Existencial
Eu preferiria morrer de amor, mesmo que fosse amando sozinho, do que sucumbir ao tédio, perdido no labirinto escuro e gélido do meu próprio coração vazio.
Eram 3 da manhã e eu estava voltando para casa, caminhando por cerca de 20 minutos. Estava um pouco bêbado, completamente sozinho e com apenas 10 reais no bolso esquerdo. As ruas estavam desertas, sem uma alma sequer à vista, apenas o vento gelado que ecoava o silêncio ao meu redor. Era estranhamente bonito, apesar da melancolia que me acompanhava naquela caminhada solitária.
Talvez você tenha a mente cheia de dúvidas existenciais
quanto ao sentido da vida,
quanto ao propósito de tudo isso que vivemos aqui.
Mas acredite: nenhuma resposta seria boa o suficiente pra você,
pelo simples fato de que não foi você que determinou as regras.
Entretanto, se ainda assim, você quer saber
porque estamos aqui,
eu poderia te dizer simplesmente que é para nos aperfeiçoarmos,
para nos tornarmos pessoas melhores.
E por quê?
Para poder servir melhor às outras pessoas.
E por quê?
Porque de alguma forma isso ajuda na obra Daquele que nos criou.
E por que devemos ajudá-lo em sua obra?
Por amor?
Sim, por amor.
Mas se você não é capaz de amar Aquele que te criou,
então que seja por gratidão.
E aí você pode perguntar: gratidão pelo quê?
Pela oportunidade do milagre da vida.
Ou pelo simples fato de um dia Ele ter acreditado que valia a pena
criar e acreditar em você.
Carrego em mim toda vida do mundo
Meu coração bate
Minhas pernas funcionam
E meus pulmões me alimentam
Então por que me sinto morta?
Carrego em mim toda vida do mundo
Meus reflexos são ágeis
Meus sentidos certeiros
E minha visão é clara
Então por que me sinto tonta?
Carrego em mim toda vida do mundo
Vejo beleza no podre
Vejo vida na morte
E perfeição na assimetria
Então por que me sinto feia?
Carrego em mim toda vida do mundo
Destruí muitas barreiras
Carreguei muitas pessoas
E construí muitas moradas
Então por que me sinto fraca?
Carrego em mim toda vida do mundo
Meu corpo me sustenta
Minha mente discerne
E meu espírito me guia
Se separadamente sou constituída de virtudes
Por que o todo parece tão disfuncional?
Escopos da vida
Mais uma vez; sozinho!
Estive ontem, também; sozinho!
Amanhã não posso estar diferente.
Afinal de contas, todos os meus amanhãs
Serão sempre, sozinho.
Passei pela vida sem ter religião e nem amigos.
Ou talvez tivesse amigos; mas todos, sem religiões.
Não, não tenho arrependimentos!
Estou hoje entre a covardia de ser eu mesmo
E o mistério que é a covardia de não ser ninguém.
Ainda que para isto; eu me torne subitamente alguém.
Tenho vivido de fronte à tantas portas,
Portas que ninguém mais consegue passar...
Que não passam, porque diante de mim nada passa.
Estou indiferente a mim mesmo.
Porque tudo aquilo que não posso ser
Hoje eu sou!
Mas sem pais.
Ah, se ao menos tivesse um pai.
Se ao menos tivesse um pai, teria os ombros mais leves.
Como um pássaro carregado pela mãe.
Estou sozinho, sendo um bonifrate imaginário, sem imaginações.
Sem imaginações, porque na minha vida nada muda.
Nada melhora e nada piora, nada é novo!
Tudo é velho e cansativo, com a minha alma.
Sou um escritor que faz versos que não são versos.
Porque se fossem versos, teriam melodias e métricas.
Ah, escrever, sem versos e métricas, como a vida.
Ao passo que os meus não-versos prosseguem,
A inabilidade caminha rumo ao meu coração.
Este castelo fantasmagórico, este lugar de terra cinza.
Tudo na minha literatura é velho e cansativo.
Como o autor deitado em uma cama esticado como uma cuíca.
O silêncio do meu quarto fatiga os ouvidos do meu coração.
A minha vida é uma artéria atulhada de lembranças solitárias.
Lembro-me que ao nascer...
O médico olhou-me aos olhos e parou de súbito.
Caminhou pelo quarto e sentou-se em uma cátedra.
Ergueu as mãos ao queixo, apoiou-se fixamente sobre ele.
E ficou ali a meditar profundamente.
Passou-se o tempo e tornei-me infante.
Subi ao céu, observei o mundo e aconteceu;
Deitei o mundo sob os meus ombros.
Depois desci ao pé de uma árvore e adormeci.
Quando acordei estava a chorar de arrependimento.
Na casa que eu morava, já não havia ninguém.
A minha mãe diziam ter ido ao céu; procurar-me!
Não tendo me encontrado, tratou logo de nunca mais voltar.
E por lá ficou, e nunca mais a vi.
Nunca soube por que o destino inóspito lhe tirou a vida...
Se o altruísmo materno é a metafísica de toda a essência
Ou se abúlica vivência é pela morte absorvida,
Não seria à vossa morte um grande erro da ciência?
Talvez um pai!
- Meu pai perdeu-se nos meus ombros,
Era um fardo que eu sustentara sem nunca tê-lo visto.
Todos os meus sonhos e ambições nasceram mortos.
Descobri que a alegria de todos; era o mundo sob os meus ombros.
Olhavam-me e riam-se: Apontavam-me como a um animal.
Quando resolvi descer o mundo dos meus ombros,
Percebi que a vida passou; e nada de bom me aconteceu.
Não tive esperanças ou arrependimentos.
Não tive lembranças, culpas ou a quem culpar.
Não tive pais, parentes e nem irmãos.
E por não tê-los; este era o mundo que eu carregava aos ombros.
Este era eu.
Sozinho como sempre fui.
Sozinho como hoje ainda sou.
Um misantropo na misantropia.
Distante de tudo aquilo que nunca esteve perto.
Um espectador que tem olhado a vida.
Sem nunca ter sido percebido por ela.
A consciência dos meus ombros refletida no espelho
Demonstra a reflexibilidade desconexa de quem sou.
Outra vez fatídico, outra vez um rejeitado por todos.
Como a um índio débil que o ácido carcomeu.
Ah! Esse sim; por fim, sou eu.
Eu que tenho sido incansavelmente efetivo a vida.
Eu que tenho sido o fluídico espectro de mim mesmo.
Eu que tenho sido a miséria das rejeições dos parentes.
Eu que tenho sido impiedoso até mesmo em orações.
Eu que... – Eu que nunca tenho sido eu mesmo.
Ah! Esse sim; por fim, sou eu.
Ouço ruídos humanos que nunca dizem nada.
Convivo com seres leprosos que nunca se desfazem,
Desta engrenagem árida que chamamos mundo.
Ah, rotina diária que chamamos vida.
Incansáveis restos de feridas que sobrevivem,
Nesta torrente da consciência humana.
Nada tem sentido, a morte não há de ter sentido, a vida não há de ter sentido... Os seus sonhos, as suas angustias, o próprio nada não há de ter sentido. E as palavras, tentando dar algum sentido para este não sentido não hão de ter sentido. E mesmo assim vivemos, pensamos e refletimos, para que na próxima cena já esteja tudo perdido, esquecido, destruído... Não fez sentido e nunca fará. E mesmo assim vivemos. Mesmo assim refletimos e nos esquecemos. E mesmo assim vivemos.
A DICOTOMIA DA SOLIDÃO
Todo aquele que se conhecer a si próprio será imune ao caos organizado que a solidão acarreta.
Prisão para uns ou Liberdade para outros, a solidão é como uma espécie de faca com dois gumes. Ora mata e elimina as turbulências externas que entram pelos nossos poros adentro, ora corta e separa o trigo do joio quando estamos perante as nossas mais diversas dúvidas existenciais.
A solidão, por assim dizer, também revela uma sombria ou luminosa dualidade. Digamos que, uma espécie de arauto da desgraça ou fortuna, que invade o nosso espaço interior e exterior quando a própria nos persegue em modo de delito involuntário ou quando a procuramos incessantemente de livre e expontânea vontade.
Reza a regra que a solidão já matou tantos quanto salvou e já salvou tantos quanto matou se dela fizermos um amigo que nos escuta sem julgamento.
Reza também o dito que “mais vale só que mal acompanhado” mas no entanto também Amália Rodrigues um dia disse que preferia estar mal acompanhada do que só.
Eu por mim cá estarei para a receber ou procurar, sempre que os sentidos e os momentos assim ordenarem.
Consumo Transparente
Do interior de um restaurante,
No interior de um Shopping Center
Meu olhar perpassa o vidro transparente.
A clareza vitral revela a obscuridade no olhar de muitos transeuntes do consumo,
Que apesar da claridade límpida do templo do consumo;
Permanecem entenebrecidos pelo vazio de suas existências.
"No silêncio da noite, pensamentos ecoam a voz da consciência de que a vida é efêmera semelhante as
Flores que desabrocham, eternizando momentos efêmeros,enfrento a
solidão do vento existencial sussurrando segredos do passado ao presente e a lembrança de que momentos mais simples eram o mais felizes.
Pra não dizerem que não fui mediocre - Ao meu amigo Alexandre
Tudo é podre no mundo. Que importa?
Se a ferida que tenho está morta
Maldito tédio; bates minha porta.
Ferida do tempo, ainda me corta.
A dor ao meu passado me transporta
O Peito bate mais do que suporta
E sinto explodir à minha aorta
Apenas minha fronte me conforta
Embora a coitada esteja torta
Vive presa e leve como esporta
Cai guardada, em um vaso de retorta.
Que à minha alma à distância exporta
Por isso o sofrimento me recorta
Como, na pior das safras, a horta!
"Explorar o vazio emocional é como desbravar um deserto interior; é na ousadia de preencher esses espaços que descobrimos os oásis da nossa verdadeira essência e nos surpreendemos com as joias da autenticidade e da conexão que sempre estiveram à espera de serem reveladas."
Em meio a um mar de sabedoria, encontrei-me navegando pelas águas de puro sofrimento, pois carregava a lucidez dos problemas em cada onda
Pessoas “genuínas” vivem o real e utilizam do irreal (fantasia) para aliviar o peso perene dessa adequação. Por outro lado, indivíduos “inautênticos” vivem no fictício, e no contato com aquilo que é real encontram alívio ao vazio existencial que os consome.
O que somos afinal? meros espectadores do fluxo eterno do universo, buscando significado em nossas próprias sombras?
Solidão no Peito
No peito, a solidão tece sua teia,
Uma sensação de vazio e desamparo,
Como uma sombra que nunca se esvanece,
A solidão se torna um constante amparo.
Nas páginas da vida, um capítulo solitário,
Caminhando por estradas desconhecidas,
A solidão é um verso triste no diário,
Um eco de saudade em noites esquecidas.
À medida que nos afastamos de Deus, parece que a vida perde sua vitalidade, desbotando-se em tons de cinza e perdendo sua essência. O vazio se instala e o sentido se dissipa. Por outro lado, ao nos aproximarmos Dele, uma nova energia floresce em nosso ser, impulsionando-nos a seguir em frente com mais vigor e determinação.
Quando a fé vacila e a descrença prevalece, a existência se torna repleta de complexidades, carregada de tensões e dificuldades. Por outro lado, a crença nos oferece uma espécie de âncora, uma força interior que nos dá a resiliência necessária para enfrentar os desafios. Ela equilibra nossas emoções e faz brotar a esperança em nossa jornada, nos inspirando a nunca desistir, mesmo diante das adversidades.
Percebemos que mesmo tendo todas as coisas materiais à nossa disposição, há sempre um vazio existencial persistente, um espaço que parece não ser preenchido. É nesse espaço que somente Deus pode habitar, como um elo perdido que só Ele pode restaurar. Ele é o criador que completa e dá sentido a tudo o que existe.
Assim, a busca por Deus não é apenas uma jornada espiritual, mas uma busca pela essência da plenitude, pelo preenchimento do vazio interior que só Ele pode ocupar. É uma caminhada em direção à realização verdadeira, à esperança renovada e à força que nos impulsiona a perseverar, mesmo diante das incertezas que a vida nos reserva.
Cada pequena ação conflituosa, por mais insignificante que pareça, vai ferindo o amor, deixando cicatrizes duradouras que, com o tempo, podem se tornar difíceis de curar.
Cicatrizes são como crostas de acúmulo de energia existencial.
Talvez nossas crises existenciais não sejam causadas pela ausência do sentido da vida, mas pelo excesso de escolhas a serem realizadas e direções a serem seguidas.