Estou Rindo a Toa

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Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

É difícil conversar quando a maioria das conversas é na base do “tente passar o que eu estou passando”.

À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta.

Clarice Lispector
Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho do conto É para lá que eu vou.

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E se for difícil? Estou nem aí... é a minha chance, minha vida, meu sonho, minha vontade, não vou desistir tão cedo, não mesmo. Viver é arriscar e ser feliz!

Mas agora estou numas da corrente do bem. Tô nessa e acho genial. Tudo bem: o mal tá lá, as pessoas ruins estão lá, pessoas mesquinhas, mas não vão me atrapalhar mais. Não vou mais sofrer por causa delas.

Hoje eu estou igual a muriçoca
Dormindo de dia
E ferroando de noite...

Que eu me lembre de ser feliz enquanto ainda estou vivo.

Estou à procura de um ônibus com destino à felicidade.

Amor é quando eu não consigo prestar atenção na aula, porque estou muito ocupado escrevendo o primeiro nome dela com o meu último nome.

Estava rindo, quente, quente.

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto A menor mulher do mundo.

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Estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiura e sua beleza e me pergunto como uma coisa pode ser as duas.

Ninguém, sabe, mas dói!
Dói mesmo quando estou rindo, mesmo quando aparento estar feliz, mesmo quando aperta demais a saudade mas eu preciso fingir que estou bem.
Mas eu não estou!
Porque quando Deus nos leva um grande amor, uma parcela da vida da gente vai junto.
Enterramos uma parte de nós, de nosso coração, da nossa felicidade, da nossa certeza de que amanhã será um dia melhor.
Porque já não existem mais dias melhores.
Há apenas o passar das horas, a lembrança dos momentos vividos, a saudade do que nunca mais virá...
E sangra, e espreme a gente de dentro pra fora, e a gente sofre, chora, se agonia...
E o sorriso passa a ser só um artifício para se evitar perguntas, para se evitar as lágrimas nos olhos, a dor que sufoca e maltrata, maltrata e maltrata...
Porque não há cura para alguém que fica quando o outro se vai.
É metade da gente que se foi, mas o amor ficou...e a gente cuida, como se cuidam das feridas mal cicatrizadas.. como se cuida do que não queremos que morra também...
Dói, mas de alguma forma, a gente resiste, persiste e insiste em se manter de pé...
Afinal , a gente sabe que a dor será infinita, pois não se cura algo que nem é doença.
Porque como eu disse, é só amor... é só amor!

Sou critica, antipática na maioria das vezes. Se estou rindo, é de bobagens. Desconsidero pessoas que falam da vida alheia. Não me importo se falam de minha vida, só não aceito. Sou por muitos chamada de estranha. Mas enfim, prefiro ser eu e fazer as coisas do meu jeito, ao ser comandada por o modismo que a sociedade impõe nos dias atuais.

⁠Por isto gosto de pegar a estrada. É bom para fazer você lembrar que o mundo é maior do que o interior da sua cabeça.

⁠As pessoas pensam em si mesmas como pontos se movendo no tempo. Mas acho que é o contrário. Estamos imóveis, e o tempo passa entre nós soprando como um vento frio.

⁠"⁠Bonedog"

Voltar pra casa é terrível, quer os cães lambam o seu rosto ou não.
Se você tem uma esposa ou apenas solidão em forma de esposa esperando você, voltar para casa é terrivelmente solitário.
De tal modo que você pensará na opressora pressão barométrica lá de onde acabou de voltar com afeição, pois tudo é pior após chegar em casa.
Você pensa nas pragas grudadas nos talos da grama, longas horas na estrada, assistência rodoviária e sorvetes e as formas peculiares de certas nuvens e silêncios com nostalgia, porque você nem queria voltar.
Voltar para casa é... simplesmente horrível.
E os silêncios caseiros e nuvens não ajudam em nada, além do mal-estar geral.
Nuvens, do jeito que elas são, são de fato suspeitas e feitas de um material diferente, do que daquelas que você deixou para trás.
Você mesmo foi cortado de um outro pano nublado, devolvido, remanescente, malfadado pelo luar, infeliz por estar de volta, esgarçado em todos os pontos errados, um terno desfiado, maltrapilho, surrado.
Volta pra casa, aterrissado da lua, forasteiro. A força gravitacional da terra, um esforço agora redobrado, desamarrando seus cadarços e os seus ombros, entalhando mais fundo a estrofe de suas preocupações em sua testa.
Você volta para casa afundado, um poço ressecado ligado ao amanhã por um frágil fio de... Enfim.
Você suspira no massacre de dias idênticos, que é melhor aceitar, de uma vez.
Bem... enfim, você voltou.
O sol sobe e desce como uma puta cansada. O clima imóvel como um membro quebrado, enquanto você não para de envelhecer.
Nada se move, além das marés de sal no seu corpo. Sua visão embaça, você carrega o seu clima com você, a grande baleia azul, uma escuridão esquelética.
Você retorna, com uma visão de raio x, seus olhos se tornaram famintos. Você volta pra casa, com seus dons mutantes, para uma casa óssea.
Tudo o que você vê agora, é tudo... osso.

(Poema Bonedog, de Eva H.D.)

⁠Suspeito de que os humanos sejam os únicos animais que sabem a inevitabilidade de suas mortes. Outros animais vivem no presente. Os humanos não podem, então inventaram a esperança.

⁠Ele é um amor. É sensível. Ele me escuta e é inteligente. Mas há algo inefável, profunda, impronunciável e irreparavelmente errado aqui.

⁠Parece que eu estava vendo como eles eram, vendo como serão e depois de eles morrerem.

⁠– Você pode ficar aqui. Não precisa ir.
– Ir para onde?
– Para a frente.