Estação de Trem
"...E em cada estação que o "trem"
da sua vida passar..
plante sementes do bem...
Espalhe flores pelo ar..."
Sarah: Uma coisa muito estranha acabou de acontecer na estação de trem.
Felix: O quê?
Sarah: Eu vi uma garota se matar.
Felix: Ela pulou?
Sarah: Sim, e ela era exatamente igual a mim.
Parei na estação e entrei no trem. De repente ouvi um grito: -"Espera por mim"! Sem hesitar, continuei, pois não podia olhar para trás. O trem que peguei, não tinha vaga para dissimulado.
BUSCO TEU OLHAR
Foi na estação do trem
que nossos olhares
se cruzaram
e em meio a multidão
se lançaram
na intenção de
lembranças
um do outro guardar
aqueles olhares
tão cheios de curiosidades
não disfarçavam a vontade
de corpos unirem
de beijos trocarem
forte atração no ar
todos os dias quando
por aquela estação
passava, meus olhos
entre a multidão buscava
outra vez te encontrar
Trilhos
Passageiros nos vagões
Despedida na estação
Apita o trem
Difícil não pensar
Trem partindo
Silêncio no coração
Caminhando pelos trilhos
Canto uma canção
Dormir,nada mais que embarcar no trem dos sonhos e partir. Na próxima estação ao amanhecer,desembarcar e partir uma vez mais, já que acordado também se sonha.
PRÁ QUE CARRO?
Chego à estação ferroviária e em ponto o trem dá partida, não me atraso e nem preciso sair mais cedo de casa, há sempre assentos disponíveis, no máximo vinte pessoas em pé por vagão.
Se resolver viajar de metrô, o conforto, a segurança e o horário são prioridades da empresa.
De ônibus nem se fala. Chego ao ponto cinco minutos antes, embarco no horário previsto, há corredores expressos para longas distâncias, com tanto conforto é possível ler jornal, estudar, ouvir música, e etc., chego ao trabalho com antecedência, na volta prá casa, ainda sobra tempo para lazer, nem acredito que ainda posso brincar com meu filho na ciclovia.
__ acorda meu bem, o relógio despertou, vai acabar se atrasando de novo.
"Quando um mineiro
Sai de Minas Gerais
Em cada igreja soa um sino
Em cada estação um trem apita
E naquele homem se anuncia
Que ali vai mais um menino
Deixando a mãe para trás."
Ele permanece à beira do limiar, o vento frio da estação tocando seu rosto enquanto o trem repousa por um momento. A porta aberta à sua frente é um convite silencioso, mas a decisão pesa como um fardo nos ombros. De dentro do vagão, ele observa o caos organizado da estação. Pessoas correm de um lado para o outro, cada uma com seus próprios destinos, carregando sonhos, dores e despedidas. A estação é imensa, cheia de vida, cores que se misturam em um psicodélico turbilhão de emoções, refletindo o turbilhão dentro dele.
É como se o mundo inteiro estivesse em movimento, exceto ele.
Ali, parado no limiar, com os pés ainda dentro do trem, ele sente a hesitação apertar seu peito. O próximo passo não é apenas uma escolha física — é uma decisão que ecoa na alma. Há tanto peso no ato simples de sair do vagão, como se estivesse deixando para trás uma parte de si, uma vida que já não faz sentido continuar. Cada rosto que passa por ele é uma lembrança do passado que tenta se afastar. Há dor, sim, mas também há uma promessa de algo novo do outro lado. Só que para dar esse passo, ele precisa deixar algo para trás, algo que talvez nunca mais volte a ser.
E então ele percebe: a verdadeira viagem não é sobre o destino. É sobre as paradas, os momentos em que decidimos se seguimos em frente ou se ficamos.
A estação pulsa à sua frente, vibrante e viva, mas a escolha é dele. Ficar no trem, confortável no familiar, ou descer, enfrentar o desconhecido e descobrir o que a vida reserva do outro lado?
No fundo, ele sabe que o trem não esperará para sempre.
Eu desci da estação. Não foi fácil, não foi leve, mas foi necessário. Deixei o trem seguir sem mim, e junto com ele, tudo o que não era mais meu, tudo o que me prendia e me fazia duvidar de quem eu realmente sou. Não preciso mais correr atrás de algo que nunca foi para mim. Não preciso fingir que estou bem, não preciso lutar para ser mais do que sou. E isso, de um jeito estranho, me traz paz.
Eu desci carregando cicatrizes que ainda ardem, mas são minhas. Eu as aceito. Não vou mentir: ainda dói. Despedir-se de algo que um dia fez parte de mim sempre vai doer, mas agora eu respiro. Pela primeira vez em tanto tempo, respiro sem sentir o peso esmagador no peito. Não preciso mais medir minhas palavras, não preciso mais pisar em ovos. Não estou curado, não estou inteiro, mas estou livre. E essa liberdade, por mais amarga que tenha sido a conquista, é minha.
Aqui fora, a estação parece imensa. Mas não me assusta mais. O trem que seguiu em frente me deixa para trás, e tudo bem. Eu não preciso continuar naquele caminho. Finalmente, eu estou no meu próprio. A dor ainda me acompanha, sim, mas ela não me define mais. Eu a sinto, mas ela não dita meus passos. O horizonte é vasto e desconhecido, mas ao invés de medo, sinto um leve alívio. Não preciso saber o que vem a seguir, só preciso seguir.
Agora posso ser quem eu sou, sem medo, sem forçar um sorriso, sem tentar me encaixar em algo que nunca coube em mim. E por mais que isso traga uma espécie de solidão, ela é mais confortável do que qualquer máscara que já usei. Eu não preciso ser mais do que sou. E isso, finalmente, me basta.