Eu Sou
Jamais irei mudar quem sou para me enquadrar em um padrão imposto pela sociedade. Ao invés disso, irei fazer a sociedade mudar para aceitar quem eu sou de verdade.
Entre a Grécia e Tróia
Sou quem sou,
mas o mundo exige máscaras,
um rosto moldado ao gosto dos outros,
um reflexo que não se quebra.
Se cedo, perco-me.
Se resisto, sou pedra que incomoda.
Agradar é um jogo sem vencedor,
onde quem pede mudança
nunca se sacia.
Que mal tem não ser lutador?
Nem todo combate vale a espada,
nem toda guerra precisa de sangue.
Há força em quem não levanta a voz,
em quem escolhe o chão firme do silêncio.
Estou entre a Grécia e Tróia,
terra de ninguém,
onde cada passo desagrada a um lado,
e o silêncio é visto como afronta ao outro.
Mas que me importa?
O vento sopra onde quer,
e eu sigo, inteiro,
sem me dobrar ao peso de aplausos fáceis
ou censuras vãs.
MANHÃ
Demétrio Sena, Magé RJ.
De repente alcanço este sossego de saber quem sou. De saber o que faço e me sentir caber em mim. Chega o tempo em que alcanço meus sonhos e durmo para o medo que sempre tive de saber os mistérios do meu próximo passo. Do pouco além de onde piso.
Faço das verdades que agora me assaltam, meus ases num jogo. Minha pilha, minha fogueira, recarga vital. Razão pela qual sei ganhar mais um dia na roleta ou na mesa das noites. É assim que driblo essa enorme fila de assédios da hora sexta ou tardia. Consegui me alcançar na vertigem das horas, e tão somente pouso em meu colo, para me deixar seguir. Navegar na leveza de não ter mais pressa.
O meu fogo é de lenha, mas de lareira em chalé. Minha paz é de quem é, mas ao mesmo tempo se deixa estar. Hoje fecho meus olhos, abro a minh´alma e sinto este cheiro de manhã que rompe as tardes, vence as noites e continua sendo manhã.
PAZ DE SER QUEM SOU
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Nunca me agradou essa ideia de vencer por desafio. Para mostrar ao meu redor o quanto posso e confio em providências que vão além dos meus dotes humanos. Também não me obrigo a lutar por autoestima. Muito menos por palavras, olhares de apreciação, troféus e comendas. Ganho e perco em meus desempenhos, com projetos que não são de vitórias. São projetos de vida.
Não combato, em nenhuma hipótese, aqueles inimigos de plasma ou neon, nem os mais próximos, que são de massa corpórea. Às vezes me defendo, mas não exatamente guerreio por um lugar no mundo. Sou trabalhador; não guerreiro. Vivo e creio na paz de ser quem sou. Jamais fui campeão nem perdedor. Dor dos outros não me realiza. Quero apenas o dom de me aceitar.
ARMA BRANCA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Já depois de uma vida não sabes quem sou;
tens um olho em meus olhos, outro no talvez,
quando chego e me dou às tuas atenções
e não conto até três para fechar os olhos...
Vejo quanto esbanjei o meu tempo em afetos;
fui solícito, exposto e desarmei meu ser,
para ser transparente, suave, sem véu
onde os vetos do mundo faziam fumaça...
Lá se vai uma vida e não me gabaritas;
na verdade nem tiras uma nota honrada;
quase nada conheces de minhas questões...
A minh´alma; meu corpo; tudo quanto expunha
para ser o teu livro de leitura franca
se tornou arma branca e me feres de mim...
JOGO DA VERDADE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Ser quem sou custa caro; dou meu jeito
para não pendurar as minhas contas;
não expor um defeito em mil parcelas
nem dever o favor de algum afeto...
Quem não quer, não me queira mesmo assim,
nesta minha versão mal acabada;
neste copo de gim entregue ao léu;
nas camadas do quanto me disponho...
Seja lá como for, só sou quem sou,
numa justa e seleta pronta entrega
que não pede fiado para ser...
Pago à vista, me dano mundo afora,
pois viver é meu jogo da verdade;
meu agora não deixo pra depois...
Ilusão
A esperança já não há.
NÃO SEI QUEM SOU,
Nem se faço parte da vida de cá...
MUITO MENOS SE MORTO ESTOU...
Penso que houve um tal DESCARTES,
QUE SABIA EXISTIR...
Mas eu não sei se de pensamento tenho arte,
OU SENTIMENTO TENHO SENTIR...
Que coisa é esta,
QUE NÃO TEM VALOR...
Nem presta...
Pois é confusão...
TEM DOR...
E AFLIÇÃO!...
HELDER DUARTE
Não é quem sou, mas o que eu faço que faz as pessoas me definirem. Posso fazer uma centena de expressões e ter comportamentos esdrúxulos; as pessoas irão me julgar pelo meu olhar, pelo meu sorriso, pelo meu vestir... Mas, isso não muda o que realmente sou e não me faz recuar dos meus propósitos. Isso não me importa. Eu sou forte e somente eu sei o que verdadeiramente estou sentindo.
"Quem sou eu? Quem somos nós?" Esse foi o título do livro produzido pelos alunos da EJA Itinerante de Fátima-BA, entregue no dia 11 de agosto de 2023. Nesse evento foi possível perceber o quanto os alunos, adultos e idosos, estão dispostos a expor suas características na busca de identificação pessoal e social.
Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto
SER QUEM SOU (soneto)
Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto
E o tempo vai passando, veloz, enquanto
O pensamento recusa ser apenas um ato
Cintila. E, saudoso, o trovar é um pranto
Na solidão de ser, em um poetar abstrato
Direis agora: Incoerente e louca quimera!
Que não quero ser quem sou? Que sentido
Pois ser quem sou, deixei de ser o que era...
E eu vos direi: Amando o amor sou valeria
Pois se amei, o meu afeto não terá partido
Assim, pude ouvir e entender minha poesia
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Se até a natureza se expressa com suas tempestades, quem sou eu para silênciar-me quando algo me incomoda?
Os povos, as pessoas vivem um eterno dilema e se quer refletem no pensar ``Quem sou?´´, e muitos pra sobreviver usam subterfúgios,
O medo de ser quem sou,
me seguiu por noites e dias.
Hoje, sofri o preconceito,
mas pela primeira vez, não tive medo.
Tive pena da mediocridade,
gratidão por me mostrar que sou maior.
Quem lembrará de mim?
...e mim, quem Sou?
Hoje, num misto de mais de sete bilhões de seres, uns embrutecidos, outros amáveis, outros tantos nenhum, nem outro. E eu, pequeno singular invisível onde muitas vezes via-me apenas no espelho a me indagar quem sou, continuo a perguntar, quem vai lembrar de mim se até mim nem sei se sou.