Esquecimento
Lembre-se sempre, que o esquecimento é um suícidio para a alma! Mas como a alma é imortal impossível te esquecer!
E distância alguma é longe o bastante capaz de arrancar você de dentro de mim.
O esquecimento é uma virtude de poucos. Os sábios chamam de doença.
**Perto do Esquecimento**
Tenho um armário onde guardo coisas
Que me foram caras;
Construí num lugar de difícil acesso,
Propositalmente,
Perto do esquecimento,
Onde a tristeza faz a curva,
A decepção rega o pântano e
A indiferença é adornada por arbustos;
Chegando lá,
Abro o armário com a reverência
Que requer um altar,
Com o silêncio de uma casa vazia,
Vozes que um dia foram pleonástica,
Hoje, insipientemente, zeugma;
Confesso que antes de abrí-lo,
Balanço como uma rede
Numa tarde de inverno,
Pois lá estão os restinhos
De tudo que tenho pena
De descartar,
Talvez por ainda gostar
Ou querer recoradar,
Não esquecer...
Sei lá!
Sobreviver nas lembranças do esquecimento não é bom mas viver na saudade do já é dito esquecido consegue ainda ser pior.
Tem momentos que caímos rápido no esquecimento. Pedem pra lutarmos, mais conosco não lutam a nenhum momento. Não julgue se mudarmos amanhã, porque a calçada fazia muito frio pela manhã.
'Esquecimento.
Querendo apagar o meu passado da minha memoria , uma coisa impossível.
Coisas que já mais fiz, coisas que já mais pensei que algum dia eu iria fazer.
Loucuras, lutas, arrependimento;
Loucura minha tentar ti esquecer. tentar ti apagar da minha memória.
Lutas diárias para poder ti conquistar dia a pós dia.
Arrependimento por não ter ti visto como um grande amor, mas eu ti vi como um grande amigo.
Esquecer o homem que mi tornei hoje. Querendo ser criança o tempo todo, querendo apenas um pouco de atenção. Querendo esquecer um pouco do sofrimento e da dor.'
Não quero o esquecimento. Seria uma injustiça esquecer. No esquecimento há uma certa indiferença que mostra de maneira cruel que não teve importância. O que não é verdade, não confere. Tudo é aprendizado, tudo é escola, tudo vem por uma razão. E em prol da razão de ter sido não merece ser esquecido.
Até o que morre merece lembrança, merece um memorial que resgate o que se viveu. Não quero o esquecimento, nem a negação. Quero a matéria prima para construir a ponte que leva a algo nobre, ao crescimento.
É fato que ao lembrar pode vir a dor, a decepção, sentimento de impotência talvez, mas vem no pacote o que aconteceu de bom em tudo o que existiu de verdade por permissão. E, se houve verdade nessa história toda, não quero o esquecimento.
Sou
Sou livros, café, música, pintura, drama, tragédia, humor, amor, confusão, esquecimento, madrugada, caneta e papel, fuga, domingo, viagem, paixões, segundos, cicatriz, lágrima, melodia, rabisco, cifras, raiva, susto, espanto, contentamento, arrepio, nuvem, raio, estrelas, fechadura, vento, surpresa, saudade, órfão do mar, escuridão, melancolia, pensador, sombrio, simpatizante, preocupado, vertical, macio, provador, castigo, partícula, sozinho, calor, horas, outono, sério, culpa, erro, finitude, oxigênio, carbono, química louca.
Sou o que sei o que deixarei de ser em breve. Sou átomo em ação os olhos de Deus!
Gostaríamos que o que não foi dito caísse no esquecimento... mas não! O que não dizemos, acumula-se no nosso corpo, enche a nossa alma de gritos mudos, e ela chora em silêncio.
O que não foi dito, transforma-se em divida, insónia, dor de garganta, nostalgia, algo pendente.
Você sabe para a onde vão as palavras que não foram ditas?. O que não foi dito não morre, mata-nos ...
Cometi o pior dos pecados que um homem pode cometer. Não fui feliz. Que as geleiras do esquecimento me arrastem e me levem, sem piedade. Meus pais me engendraram para o belo e arriscado jogo da vida, para a terra, a água, o ar, o fogo. Eu os decepcionei. Não fui feliz. Não cumpri sua vontade. Minha mente se dedicou às perfídias da arte, que tece inutilidades. Legaram-me coragem. Não fui valente. A sombra de minha infelicidade está sempre ao meu lado." (texto extraído do livro "Kafka para sobrecarregados" de Allan Percy, atribuido a Jorge Luís Borges)
O abraço muitas vezes
nos salva da morte,
do entediante esquecimento.
O abraço nos dá a certeza
de que não estamos sozinhos
pelo aconchego deste "abraçar".
Não há distância tão grande ou esquecimento tão amplo, que furtem de mim a fina magnitude dos seus olhos e o abundante arrebol que adorna a nudez dos seus lábios
Do céu sorvi a ventura;
Do inferno, o esquecimento;
Voei planícies distantes;
Ansiando comprometimento...
Do inferno tive a brasa ardente;
E a insanidade que maltrata;
Do céu tive o amor resplandecente.
Da lucidez que retrata;
Do fogo conheci a dor;
Da água, o amor;
Abaixo o beijo da morte;
Que por pouco não me levou;
Do amor tenho o céu;
Que assim, me curou;
Do ódio, o inferno;
Que infindavelmente, será meu pavor;
Céu, Inferno [...] Paraíso!
[Epílogo]: Entre o Céu e o Inferno