Escritor
Num mundo de ganância e injustiça, a sensibilidade intrínseca nos bons deixa-os em estado de vulnerabilidade para morrerem jovens nas mãos de frios algozes
Escrever pra mim é uma questão de saúde -
eu confesso. Não consigo conter-me internamente de tantas reflexões que me ocorrem diariamente. E minha oralidade limitada não suporta a grande quantidade de ideias que me abarrotam a ponto de sufocar-me - assim a única maneira de limpar-me com eficácia, evitando um acúmulo depressivo, é externando tudo através da escrita.
Conversa (des)afinada, por Alexandru Solomon
Uma fábula moderna
Determinado cidadão incomodado com o visual do Lula, nutre o projeto de raspar-lhe a barba. Daí, sabedores dessa vontade secreta, um barbeiro e um ajudante (de barbeiro, obviamente) marcam uma reunião com o sonhador. Na reunião o barbeiro louva seu talento em raspar barbas e oferece-se para ajudar. No meio da reunião que decorre em ambiente cordial, discussões sobre qualidades de navalhas rolam soltas, meu personagem ouve uma batida na porta. Entra o tio... dele que pede desculpas pela invasão, mas como conhece o barbeiro cumprimenta polidamente e sai.
Terminada a reunião, o barbeiro liga para um amigo dele que não pode comparecer ao meeting (com o perdão pelo horrível neologismo) e comenta o que foi discutido. “O tio está acompanhando”, diz ele. Por acaso, a ligação é interceptada por autoridades (com autorização judicial, naturalmente) e a frase pinçada – “a barba do Lula poderá ser cortada e o tio participou da reunião” faz alçar sobrancelhas preocupadas nas mais altas esferas. Pergunta-se. O meu personagem deve ser preso por intenção de agressão ao melhor presidente que o Brasil já teve, na apreciação algo imodesta do próprio? O tio que entrou e cumprimentou deve ser processado também por participação na trama sórdida?
O maior defeito de fábulas desse gênero é induzir os leitores a procurar algum vínculo com situações reais, o que seguramente não é a intenção do autor (da fábula)
Como dizia Baltasar Gracián, uns séculos atrás: ´´Alguns fazem caso daquilo que pouco importa e deixam de lado o que tem muita importância´´. Mas isso valia no século XVII, não é mesmo?
UMA DICA! A cada novo dia, tenha um caso diferente consigo mesmo a partir do melhor que você viveu ontem (Nelson Locatelli, escritor)
A SOLUÇÃO, muitas vezes, é um bom encontro seu com o seu próprio eu levando em consideração a verdade sem rodeios (Nelson Locatelli, escritor)
Motivar-se durante a vida, sem nenhuma remuneração, só pelo prazer em si, é, no fim, enfrentar as duras consequências impostas pelo sistema capitalista
Dirão que fracassou porque aquilo pelo que se doou não rendeu grana alguma, mesmo que tenha tido e dado prazer
A sensação de impotência surge quando necessito de um aval de alguém a quem foi dado o poder de bloquear-me de executar algo que me traz prazer
Determinadas sensações nos tomam poderosamente para libertar a alma de um cárcere onde ela quase sempre se encontra amordaçada pela fria razão
À sombra do meu fragilizado sorriso vive um ser magoado que, infelizmente, insiste em manter-me triste
Uma fala, um gesto, uma canção, uma paisagem, um semelhante que passa diante dos meus olhos tem o poder de me levar de volta ao passado ao rejuvenescer minha rica, mas envelhecida memória
Não tive discernimento antes quando era o que eu mais precisava pra não sofrer os atuais problemas que me atormentam
Mesmo tentando não consigo não me envolver emocionalmente com as pessoas sofridas. O sofrimento delas me abate profundamente
Mesmo tentando não consigo não me envolver emocionalmente com o testemunho de pessoas sofridas. Não consigo ficar indiferente. O sofrimento revelado a mim me abate profundamente