Esquecimento
E nesse paradoxo da vida,
É destruindo que se constrói
É morrendo que se vive
É no esquecimento a lembrança
É nos meios, o começo e fim de tudo...
Quando encontrar uma pessoa amiga dê-lhe o prazer de um longo abraço... Daqui a vinte anos alguém será esquecido naturalmente...
ENQUADRADO
Emoldurados ficaram os registros dos tempos
Foram muito mais alegrias do que sofrimento
Bela experiência se fez crescer no pertencimento
Traços bem fortes não quedarão no esquecimento
Quadros pra outra parede vão sem ressentimento.
Viver é colecionar
cada acontecimento,
é juntar cada moeda
de alegria ou lamento.
Fica tudo bem guardado,
sem poder ser reusado,
no baú do esquecimento.
ROGO-LHE UMA PRAGA!
Permita-me! Rogo-lhe um praga: Você nunca será capaz de me esquecer!
Toda vez que se deparar com uma curva mais fechada na estrada… Lembrará, inelutavelmente, de que quando eu me calava, era enjoo que eu sentia.
Toda vez que sorver o aroma de um incenso… Lembrará, infalivelmente, que eu sempre perfumava a nossa convivência conflagrando algum bálsamo especial.
Toda vez que observar os fogos de artifício colorirem o céu nas noites de Réveillon… Lembrará, irrevogavelmente, que era ao meu lado que você estava na Princesinha do Mar.
Toda vez que você se arrumar para sair… Lembrará, obrigatoriamente, daquele perfume forte e adocicado que você aspergia e brandia as minhas entranhas.
Toda vez que deparar pelas ruas com alguma beldade de cabelos afogueados… Lembrará, inevitavelmente, da sua pequena raposinha camaleoa.
Toda vez que, derramado em seu coxim, assistir ao seu time favorito na TV… Lembrará, necessariamente, das vezes que estive ali ocupando sonolenta o espaço em seu colo.
Toda vez que o seu corpo for balouçado enquanto alguma música dançante tocar… Lembrará, fatalmente, que foi enlaçado em mim que você aletradou os seus primeiros passos.
Toda vez que assistir a um filme no cinema… Lembrará, absolutamente, das nossas inteligentes sessões comentadas rodeadas de comida oriental.
Todas as vezes que se deparar com uma palavra nova em outro idioma… Lembrará, irreparavelmente, da minha nada melodiosa voz cantarejando um trecho de alguma música com aquele vocábulo.
Toda vez que observar uma tatuagem colorida, se destacando em alguma derme… Lembrará, decisivamente, da lenda do Navio Fantasma, que eu te contei para eu poder fazer só mais duas.
Toda vez que estiver na cama, pronto para dormir… Lembrará, irremediavelmente, de que eu gostava de “boas noites” com flores, corações e pronomes possessivos.
Toda vez que você abrir as suas gavetas e procurar alguma roupa… Lembrará, invencivelmente, do quanto eu me deliciava com o furto e o conforto de dormir sorrateira com alguma de suas regatas.
Toda vez que retornar arranhado de uma nova ou frequente peripécia… Lembrará, irremissivelmente, que sempre oferecia os meus beijos, carinhos e chás para debelar os seus machucados.
Toda vez que sacudir a coqueteleira, misturando as frutas, o gelo e o rum… Lembrará, forçosamente, daquela única noite que, eu até evitei a vodca, mas acabei me afogando no último copo de uísque.
Toda vez que o aroma do café forte coado invadir a sua vivenda… Lembrará, implacavelmente, que nenhum prolapso me privaria de amanhecer assim.
Toda vez que perceber alguma dama com a boca, os saltos e as unhas escarlates… Lembrará, inexoravelmente, que foi de carmim que eu me pintei para o nosso primeiro encontro.
E se por fim e por ventura… Requerer uma oração que te livre dessa jura… Substituído precisará ser o seu coração, para que, enfim, se desfaça essa sua bendição.
Amem!
Não é porque alguém não tem amigos, que não gostaria de ter.
Não é porque alguém está distante, que precisa ser esquecido. Muito provavelmente isso só ilumina o que não conseguimos ver.
Não pretendo parecer o primeiro a ter pensado ou escrito isso. Por sua simplicidade, seria impossível. Ainda assim, apesar de óbvio, é preciso ser apontado: perdoar é esquecer.
Te esquecer!!!
Quando resolvi te esquecer peguei um caderno e comecei a escrever
cada coisa que ouvi de sua boca que me fizeram recuar e por vezes
até mesmo chorar.
Quando resolvi te esquecer quebrei todas as regras que me faziam um
alguém melhor, me tornei amarga, triste.
Quando resolvi te esquecer, senti um um breve momento de satisfação,
uma breve liberdade, acompanhados de um breve sorriso.
Quando resolvi te esquecer vi algo florescer, pensei ser algo bom
que por fim traria o esquecimento do que foi "você"...
Então floresceu em mim, desesperança, tristeza, uma escuridão gélida e sombria.
porque tudo o que eu entendia de mim, era "amor".
E quando eu resolvi te esquecer, forcei-me a negar a mim mesma,
pois tudo que sinto por você é reflexo do que sou...
E quando resolvi te esquecer, quase me esqueço junto a ti.
Desejo que você tenha um carinho imutável por mim. Que você possa sempre me entender. Que teus olhos não se esqueçam do encontro com os meus. Que teus braços possam sempre me comportar. Que tuas mãos não se esqueçam das minhas. Que teu corpo não se esqueça do meu. Que você não se esqueça de mim.
''Penso tanto em quem sou,
Que muitas vezes esqueço até de ser.
Viver no futuro me parece,
Mais atrativo que o agora viver.
Em meu futuro a derreter,
Não existe bobeirinha.
Só um monte de estrelinha.''
Às vezes, a saudade tem prazo de validade; se me esqueces, não me resta alternativa senão aprender a te esquecer também.
Eu não entendo, por que nós temos voz e não gritamos?
Quando foi que aprendemos a não sermos quem nós somos?
Quando foi que esquecemos os sentimentos que temos?
E quando foi que deixamos o amor no esquecimento?
Quando foi que mudamos ao ponto de não lembrarmos a essência da nossa existência,
Abraçarmos os erros?