Escritor
Tentamos viver, mas tem sujeitos que não querem que vivamos - contra esses é que lutamos para nos mantermos vivos
Tapam os ouvidos, porque o que eu digo tiram eles de um conforto velado, conseguido em detrimento do povo
Tem coisas que só consegui revelar hoje. Não porque antes não era capaz. Na verdade, atrasaram-me muito, a oportunidade, conquistada com muita luta, de mostrar meu valor, veio somente agora
Cresci aprendendo a admirar pobres guerreiros que venceram a pobreza com muita luta - pra esses sempre bati e baterei palmas
Poetema :: Alexandru Solomon
Carnaval
Como sempre, o deus Cronos brinca com a ampulheta.
Descobrimos um remédio, batizamos um cometa,
E cansados dessa vida, desse monte de misérias,
Decidimos dar um basta e tiramos umas férias.
Uma fuga, um subterfúgio ou será escapadela?
Para todos os efeitos , ele fica longe dela.
Céus , que será do mundo com o meu afastamento?
Pois garanto: Desprezível será todo seu tormento.
Cessará tudo que é guerra e se instaurará a trégua?
Sobre todos os pecados alguém passará a régua?
Ou como diria Dante do Inferno ao Paraíso,
Haverá um só caminho e seria seu sorriso?
Desde quando um feriado conseguiu esse poder?
Logo chega a quarta feira e o tempo de sofrer.
A folia implantada sob momesco patrocínio
Só reforça o pessimista e amargo vaticínio.
É um tríduo marcante, uma doce fantasia,
A miséria por instantes dá a vez à poesia.
Se o frevo entusiasta levantou toda poeira,
Ela logo se assenta, a partir da quarta feira.
Por saber que tudo é sonho, brincadeira dos sentidos,
Uns e outros aproveitam os momentos divertidos
E procuram, quando muito, prolongar a ilusão.
Erra quem se acomoda e prefere a inação.
Ao diabo a compostura e as tolas convenções.
Carnaval é carne vale, o recanto das paixões.
Um Pierrô desempregado dá adeus ao sossego,
Sobra tempo o ano todo para a busca do emprego.
*Do livro ´´Desespero Provisório``, Ed. Edicon.
O sistema toma o nosso livre arbítrio - se o queremos de volta ele rapidamente arruma uma forma violenta de banir a gente, deixando-nos à margem da resignada sociedade que o serve
Eu nem vim de mim mesmo, se querem assim saber.
Vim da sensação causada pelo ensejo. Da generosa alvorada que eriçou meus pêlos.
Tornei-me quando uma visão ampliada de mundo escancarou-se bem aqui no profundo e verteu-me em vários.
Determinados pensamentos podem nos levar por caminhos que não são, nem de longe, soluções, e precisam ser logo apagados; pois se dermos corda e deixarmos eles se fixarem na nossa mente, buscarão esconderijo em uma parte frágil de nosso cérebro, incapaz de combatê-los, e serão capazes de regar a sementinha do mau que todo ser humano possui e que fica à espera de tais pensamentos para se agarrar e conseguir ser fertilizada, visando em seguida ramificar-se para a alma.
"Não adianta querer enterrar o passado. Ele é zumbi e se mistura com outras novas criaturas. Poucos podem vê-lo."
Trava-me tudo a solidão
Tira de mim a ânsia preponderante e o que me desperta para coisas sublimes
Amordaça minha escrita, silenciando meus pensamentos
Me torna inútil diante de tanta angústia e vazio a corroer-me enquanto escuto o zunir de uma mosca sobrevoando os restos de alimento na louça suja que ainda não tive forças para lavar
Há outros que tiveram a ideia de usar a palavra alba e a palavra atroz, mas somente eu tenho a cicatriz, como Ulisses tinha e que, por causa dela, foi reconhecido pela velha ama Euricléia. Eu tenho o acento na vogal "o" (atróz). Ainda que exista outro híbrido Alba Atroz, somente eu tenho a cicatriz, o espinho na carne, e me chamo Alba Atróz.
Pergunte de vez em quando: para que serve o que estou fazendo agora? Devo continuar agindo assim? Reflita um pouco, melhore alguma coisa, e vem ai uma nova felicidade (Nelson Locatelli/escritor)
Engole a esperança e o otimismo a seco mesmo. Agora pode parecer ruim, mas já vem o efeito positivo em forma de um novo tempo feliz (Nelson Locatelli/escritor)