Escritores Famosos
Quem gosta de escrever cartas para os jornais não deve ter namorada.
Ainda não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever.
Não quero perguntar por quê, pode-se perguntar sempre por que e sempre continuar sem resposta: será que consigo me entregar ao expectante silêncio que se segue a uma pergunta sem resposta? Embora adivinhe que em algum lugar ou em algum tempo existe a grande resposta para mim.
"Hoje eu quero pedir a cada um de vocês que busque significado para a sua vida, não faça da vida dos outros o sentido da sua! Vamos ser mais felizes? Beba água! Treine! Se ache especial! Comigo sempre deu certo!"
Eu às vezes tenho a sensação de que estou procurando às cegas uma coisa; eu quero continuar, eu me sinto obrigada a continuar. Sinto até uma certa coragem de fazê-lo. O meu temor é de que seja tudo muito novo para mim, que eu talvez possa encontrar o que não quero. Essa coragem eu teria, mas o preço é muito alto, o preço é muito caro, e eu estou cansada. Sempre paguei e de repente não quero mais. Sinto que tenho que ir para um lado ou para outro. Ou para uma desistência: levar uma vida mais humilde de espírito, ou então não sei em que ramo a desistência, não sei em que lugar encontrar a tarefa, a doçura, a coisa. Estou viciada em viver nessa extrema intensidade. A hora de escrever é o reflexo de uma situação toda minha. É quando sinto o maior desamparo.
Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. (...) Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios.
Eu te Amo mas não te quero de volta, não quero que meu coração pule de novo para fora do peito e se despedaçe novamente no chão - tô tão bem...
Quero Colo
Como eu queria muito
O colo de minha mãe!
E voltar a ser criança
Novamente.
E nunca mais me soltar
Nesse mundo hostil
E ficar seguro de teu amor
Imortal que era só da gente.
E mesmo se eu correr
Por essas esquinas escuras
E ralar meus joelhos
Grito teu nome, peço socorro
Minha heroína vem a mim
Nesses encontros dramáticos
Dos caminhos que escolhi mesmo.
Hoje estou solto no mundo
Não tenho mais o colo materno
Daquela que me deu a vida
E me amou incondicionalmente.
Hoje busco outras formas de colo
No mesmo molde de ternura
Carinho, afeto e muito amor...
A felicidade de um menino
Em meu colo inexistente.
Um colo é a coisa mais importante
No que a gente possa ter na vida.
Sem falar da segurança, proteção,
Você é bem guiado e orientado
Nos domínios sombrios desta terra
E isto precisa ser mais cedo
Como tive o colo da minha mãe
Como tive o colo da minha irmã
Hoje tenho colo da minha esposa
Hoje tenho colo deste meu afã:
Quero ser muito feliz ainda,
Mas tenho muito, muito medo!
Fora as vezes que vi por televisão, só assisti a um jogo de futebol na vida, quero dizer, de corpo presente. Sinto que isso é tão errado como se eu fosse uma brasileira errada.
Eu quero simplesmente isto: o impossível. Ver Deus. Ouço o barulho do vento nas folhas e respondo: sim!
Quem eu quero ver não vem e receber pessoas estranhas é uma troca insuportável.
Eu não quero ser eu só porque tenho um eu próprio. Eu quero é a ligação extrema entre a terra do Brasil e eu.
O Mundo é um Moinho
Cartola
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés
Carlos Drummond de Andrade
“Alguns, como Cartola, são trigo de qualidade especial. Servem de alimento constante. A gente fica sentindo e pensamenteando sempre o gosto dessa comida. O nobre, o simples, não direi o divino, mas humano Cartola, que se apaixonou pelo samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada. O som calou-se, e "fui à vida", como ele gosta de dizer, isto é, à obrigação daquele dia. Mas levava uma companhia, uma amizade de espírito, o jeito de Cartola botar lirismo a sua vida, os seus amores, o seu sentimento do mundo, esse moinho, e da poesia, essa iluminação.
(Carlos Drummond de Andrade)
'Caminhava com desembaraço e viveza; e pelo andar, que mostrava não lhe ter ainda pesado a vida, conhecia-se que era moça.'
Wilhelm, exaspero-me ao ver como há gente incapaz de compreender e sentir as poucas coisas que ainda têm algum valor sobre a terra.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.