Estou Rindo a Toa

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Acho que estou me especializando em fazer inimizades. Não tenho mais saco pra ninguém. É grave? Tem cura? Um dia vou ter saco outra vez?

Eu não tenho partido, sério. Mas estou com as pessoas que podem mudar alguma coisa, dou a maior força.

Eu estou aqui, você aí, e o aí não sabe a sorte que tem…

É como se eu estivesse esperando… Não sei o quê, não sei quem. Mas parece que estou aqui só esperando que chegue, que chegue algo que vá mudar tudo.

Não sei o que andam dizendo e pensando de mim por aí, sei que estou traçando meu caminho da forma que machuque menos, e desta vez, não estou me preocupando com as consequências.

Estou numa época que prefiro um bom sapato a um homem mais ou menos. Pelo menos o sapato eu sei exatamente aonde ele irá me machucar.

Por que é tão difícil cortar laços, desatar os nós que os unem? Eu estou tentando, digo estou tentando, embora desgastados esses nós sejam tão fortes, tão substanciais. Formados pela rotina e o tempo que o fazem resistentes e dificultosos. Mas eu quero desatá-los; preciso fazê-lo. Só assim conseguirei formar outros, com outros laços; que tenham outras cores, que sejam formados por um material mais resistente e que a erosão do tempo não corroa as linhas que o constituem.

Ora, não sou linda. Mas quando estou cheia de esperança, então de minha pessoa se irradia algo que talvez se possa chamar de beleza.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Adeus, vou-me embora!

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Sinceramente não estou me entendendo mais... não sei de quem eu gosto, ou se gosto de alguém... não sei quem eu quero, ou se quero realmente alguém!

E na verdade, eu tenho muito medo de dizer que estou feliz. Vai que tudo desmorona de novo?

Eu acho que, quando não escrevo, estou morta.

Clarice Lispector

Nota: Trecho de entrevista com Júlio Lerner para a TV Cultura, em 1977.

Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Estou dentro dos grandes sonhos da noite: pois o agora-já é de noite. E canto a passagem do tempo: sou ainda a rainha dos medas e dos persas e sou também a minha lenta evolução que se lança como uma ponte levadiça em um futuro cujas névoas leitosas já respiro hoje. Minha aura é mistério de vida. Eu me ultrapasso abdicando de mim e então sou o mundo: sigo a voz do mundo, eu mesma de súbito com voz única.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Estou habituada a não considerar perigoso pensar. Penso e não me impressiono.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O caso da caneta de ouro.

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E dizer que nunca, nunca dei isto que estou sentindo a ninguém e a nada. Dei a mim mesma?

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Primavera ao correr da máquina.

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Adiar o momento em que terei que começar a dizer, sabendo que nada mais me resta a dizer. Estou adiando o meu silêncio.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Amor é quando eu não consigo prestar atenção na aula, porque estou muito ocupado escrevendo o primeiro nome dela com o meu último nome.

À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta.

Clarice Lispector
Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho do conto É para lá que eu vou.

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Estou à procura de um ônibus com destino à felicidade.

Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.