Escritores Famosos
Eu bem me entendo.
Não sou alegre. Sou até muito triste.
A culpa é da sombra das bananeiras de meu país, esta sombra mole, preguiçosa.
Há dias em que ando na rua de olhos baixos
para que ninguém desconfie, ninguém perceba
que passei a noite inteira chorando.
[...]
Quem me fez assim foi minha gente e minha terra
e eu gosto bem de ter nascido com essa tara.
Para mim, de todas as burrices a maior é suspirar pela Europa.
[...]
Aqui ao menos a gente sabe que tudo é uma canalha só,
lê o seu jornal, mete a língua no governo,
queixa-se da vida (a vida está tão cara)
e no fim dá certo.
Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou.
Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta.
Eu sou o único homem sobre a Terra e talvez
não haja nem Terra nem homens.
Pode ser um deus me engane.
Pode ser que um deus tenha me condenado ao tempo,
essa longa ilusão.
Eu sonho a lua e sonho meus olhos
que a percebem.
Sonhei a noite e a manhã do primeiro dia.
Sonhei Catargo e as legiões
que devastaram Catargo.
Sonhei Lucano.
Sonhei a colina do Gólgota
e as cruzes de Roma.
Sonhei a geometria,
Sonhei o ponto, a linha, o plano
e o volume.
Sonhei o amarelo, o vermelho e o azul.
Sonhei os mapas-mundi e os reinos
e o luto à aurora.
Sonhei a dor inconcebível.
Sonhei a duvida e a certeza.
Sonhei o dia de ontem.
Mas talvez não tenha tido ontem,
talvez eu não tenha nascido.
Sonho, talvez, que sonhei.
" De hoje em diante, comprometo-me com o direito de ser quem sou, quem eu quiser ser e para onde eu queira ir."
Sou ajudada pela saudade mansa e dolorida de quem eu amei. E sou ajudada pela minha própria respiração.
Eu sou o meu próprio espelho. E vivo de achados e perdidos. É o que me salva. Estou metida numa guerra invisível entre perigos. Quem vence? Eu sempre perco.
[Um amigo é] uma pessoa que me veja como eu sou. Que não me mistifique. Que me trate de igual para igual. Que me permita ser humilde.
FAVELÁRIO NACIONAL
Quem sou eu para te cantar, favela,
Que cantas em mim e para ninguém
a noite inteira de sexta-feira
e a noite inteira de sábado
E nos desconheces, como igualmente não te conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro:
Baixou em mim na viração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
...
Aqui só vive gente, bicho nenhum
tem essa coragem.
...
Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
Medo só de te sentir, encravada
Favela, erisipela, mal-do-monte
Na coxa flava do Rio de Janeiro.
Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmão,
custa abandonar nossos privilégios
e traçar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benévolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas, favela, ciao,
que este nosso papo
está ficando tão desagradável.
vês que perdi o tom e a empáfia do começo?
...
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Não sou o único: todos os homens estão sujeitos a sofrer dores e ilusões, e ver seus sonhos frustrarem-se.
Às vezes sou tentado a me admirar, e isto me causa a maior admiração.
Esse coração tá na linha de tiro e você nunca erra
Só com seu sorriso já ganhou a guerra
Ai, sou todo seu
O tempo é um rio que me arrebata, mas eu sou o rio; é um tigre que me destroça, mas eu sou o tigre; é um fogo que me consome, mas eu sou o fogo.
Quando eu me comunico com criança é fácil porque sou muito maternal. Quando me comunico com adulto, na verdade estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma, daí é difícil... O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia solta.
Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” cairia estatelada e em cheio no chão. É que “quem sou eu?” provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.