
Sou marido
Sou o que sou
E quero dar
Pra vocês
O máximo
Que minha alma
Alcançar
Cansar não é opção
Amar é realização
Amor é o que tenho
E essa
É nossa senda
Humilde oferenda
De quem é capaz
De tudo
Por ela
Por ti
Por nos
Família
Que além de tudo
Não é comum
Mas temos certeza
Que cabe
Mais um
Ou dois.
Querer não é poder
E poder não te dá a capacidade
De lidar com ânsias
Vomitar sentimentos
Poder não é querer
Porque só tem a vontade
Aquele que te vê
Através do espelho
Poder e querer
É uma simples presunção
De algo que desejas
Mas não tens a prioridade
Querer e poder
Algo que mais anseio
Para ter tudo
Aquilo que outros
Têm.
Te olhei enquanto dormias
Senti os anseios e desejo
Também o amor
Pedi pra ser abraçado
Fui correspondido.
Te amei milhões de vezes
Admirando os olhos cerrados
Os meus mareados
De pertencer a ti.
Quando por fim dormi
Acordado estava na realidade
Compartilhando contigo a vida
Revelando esse amor
Pendurado em mim há anos.
Se por medo tardou a vir
Na coragem te dou a certeza
Não é efêmero
Tampouco fugaz
É verdadeiro
O amor que aqui jaz.
A vida, é exactamente o que você pensa ser e se estiver errado, isso o tempo o pode provar Trazendo consigo a sabedoria da experiência
nem tudo necessita de explicação certas vezes a vida é só um grito distante e breve que será esquecido inevitavelmente
Silêncio das quatro da tarde
Quando eu ouço o silêncio das quatro da tarde, sinto o desejo de olhar para o mar;
Deixar o som dele entrar; E nos meus ouvidos a sinfonia tocar.
Deixar a brisa salgada meu dia finalizar.
Em todas as vezes que me perco, quero me encontrar na solidão do meu mar, daquela vista deslumbrar e poder ali me achar.