Esquecimento
Às vezes esqueço de mim
Um esquecimento tímido e modesto
Que vem me inundando, me preenchendo
E quando vejo, sou apenas metade do que era
Às Vezes esqueço de mim
E os segundos passam tão lentamente
Que posso parar para refletir
Sobre as nuâncias do tempo
Às Vezes esqueço de mim
E mesmo conciente deste fato
Convenço-me de minha natureza humana
Falha e egoísta, falsa e irônica
Sim, eu às vezes esqueço de mim
E de minha fragilidade
Às vezes esqueço de mim
Só para lembrar, mais uma vez
De ti
Eu sou incapaz do esquecimento. Lembro de tudo. Isso não é exagero, na verdade, eu sou incapaz de exagerar.
Sem a faculdade do esquecimento, nosso passado pesaria de forma tão esmagadora sobre nosso presente que não teríamos a força de encará-lo e revivê-lo um só instante, quem dirá confrontá-lo. A vida não parece suportável senão às naturezas leves, aos esquecidos.
No dia no esquecimento me mandaram te esquecer, mas como eu sou esquecido, esqueci de esquecer você!
Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
(...)
Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas...
Para ti
se o esquecimento
ainda não lhe bastaste
me procura nos pássaros,
no silêncio, na chuva
busca sem fim
o detalhe no instante
e a música virá
espera...
(escuta)
Para ti II
o sem tempo
da beleza
arde os olhos
(até goteja)
O verdadeiro fim não é a morte, é o esquecimento. Afinal, até Aquiles que não tinha medo da morte, tinha medo de ser esquecido.
A distância não serve para o esquecimento, e sim para nos dar a certeza de que a cada dia que passa aprendemos a gostar mais de quem sentimos saudades.