Estrada
Eu vou te levar pela única estrada onde já estive
Você sabe, aquela que te leva aos lugares
Onde todas as coisas se encontram.
Angústia, doce companheira de estradas
Humanos iludidos que foram embora, para sempre...
Maldita ignorância na face das pessoas
Maldito amor que ousa trair almas, frágeis...
Nesta longa estrada da vida, ainda estou caminhando, mais derrotas do que vitórias. Muitas vezes, paro, penso, olho para trás, simplesmente para corrigir os erros e prosseguir em busca do que ainda me faz muita falta.
ESTRADAS EMPOEIRADAS
Dos pardais cigarras e morcegos são os finais de tardes
O sol de verão bronzeia a solidão
De silhuetas anônimas nas colinas
E entre os nascentes e os ocasos adolescem as meninas.
Eu sei que o amor é pertinente a todos os sonhares,
Quem não se amou um dia se amará
E o que é solidão além do chalé branco sobre a duna,
Além da vela encardida que se aventura na imensidão domar
O que me faz pensar que a solidão até faz bem
É perceber que as coisas mais profundas
Afloram nos momentos solitários...
Penso que algum dia todos tiveram
Suas estradas empoeiradas com zumbis e ETs;
Suas fobias e inseguranças,
Mas um herói, uma oração, um talismã,
Qualquer crendice que nos protegesse
Todos tivemos; eu tinha uma sobrinha,
Meio tia por ser mais velha
Acho que ela foi o meu maior carinho de infância
Juntávamos latas ou apenas perambulávamos
Porque não é fácil ser anjo sem ruas de brilhantes,
Pétalas de estrelas
E ter apenas barracões com tetos de zinco para nos abrigar,
Mas eu tinha seu poder
Que suponho vinha da sua franja caindo nos seus olhos;
Não tinha ainda a idade do tempo,
Nem tempo de idade, nenhuma outra noção
Eu só tinha a sua presença e a sua mão;
Talvez eu tivesse algum poder,
Talvez o poder de não poder nada,
Talvez o catarro escorrendo do meu nariz lhe protegesse do mundo,
As minhas unhas sujas, os meus dentes proeminentes
Eu era um anjo, ainda não me encantava com dunas
E brancas casas de praia avarandadas,
Ainda não me encantava pelo que ostenta ou pelo que seduz;
Um saco, algumas latas, chicletes e amendoins,
sua franja e seu sorriso, sua mão; que viesse os zumbis e ETs...
Não vou chorar pelas estradas que não andei,
Mas vou sorrir pelos caminhos que passei.
Sim, vou seguir com fé...
Rumando um futuro a me esperar.
Um futuro ao qual eu possa, enfim, descansar.
A estrada correta é a que materializa caminhos tipicamente incongruentes seguidos de trajetos perigosamente obscuros.
Enfim uma estrada...
Algo que se presuma leve a algum lugar,
O caminho do pequeno Arameu, volta a fazer sentido.
Ele agora tem destino!
Embora todos sejamos prisioneiros de grilhões invisíveis,
Devemos nos contra por...
Nos revoltar ante o riso contido...
O andar vacilante e as frases inacabadas.
Mais aguerrido, mais motivado, mais determinado e mais gentil...
Acompanhado segue ...
Sem olhar para trás, caminha em busca de seu fim, o velho Arameu!
Lidar com aquilo que nos atormenta, é andar na direção da cura e libertação na estrada da existência
E como sou grata ao renascimento e as novas estradas.
Ao desprendimento do que somos em direção ao que queremos ser. Sonho, desejo, esperança, coragem. E são essas as palavras que habitam o meu corpo e dão forma aos movimentos do que sinto. E que se cumpra.
"Quando eu colocar o pé na estrada com meu jeans surrado e cabelos amarrados, bota marrom e malas no banco traseiro em direção à felicidade, não chore minha ausência. Sempre adorei a ideia de lhe fazer panquecas em forma de Mickey escutando Creedence, mas quero comer mirtilo na beira da praia e coisas imaginárias com você ganham ar de jiló."
Você deve parar quando ver que a estrada em que estar não chegará a nenhum lugar, então, devemos mudar de estratégia!
Mudança de planos as vezes cai bem.
Esqueça os fatos do passado e tente não olhar pra trás... A estrada é longa, evite que seu caminho seja estreito.
Viajo pelas estradas da minha solidão, caminhos obscuros, silenciosos, que fazem com que a minha mente se torne um poço de discernimento.
Olho para o que parece ser o fim do túnel, e vejo uma luz, pode ser a certeza, a razão, as respostas, mas é translúcido, então percebo que estou longe de todas as respostas que criam fantasias e que atormentam meus pensamentos. Meu coração pulsa forte e, ao mesmo tempo, minha imaginação perde a sua fertilidade. Caminhar parece fácil, parece difícil, também. Existe uma válvula de escape, uma palavra ou alguma definição que se encaixe entre fácil e difícil? Eu desconheço.
No meio de tanta conturbação, vem a minha inquietação, uma vontade de que se desprenda de mim a real ilusão, e que desperte no fundo da minha alma a verdadeira identidade do meu mundo de alienação.
De passos curtos e lentos, em direção ao nada, pela estrada, num dia de luz ou na madrugada, sem pensar em nada, ou melhor, pensando em nada, numa longa caminhada.
Se eu fraquejar, peço carona, se não funcionar, por ali vou ficar, se a noite cair ou o dia raiar, por novas estradas irei caminhar, pois sei que no meu lugar um dia irei chegar.
Caminho
Na beira da estrada da saudade...
A minha alma grita de agonia.
De dor
Alma em desassossego.
Pela ausência
Pela falta
Do toque dos teus dedos.
Do silêncio.
Dos lençóis acetinados.
Perdido no brilho.
Brilho do teu olhar doce.
Onde toca o meu coração quente.
Percorrendo cada canto do teu corpo.
Arrepio inimaginável desejo partilhado.
De memórias
Emoções
Suspiros de ternura.
Unindo os nossos corpos.
Como um raio de sol.
Magia dos sentidos.
Sentidos das as almas dos corações unidos!
cada um tem seu tempo
enquanto um amassa o pelo
outro ativa a estrada
dentro do homem
a calma longínqua
por fora encrespa a flora
queima o grito
a cachorrada solta
o passarinho na gaiola
no pescoço dente afiado
a voz é curta projeção
eco infinito das palavras
a fera dorme tranquila
longe das minhas pegadas
da borracha na galocha
no asfalto esta as patas de uma gata
em busca de arrepios
não da pra ver direito
a leitura urge
emparedada
um choro caboclo
uma risada espraiada
medida abastada
sentimentos distantes
aglutinados deliberada
na nuca da águia
não se vê o tempo nem nada