Exílio
EXÍLIO
Exilei-me
das turbulências
da incerteza
e do medo,
e agora,
em
nova
dimensão,
sou
construtor
do amanhã!
Exílio...
E a falta de amor misturada com paixões termináveis; me fez escolher o exílio.
O calor do meu corpo misturado com o sol que me castigava e a noite que congelava minha alma se tornou rotina sem saudade de camas vazias.
Caminhei as vezes com vontade de cair, mas havia dentro de mim a vontade de uma verdade, não a que eu dizia; mas uma que eu sabia que encontraria.
No exílio o coração de sonhos se tornou coração de pedra.
No exílio desejos foram escondidos e sonhos destruídos.
No exílio eu caminhava de cabeça baixa com medo de olhar para trás e não olhava para cima pois não queria me entregar a beleza das estrelas.
Sempre em frente, apenas seguindo sem nada para procurar, desejando apenas ser encontrado, o tempo passava, minutos eram séculos de espera.
E assim eu caminhava.
E no caminho tropecei e fui ao chão, meu corpo pedia para que ali eu ficasse, o meu coração de pedra que em cada batida me massacrava, parou.
E com o rosto ao chão virado para o lado, contemplei beleza que não havia visto quando meus olhos focavam o chão e com um único suspiro desejei o fim do exílio, musica nova se fez e coração de pedra explodiu em emoção, minha alma congelada foi derretida por lagrimas de sonhos que apareciam e me levavam a um novo caminho onde as estrelas sussurram seu nome...
O fascínio me faz crer
Que existem paixões que não se podem ter
Existem apenas no exílio do coração
Onde a verdade é platônica
E a mentira é apenas ilusão .
Exilio
O exilio ao qual me encontro, não resta nada para se fazer além de esperar por respostas que demoram a chegar...Meu Deus onde estou?...estou aqui preso neste quarto sem portas nem janelas, sem esperanças e sem anseios de ver-te um dia querida donzela...
Sei que se tratava de um exílio, de uma fuga, de um ato imposto pela força, mas não será toda migração forçada por algum desconforto, uma fuga em alguma medida, uma inadaptação irredimível à terra que se habitava?
As pessoas estão seguras de si, estão tranquilas, mas quando partem para o exílio estão tristes também. Bastava surpreender qualquer um deles distraído para captar um olhar vazio, uma cabeça que se abaixa.
Exílio
Num relacionamento falido, de todos os tormentos vividos,
Nada é pior que a solidão.
Não falo daquela que vem depois da partida,
Da cama vazia e do café com gosto de saudade.
Digo aquela que te faz se sentir abandonado,
De parecer um só, ainda que esteja acompanhado.
Amar sozinho deveria ser verbo proibido.
EXILIO
Um dia, talvez, sentirei o amor.
De forma única, ao anoitecer.
De riso fácil, terei seu calor,
Talvez, o seu eterno prazer.
Mas, o que se faz é dor.
Pranto que nasce às estrelas.
Que escorre em atos de ardor,
... Deste exílio insano das profundezas.
A vida acontece aqui, no nada,
totalmente sem muitas flores.
Brindam angústias inusitadas,
como autênticos e maus desertores.
Não sabem da vontade que tenho,
num lugar de carinhos e união.
Esquecem que me fiz em meio
a doçuras enormes de paixão.
TÉDIO
Viveis em um mundo tão tedioso
Que a dor alheia, te alegra
Alegria embrulhada de exílio
Cego ao teu próprio ver
Te incomoda com o que não é teu
Faz, agora, parte de tua obrigação
Espalhar ódio de graça
Prisioneiro da tua própria infantilidade
Que te faz acreditar digno
De julgar o que não lhe convém
Só não percebe a desgraça
Que é essa tua solidão
Em que o caçador sempre foi a caça
Como numa corrida de gato e rato imaginaria
Lá, o único competidor
É tu
Quem sofre é só consequência
Da amargura escondida
Teu ego
Faz eco
Numa eternidade tediosa
E um ciclo sem fim
Que apenas bate e volta
E te consome em pedaços
E se sente impotente demais
Para pedir socorro
Em que a única solução que te resta
É tornar a desgraça rotina
E tomar controle de mentes fracas como a sua
Descontar aquilo que não sabes explicar
Que se alimenta de uma parte tua todos os dias
Porém, teus olhos já não mais veem
Sua sabotagem diária
Que te faz crer em uma fábula de constante poder
O tédio vira rei
E tu
Mero caçador
Exílio Nublado
O lençol me afaga a pele
Suave, mas é traiçoeiro
Ele me cura a angústia
Mas é na cura que ele me fere
E eu me levanto ao avesso
Triste, mas com esperança
De evitar o pedregulho
Que já me causou o tropeço
E eu insisto nas erratas
Ingênuo, mas já sabendo
Que o caminho que percorro
Já tem minhas pegadas
E eu não estou sozinho
Isto é, fora eu mesmo
E eu tento me abraçar
Mas eu sou só espinhos
Às vezes,buscamos exílio na
nossa própria companhia,
para nos livrarmos do caos
que vive alimentando as
nossas tormentas.
Um chamado João
João era fabulista?
fabuloso?
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?
Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas,
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?
Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?
Era um teatro
e todos os artistas
no mesmo papel,
ciranda multívoca?
João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?
Mapa com acidentes
deslizando para fora, falando?
Guardava rios no bolso,
cada qual com a cor de suas águas?
sem misturar, sem conflitar?
E de cada gota redigia nome,
curva, fim,
e no destinado geral
seu fado era saber
para contar sem desnudar
o que não deve ser desnudado
e por isso se veste de véus novos?
Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
de precípites prodígios acudindo
a chamado geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?
Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?
E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?
Tinha parte com... (não sei
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?
Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar.