Escritor
Enquanto outro infalível ciclo se encerra,
O que resta a nós,
Meros contabilistas sentimentais emocionados,
É a tentativa de (qualificar) liquidificar,
Aquilo que valeu a pena,
No intuito de extrair da equação,
Diminutos recortes valiosos, molhados,
Deste fascinante mosaico espontâneo,
Que compõe nossa infantil e grandiosa
Homeostase sentimentalista.
Aportamos assim,
Na seguinte justificativa de que,
Nunca fomos muito bons em nada,
Mas sempre demos conta de uma série de coisas.
Firmeza Oportuna diante de Promessas Irrecusáveis
Constato o resfriamento
Que nos acometeu.
Avanço.
Apesar do estreitamento
E da redução de tudo que nos é caro.
De acordo com nossa costumeira agilidade,
Sem cerimônias inicio assim:
Eu assumo ser o melhor.
E sou o melhor em ser exceção.
Somente um coeso
Desmantelamento,
Para a ótica da liquefação,
Se mantém fundamentado,
Estanque.
Qual o objetivo desta afirmação ?
Nenhum. Exceto aquela insuportável
Aflição lombar,
Proporcionada pelo estresse Irreparável,
Dos anos de servidão angustiante,
Do qual, talvez um dia possa se divorciar.
Ao somarmos o sofrimento de uma vida,
Concluímos que toda e qualquer morte,
Não pode ser outra coisa, senão branda.
É possível que levemos
Muito tempo ainda
Para compreender,
Quão estratégica era a atitude dela,
Soube esperar o momento certo,
Algo extremamente difícil
Até mesmo para quem é munido
E amparado por longos períodos
De experiência prática de vida,
Mas sim, ela sabia esperar
E o desfecho sempre será surpreendente,
Se permitirmos, com que ele aconteça.
Despeço-me da letra,
Do leitor e da leitura;
Para estar com ela.
Lamentavelmente,
Não sei contar histórias,
Nunca aprendi.
A narrativa que me perdoe,
Mas foi na rima que me perdi.
O amor me incendeia
de tal maneira que
Que faço de mim companhia febril
Adoeço de tanta paixão
Paixão que incendeia dois
Em mim, é amor que explode em apenas um.
Funeral
E está escrito em sua lápide em letras garrafais:
"A garrafa esvaziou-se, mas este ainda morrera cheio, cheio de álcool, cheio de amor."
Brunná e a Esperança que não Cessa
Havia tudo sido combinado,
Com cautelosa antecedência,
No prazer a apreciação,
Do repouso ao movimento e potência.
Mas quem afinal
Dentre estes que arriscam prever,
Haveria de enfim suspeitar,
Que tanto talento irrompe,
No dilúvio devastador de poder.
Tu podes tudo o que pensas ?
As perdas pertencem ao pódio ?
Conquistas são consequências,
De derrotas, do amor e do ódio.
Brunná e a Esperança que não Cessa,
Se intensifica e não cessará.
Posso afirmar bulhufas de fato,
Exceto pela parte que me toca,
Insisto que teu toque provoca,
A esmagadora prova de que
O que pode ser provado,
É ciência que não nos interessa.
Quando somos nós emparelhados,
Denominadores elevados na infração,
Tua força atenua o fardo,
Favorece a fibra que nos fortalece,
Alicerçando esta fluência temperada,
Forjada no furor que enrubesce.
Da infinitude feições prováveis,
Na infinidade rejeições possíveis,
Selecionadas delicadamente,
Nobres critérios irrepreensíveis.
Quando se perde tudo,
Ganha-se motivos para afrontar.
A Esperança determina
A quantidade de perdas,
Na tentativa de encontrar.
Descomplexificando a Vida,
Não há nada nesse entorno
Que seja simples.
Brunná e a Esperança que não Cessa,
Se intensifica e não cessará.
Pragóra
Templo Edificante do Conhecimento - Bradou o Andarilho. Há de ser assim, sapiência vindo de onde se espera. Mas não exagere no uso do verbo esperar, a sabedoria é pra agora.
Rima sobre Rima
(ou a Monografia Senil
de um Inovador Ultrapassado)
Do barulho infernal,
Ao brilho cegante,
Energia estridente,
Dissipada em instantes.
Nós somos as massas
E as minorias,
Saboreamos o bônus
E as consequências.
Fomos barbárie em harmonia,
Trouxemos uniformidade e conflitância.
Regamos os buquês floridos da melancolia,
Eufóricos desenfreados, anatomistas.
Portamos as causas e as epifanias.
Éforos da argumentação,
Baboseiras intimistas,
Infinitas.
Estratagemas, pilherias,
Ardis e trapaças,
Emboscadas, astucias,
Arapucas, ciladas.
Não fazemos ideia
Dos porquês,
Ocupamo-nos
Apenas, do aroma dos buquês.
Que restem penas,
Cheiros, perfumes, odores,
Penachos, farroupilhas.
Que restem arenas,
Termas, gladiadores,
Pomares, pantomimas.
Que seja esta nossa sina.
Que reste apenas,
Rima sobre Rima.
Crepúsculo eucarístico
(Victor Bhering Drummond)
Sim; eu poderia cometer os pecados da carne,
A fúria da gula
Ali mesmo no pátio da igreja
Na sombra, no sol,
No sino sem tom,
Nos versos de Drummond
Ou sobre os livros apócrifos
Olvidados por santos e hereges.
Mas que pecado cometi
A não ser amar e devorar você
Como o doce vampiro de Rita Lee?
•
••
•••
(Poema inspirado na igreja e restaurante Santa Catalina em Buenos Aires, onde saciei a minha fila e alimentei o meu amor. Ouvindo e lendo Rita Lee)
Ver, de Verônica
Nem só de aleatórias combinações vive a poetisa, mas de toda sobrecarga que lhe é imposta. Doloridos tendões, quanto mais nos atendem, mais tendem a latejar. Propriocepção exagerada em nós. Coloridos vasos pulsantes sanguíneos, atarefados, florescendo veias dilatadas, senhoritas ritmadas, gingam joviais, perfumes orgânicos de ti exalam. Talento para olhar e ver, não somente lar, muito mais que isso, o porto quase sempre inseguro, acolhimento em parto, aconchego em partes, invólucro, lúmen inteiro expandindo, teus diâmetros, nossos perímetros, dilatam intuitos, estásativa, tuésmística, alternativa, grandezavetorial, peregrina, intuitiva, nativa, provavelmente em magnitude e possivelmente com direção, uterina. Cafeína achocolatada, alerta em repouso, extenuante, muito bem nutrida e pós avaliativa, fadigada, (des)enfadonha. Chegou tão alto com o empuxo, que nem mesmo a gravidade pôde se justificar, rotineira singularidade. Canto propensão a estridentechamativo-arrepiante do emudecimento, microfonia que tilinta e repica, batevolta-quica-escorrega-quintuplica. Tchuca-propulsiva-curiosa-assídua-in-finita. Simples-ser para ter, articular, parecer e parati, printei uma foto tua com baton escarlate, contra o vidro e a selecionei cuidadosamente, como meu fundo de tela, para sentir e então... Ver, de Verônica.
Florida Idiotice Alada na Era dos Rasos
Insanos Púberes,
Adagas de papelão, evolucionários,
Tirando retratos no elevador.
Teus cruzados certeiros,
Teu discurso inflado,
Um corte tendência pro conquistador.
Pigmentos descolados,
Alastrados na epiderme,
Nenhum sentido.
Perfumes, loções,
Cheiros importados,
A briga não cessa em rede social.
Cartões estourando
Sem arrependimento,
Teu ringue é a noite,
À prova de personalidade.
O desprezo total pelo que respira,
Tua mania geral, tua ciência e guia.
Um salva de nadas,
Nobre inconsistência,
Atraentes, perfeitas anomalias.
Declives severos
Nessa nossa investida,
Um passo atrás,
A cada novos passos,
Florida Idiotice Alada Na Era dos Rasos.
Caso todas as explicações fossem alcançadas e todas as perguntas respondidas, na realidade, de qualquer forma, eu jamais saberia, o que fazer de mim.
Subatômicos
Nunca tive nada na vida,
Só tive a poesia.
Eu tinha ela, ela me tinha,
Jamais me decepcionou.
Como um brilho no telescópio,
Olhar pra pia limpa e ver o bule cheio,
Após o buraco de minhoca,
Na nebulosa bumerangue.
Minha Canis Majoris,
Sou Eta Carinae.
Neste berçário de estrelas,
Só tive a Poesia.
Corpúsculos diminutos,
Nano-elixir-microscópico.
Subatômicos.
Eu tinha ela, ela me tinha.
Somos suntuosos borrões,
Corajosos apavorados,
Expostos assim de repente,
Na vitrine um vapor dispersado.