Estranho
Estranho te revisitar, mas isso é algo que ainda faço, por motivos distintos, às vezes, mas quase sempre são pelos mesmos. Estranho pensar no que não passa, no que não some e nas coisas que insistem em pulsar, mesmo que o tempo não tenha sido nosso melhor amigo. Estranho ter conversas estranhas com você, estranho querer sempre mais, estranho não querer parar, embora saiba que preciso. Estranho o que não foi e mais ainda, o que ainda é.
É estranho sentir o que não se sabe explicar com palavras, principalmente quando esse sentir se torna a única razão para o seu acordar. Então, deixá-lo-ei que o abstrato que me consume me torne um alguém melhor, pois a única pessoa que me fazia acreditar na minha sanidade mental, acaba de me chamar de louco.
O estranho na floresta
O Sol, o azul e o verde
Pintam minhas retinas
Enquanto o frio, a fome e a sede
Já não passam de rotina
A brisa branca
Beija meu rosto
Enquanto sinto o estranho gosto
Da carne crua
A água
Leva embora minhas mágoas
Sob a terra
Jazem minhas antigas guerras
O vento
Leva para longe o meu tempo
E sob o fogo
Ardem meus inimigos
A canção dos pássaros
Passeia por meus ouvidos
Isso tudo é divino
Disso não mais duvido!
Acima, além
O Universo me observa
E eu me pergunto
“O que ele tem? O que me reserva?”
Eu caminho sem rumo
Essa trilha é meu berço
Minha história
E meu túmulo
Não temo a morte
Pois não penso mais nela
Sigo forte, a cada dia
Rumo ao presente, a minha meta
Já não consigo me lembrar
Como era a vida na civilização
Agora meus únicos amigos
São o mato e a solidão
Estranho País
Brasil esse estranho país onde viver sem fome é uma glória.onde ter Comida é uma luta diária,de um povo oprimido que luta. Contra o destino da Fome,de Comida ,de amor e de glória.Brasil esse estranho país onde a fome é uma realidade vivida por todos
O estranho na cidade
Para onde quer que eu olhe
Só vejo sujeira
No céu, a poluição
No chão, fezes e poeira
O cheiro do esgoto
Arranha minhas narinas
Enquanto o grito das buzinas
Destroça meus ouvidos
Uma criança pedindo
Um viciado cheirando
A polícia espancando
Outro mendigo
Paredes pichadas
Ruas esburacadas
Os bichos revirando
O lixo de cada canto
Outdoors e painéis de neon
Iluminam a podridão
E em alto e bom tom
Imploram por nossa atenção
Observamos de baixo
Os monumentos dos poderosos
E sob o cimento
Os corpos dos que os ergueram
Sabe o que é estranho
É que eu sei que você vai voltar com um não
Porque foi como foi com a mínima certeza das suas
Outras vezes
Porque essa seria diferente?
ESTRANHEZAS LUSO-BRASILEIRAS
Que estranho país é este,
Onde de fato nunca é facto,
Nos cus, tornados bundas
Nos paletós dos fatos nossos
Em bebedeiras de tremoços?
É um este sem vento oeste
Quando lá a desoras chega o trem,
E eu por cá à espera do comboio
Que nunca a horas certas vem.
Triste a minha melancolia
Quando eu na vossa Bahia
Imaginava em alegre sintonia,
Estar no Espinho meu em magia
Tomando banho na minha Baía.
Então, a gente galera assim fazia:
Vocês traziam os garfos e os pratos
E íamos acertando os palatos.
Nós, os copos e a pinga de Lisboa
Vocês, aquele petisco tropical,
Nós, as sardinhas metidas na broa
E vocês e nós, Brasil e Portugal,
Transando numa naice mesmo boa.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 26-06-2023)
Às vezes é estranho
Eu ficar me achando
Mas eu tenho que
Me achar mesmo
Preciso me achar
Aonde estou?
Quem sou eu?
Estamos num tempo muito estranho: muito discurso de misericórdia para criminosos, e quase nenhum perdão para pessoas de boa índole quando cometem erros não graves! E pior: encontrar isso no meio "comunitário eclesial".
ESTRANHO NÃO É O POETA
O poeta chega, o poeta pensa
O poeta chora e repensa
Afinal o poeta seria ele se não sofresse?
O poeta seria ele se não chorasse?
Às vezes os poetas não podem ver,
mas não é proposital,
para o poeta não ver é fundamental.
O poeta, ele fica feliz em crer.
O poeta consegue traduzir os olhares,
o poeta consegue levar ao papel ódio, amor e motivação,
Mas às vezes não...
Mas quando consegue, escreve aos montes.
O poeta é um ser estranho,
ou estranho é ser um poeta?
Não, não é estranho ser poeta, é um ganho,
é uma dádiva do planeta.
Conhecer alguém é estranho,
mas, um estranho bom.
Um estranho que se torna alguma coisa na sua vida.
Um estranho que pode trazer significado na sua vida.
Talvez passageiro,
talvez só para amostrar alguma coisa que tá escondido em você.
Talvez só talvez...
Pode ficar.
Fim, estranho uma frase começar com essa palavra, com significado triste e profundo, tendo como esperança que, apenas é o inicio de um novo ciclo.
Sumo segredo é a VIDA.
A morte, estranho dilema.
São a chegada e a partida,
de Deus, vontade suprema.
Estrada Radiante
Tão estranho pensar nos seus olhos castanhos
Nos seus cabelos longos, liso e pretos
No sorriso largo como o lago das brisas
Essa pequena lembrança é do seu tamanho
Cabe no coração como as moléculas no oceano.
Eu quero dizer te amo, mas você não pode me ouvir
E por uma razão um dia você conseguir escutar minha voz enfim
Você deixa uma gota da sua nuvem cair em mim...
Nessa estação o verão vai ser eloquente
Eu quero a gente dentro do vulcão do destino.
Deixo você ser a erupção do meu coração de menino.
Coloca seu vestido mais colorido
e vamos passear de mãos dadas.
Pois o sonho acabou de chegar
Nas asas da esperança
Bem baixinho amada amante
Contigo a nova estrada é radiante.
O despertar da mente
O dia ultimamente está acordando estranho. Em meio a uma fuga esquisita, corro sem parar tentando escapar de algo que me persegue e que não paro um minuto para ver, pois tenho medo de acontecer algo e de repente, acordo. O coração bate forte, a boca fica seca e mais uma vez o galo canta la fora; quatro da manhã. Deito mais uma vez e respiro forte e penso comigo "só foi um sonho" e tento relembrar tudo e cada lembrança me faz tremer e agradecer por não ser real. Algo corre para mim nos meus sonhos e corre para mim na realidade, mas de tanto me embrulhar, de tanto desviar acabo me prendendo em mim mesma e não percebendo que (...) a vida corre depressa e eu não a vivo.
O amor é estranho, num dia você ama, no outro acabou. E o coração do outro fica pequenininho, espremidinho, pingando dor. (vrf14)
Vera Regina Silva
Não, nunca fui moderna. E acontece o seguinte: quando estranho uma pintura é aí que é pintura. E quando estranho a palavra é aí que ela alcança o sentido. E quando estranho a vida aí é que começa a vida.
Na angústia – dizemos nós – “a gente sente-se estranho”. O que suscita tal estranheza e quem é por ela afetado? Não podemos dizer diante de que a gente se sente estranho. A gente se sente totalmente assim. Todas as coisas e nós mesmos afundamo-nos numa indiferença. Isto, entretanto, não no sentido de um simples desaparecer, mas em se afastando elas se voltam para nós. Este afastar-se do ente em sua totalidade, que nos assedia na angústia, nos oprime. Não resta nenhum apoio. Só resta e nos sobrevém – na fuga do ente – este nenhum’. A angústia manifesta o nada.