Espaço
Se forem constantes as mudanças no mundo e nas pessoas que o habitam, também há de serem constantes as mudanças nos espaços em que estes seres são “ensinados”.
O autoconhecimento é um ciclo que respeita o tempo e o espaço. Acredito que, com a certeza da nossa finitude, toda a nossa força [interior] é redobrada para a descoberta! A certeza da morte é algo vago para muitas pessoas que fogem desta realidade. Precisamos viver bem. Devemos existir e sermos não só sonhadores, mas construtores de nossos sonhos.
O universo se torna mais interessante ainda quando se descobri além da sua extraordinária forma macroscópica ampla como a sua a sua física quântica num universo pequeno aos nossos olhos e tão carregado de complexidade quanto a imensidão do espaço.
É hora de deletar algumas lembranças e ganhar espaço na memória pras experiências que estão por vir.
"É vontade de todos e de qualquer um conseguir muitas coisas, ser tantas coisas, estabilizar-se diante de tais coisas.
Via-se caminhando contrário à coisas e pessoas, situações e normalidades.
Nada quis conseguir, ser ou parecer.
Do contrário, quis chegar ao espaço jamais visitado, empoeirado e temido,
O último espaço do ser..."
Sabendo-se que o espaço e o tempo são entes conexos e inseparáveis, é erro (da necessidade ou ignorância) ou ilusão (da carência) supor que uma fita métrica eufemizará o que o relógio não houve resolver.
O que o amor tira.
Eu queria falar sobre o amor hoje. Pelo menos sobre essa visão tão perdida e estranhamente vivida que eu tenho dele. Eu estava lendo a Marla de Queiroz numa dessas manhãs antes de ir ao trabalho, e ela dizia: “O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora”.
O amor tem seus sintomas. Um amigo está conhecendo uma garota, e sempre que terminam de se falar ele sorri pra mim e diz: “Cara, acho que me meti numa roubada”. Nem presto tanta atenção nas palavras dele, mas no sorriso. O amor é sintomático. Ele tira o nosso olhar sisudo sobre o cotidiano, e nos faz lembrar de sorrirmos mais, nos importarmos mais, nos enfraquecermos. Ele se esgueira em nosso dia a dia extremamente igual, e o torna diferente. É a tinta colorida de um dia preto e branco, e a pitada secreta de anis do meu molho bolonhesa.
Esses dias me disseram: "Depois de tudo que eu amei, eu descobri que tenho um coração de pedra". Eu quase o abracei e disse: “Tamo junto”. Mas estou tentando ser diferente agora. Penso que, ainda assim, o amor faz doer pra lembrar que ainda estamos vivos. Por isso não gosto da “lei do desapego”. Ela não se paga. As mesmas pessoas que têm se declarado desapegadas, no fundo não escolheram isso. Elas não praticam o desapego, são reféns dele. Para elas amar pra valer doeu demais.
Então, eu também gosto do que o amor tira de mim, Marla. Ainda que seja meu chão, ou um sorriso eventualmente. Não somos feitos de pedra para vivermos à sua regra. Pois no curso natural da vida precisamos aprender que o correto nunca será desistir das coisas, mas amá-las profundamente. Porque esse é o paradoxo: Se amarmos até doer, talvez não sobre espaço mais para a dor, mas só pro amor.
A vida começa a atingir seu patamar ideal de qualidade quando reduzimos o espaço físico ao limite em que podemos arrumar e localizar cada objeto à noite sem necessidade de luz, e fora dele apenas ao que permite desfruta-la sem emprego de esforço ou dispêndio de tempo para o gerenciamento, com a certeza de que reunimos tudo o que precisávamos para sermos felizes.
Tudo em volta fala. Cada espaço, cada coisa tem uma história. basta apenas compreendê-las e poucos são os capazes de notar.
"O coração onde mora a mágoa, nunca encontrará nele espaço para morar o amor!"
A mágoa é egoísta, não divide espaço, porque mora sozinha.
Facebook - espaço onde se permite liberar a vaidade a toda prova, passar ao outro a imagem daquilo que não se é. Espaço onde se permite apenas concordar, tecer elogios falsos e lisonjear a fim de manter o contato com alguém desconhecido que se supõe ser amigo. Local ideal para solitários e infelizes que se satisfazem com um simples sinal de aquiescência nos posts que ali são colocados. Alienação total.
É impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo; mas não é impossível estar em dois lugares antes da medição válida do tempo.
O AMOR
Algo estranho ronda o espaço
Num endereço inexistente
Num inesperado abraço
Uma força surge em mim
Não sei se posso dizer que sim
Mas (ainda) amo você
São extremas situações vividas
As vezes conto os dias
Dos momentos que tivemos em vindas e idas
Hoje é assim, amanhã duvidas
De tudo tenho certeza
De um amor com clareza
Rompe no céu o amanhecer
Chove sem culpa o dia
Nada se refaz no entardecer
Talvez o dia finde com o ar de quem associa
Uma breve partida
E o amor? Ah! o amor se cria
O amor rompe as fronteiras
O menino se faz homem
O homem se faz guerreiro
Assim se procria no coração
O forte desejo de continuar amando
Mesmo surgindo uma inesperada emoção
Algumas estrelas morreram há muitos anos, porém, durante as suas existências brilharam tão intensamente, que mesmo após suas mortes seus brilhos reluzem no espaço... Assim, acontece com as nossas ações, durante a nossa permanência na terra...
Os espaços deixados em branco um dia serão completados com as cores certas, basta esperar, porque a resposta da vida precisa no fundo de um bom complemento e não apenas palavras soltas ao vento.
EQUILIBRA SEU ESPAÇO
É tempo
De refazer as coisas
De preparar a mala
E viajar
Conhecer o mundo lá fora
Ir atrás da aurora
Vendo o sol raiar
De qual lembrança?
De qual embrança vem este som,
que não consigo reconhecer?
Remete-me a algo,
outro tempo,
outro espaço.
Não sei qual,
não sei onde.
Sei que saiu do meu corpo,
habito outra dimensão.
Lá onde recolho saudades,
e planto gratidão.
Lá posso voar,
dançar como se chuva fosse.
E das lamurias sofridas que ouço,
Faço vento, para planar.
Sou pedra,
montanha,
encostas do mar.
Sou lua
Estrada,
E a força de um cantar
Aquele que ouço
Mas não consigo identificar.
Enide Santos 07/11/14
Me perguntaram:
- cadê você?
Respondi:
- estou aqui.
Voltaram a inquerir:
- fazendo o quê?
Falo:
- vivendo.
Disseram:
- mas você sumiu!
Sorri e disse:
- é que a felicidade precisa de espaço.
Das sombras desde universo exergo ao todo e a tudo, desde antes de me nomearem tempo. Desde antes de qualquer momento, eu sou o instante, o minuto, o olho do universo absoluto, a visão de criança. E a este eu cabe gravar na história a sucessão do todo. E a quem desejar um pedaço de estória fica a tarefa de tomar uma parte do tempo.