Escritor
Escritores inteligentes são desbravadores e iluminadores da eternidade, muitos caminhos são abertos e clareados para sempre quando suas palavras são redigidas e disponibilizadas à humanidade.
A leitura e a escrita nos remetem à abreviação do sofrimento. Quando as usufruímos, nos permitimos evoluir e proporcionar evolução da vida humana e do mundo.
Só quem escreve sabe o peso de cada palavra. Da ficção, à realidade sempre há um pouco de si, de suas verdades. Fora o imensurável prazer, quando se percebe, que apesar das diferenças, somos tão iguais, pois, o que se escreve também se encaixa no necessitar de outro alguém. Não importa se amadores, consagrados ou só por passatempo. Escrever sempre será o ato de derramar-se, porque não se pode conter a tempestade de palavras que se tem na alma. Há varias maneiras de expressar-se, e através delas busca-se a liberdade. Na escrita, nada difere, cada palavra desacorrenta, é como um aplanar suave sobre os nossos sonhos, e uma brisa que se sente quando conseguimos fugir do que nos aprisiona. Escrever sem dúvida também é um ato de coragem, pois, nem todos aceitam se expor. É quando se transforma o “eu” em palavras, desnuda-se alma, e você está ali em cada ideologia, crença, poesia, escrito, ficção, em cada linha, em cada pensamento.
Ainda que pareça vão cada palavra, sua missão é rara, é dádiva. O segredo é sempre utilizar das armas que tem, para o bem. Utilizar-se da escrita para mover o próximo para o novo, para seguir sempre em frente e ver a vida de forma realista e consistente.
Escrever é um ato de libertar-se, a mesmo tempo em que se alforria outras mentes.
Precisamos amar descontroladamente, o máximo possível, sem nem ao menos pestanejar, afinal, não ficaremos muito tempo por aqui.
Numa segunda-feira fresca de agosto,
Novidades repetidas soavam no rádio.
Asami despertou, com o assovio Angelical dos rouxinóis.
Lavou seu rosto na bacia,
Escovou os dentes,
Arrumou seus lençóis,
Calçou os sapatos de feltro,
Após colocar as meias de algodão,
Seus tornozelos doloridos,
Um repuxão, devido à queda do balanço.
Mas surgia um novo dia,
Ela enrolou seu lenço no pescoço,
Mostraria àquele parquinho,
Quem era a menina das acrobacias,
Desceu as escadarias, ligeira;
Na mesa comida típica,
Um desjejum de algumas delícias.
Mamãe abotoou a gola de linho,
Penteou seus cabelos, fez carícias,
Regou as plantas com carinho.
Colheu um ramo de cerejeira,
Organizou a estante, os bibelôs
E as porcelanas na penteadeira;
Encostou as tramelas dos vitrôs.
A esta altura estava atrasada,
Asami ficou sem carona,
O ônibus passou na estrada,
Teria ela uma maratona.
Uma milha a pé caminhou,
Pelo bosque sacro andou,
Uma árvore de Ipê avistou,
Cruzando a praça e a venda.
Nunca viram seu rosto,
Não sentiram o gosto do café,
Esqueceram que existe pureza, Tornaram-se escória, ralé.
Num abismo ruiu o humanismo,
Perpetuou-se o sacrilégio,
Entre o maligno e a bondade,
Um eterno conflito cego.