Estrada
Poeminha Sentimental
O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.
Não há uma estrada real para a felicidade, mas sim caminhos diferentes. Há quem seja feliz sem coisa nenhuma, enquanto outros são infelizes possuindo tudo.
Através dos séculos existiram homens que deram os primeiros passos, por novas estradas, armados com nada além de sua própria visão.
Os erros são, no mínimo, um sinal de que estamos saindo da estrada principal e experimentando outros caminhos.
As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada.
Nota: Trecho adaptado do livro "Brida", de Paulo Coelho.
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou.
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
A felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A felicidade é a própria estrada.
Seu coração não é estrada para passeio de muitos. Seu coração é lugar que só fica quem faz por merecer.
Qual é a sua estrada, homem? A estrada do místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a estrada dos peixes, qualquer estrada... Há sempre uma estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em qualquer circunstância. Como, onde, por quê?
Passou a diligência pela estrada, e foi-se;
E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
Assim é a ação humana pelo mundo fora.
Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos;
E o sol é sempre pontual todos os dias.
Tens o dom de ver estradas
Onde eu vejo o fim
Me convences quando falas
Não é bem assim
Se me esqueço, me recordas
Se não sei, me ensinas
E se perco a direção
Vens me encontrar
Tens o dom de ouvir segredos
Mesmo se me calo
E se falo me escutas
Queres compreender
Se pela força da distância
Tu te ausentas
Pelo poder que há na saudade
Voltarás
Quando a solidão doeu em mim
Quando meu passado não passou por mim
Quando eu não soube compreender a vida
Tu vieste compreender por mim
Quando os meus olhos não podiam ver
Tua mão segura me ajudou a andar
Quando eu não tinha mais amor no peito
Teu amor me ajudou a amar
Quando o meu sonho vi desmoronar
Me trouxeste outros pra recomeçar
Quando me esqueci que era alguém na vida
Teu amor veio me relembrar
Que Deus me ama, que não estou só
Que Deus cuida de mim
Quando fala pela tua voz
Que me diz: Coragem
Que Deus me ama, que não estou só
Que Deus cuida de mim
Quando fala pela tua voz
Que me diz: Coragem
Te cuida
A gente sai de casa para ir numa festa ou para pegar a estrada, e antes que a porta atrás de nós se feche, ouvimos a voz deles, pai e mãe: te cuida. A recomendação sai no automático: tchau, te cuida. Um lembrete amoroso: te cuida, meu filho. A vida anda violenta, mas a gente não dá a mínima para este "te cuida" que a gente ouve desde o primeiro passeio do colégio, desde o primeiro banho de piscina na casa de amigos, desde a primeira vez que saímos a pé sozinhos. Pai e mãe são os reis do "te cuida", e a gente mal registra, tão acostumados estamos com estes que não fazem outra coisa a não ser querer nosso bem e nos amar para todo sempre, amém.
No entanto, lembro da primeira vez em que estava apaixonada, me despedindo dentro do carro, entre beijos mais do que bons, com aquele que devia ser um moleque mas para mim era um homem, e um homem estranho, uma vez que não era pai, irmão, primo, amigo ou colega. Depois do último beijo, abri a porta do carro e, antes de sair, ouvi ele dizer com uma voz grave e sedutora: te cuida.
Me cuidarei, pode deixar. Me cuidarei para estar inteira amanhã de novo, para te ver de novo, te beijar de novo. Me cuidarei para me tocares com suavidade, para nunca encontrares um arranhão sobre a minha pele. E cuidarei do meu humor, dos meus cabelos, cuidarei para não perder a hora, cuidarei para não me apaixonar por outro, cuidarei para não te esquecer, vou me cuidar.
Me cuidarei ao atravessar a rua, me cuidarei para não pegar um resfriado, me cuidarei para não ficar doente. Me cuidarei, meu amor, enquanto estiver longe dos teus olhos, nos momentos em que você não pode cuidar de mim.
Fica a meu encargo voltar pra você do mesmo jeito que você me viu hoje. É de minha responsabilidade não ficar triste, não deixar ninguém me magoar, não deixar que nada de ruim me aconteça porque você me ama e não agüentaria. Claro que me cuido, nem precisava pedir.
Te cuida, dissera ele. E eu ouvi como se fosse um te amo.
Meses depois, terminado o namoro sem beijos de despedida, saio do carro trancando o choro, ainda que o rompimento tenha sido resolvido de comum acordo. Abro a porta e já estou com uma perna pra fora quando ouço, sem nenhuma aflição por mim, apenas consciência de que não teríamos mais notícias um do outro: te cuida. Me cuidei. Só chorei quando já estava dentro do elevador.
Nada mais vai me ferir. É que já me acostumei com a estrada errada que eu segui, com minha própria lei, tenho o que ficou e tenho sorte até demais como eu sei que tens também.
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