Escrever uma carta a uma Criança
PARAÍSO
O brinquedo e a arte são as únicas atividades permitidas no Paraíso. O poeta, o artista, a criança: esses são os seres paradisíacos. No Paraíso não existe trabalho. Existe apenas brinquedo e arte. Recuperar a sapientia é lembrar-se da “filosofia” sem palavras que morava no corpo da criança.
(livro "do universo à jabuticaba")
♡Quer dar ao seu filho o maior presente de todos?
Peça para ele ou ela pegar alguns de seus brinquedos favoritos os mais apreciados, depois se dirija à uma casa com crianças abandonadas e pede para ele ou ela presentear estas crianças com aqueles brinquedos e assim poderem por algumas horas brincar todos juntos na mesma sintonia.
Deixe seu filho (a) ver o sorriso das outras crianças, deixa ele (a) sentir a felicidade reinar nos corações.
De ouvidos atentos a criança gosta de ouvir tudo como se os sons se misturassem formando uma doce vitamina de vozes, vozes que ela pode imitar, se inspirar para crescer. Questionando, brincando, a criança está sempre evoluindo, achando esse mundo um paraíso, a criança sabe no seu interior o que é o amor e quer sugá-lo como se fosse seu único alimento, não lhe dê uma mamadeira de ódio, pois com certeza sua contaminação será fatal e inesquecível.
♡Criança lembra: cor, amor, arco-íris, rosas, algodão doce, brigadeiro, beijinhos, doçuras, ternuras, tintas das cores: rosa, vermelha, laranja, azul, amarelo; lembra cachoeira, pássaros, dia de festa.
♡Ser criança é estar de bem com a vida, é ter toda a energia do Universo em si.
♡Feliz Dia Das Crianças♡
As marcas da infância refulgem
No meu eu posterior,
Estes sinais otimizados me guiam
Por caminhos desconhecidos.
Cicatrizes de uma criança
Descansam na minha massa cinzenta,
Os pensamento atrozes julgam-me
Por minha versão anterior.
Sou uma criança atualizada,
Sem máculas do passado,
Com as cicatrizes curadas
Sou criança mesmo que adultizado.
Minha princesa de contos de fadas real.
Minha filha Theodora Anthoniella Mountbatten, minha filha amada, minha doçura recheada de encantos que fazem meus dias repletos de travessuras encantadas com aromas de vanilla.
Parece um sonho doce cor de rosa com nuvens de algodão doce.
Um doce presente divino que fui abençoada a 3 anos, 3 meses,3 dias e 5 horas, um presente de valor incalculável, um presente que vai além da vida e da morte, um amor de tamanho indescritível, extraordinário e imensurável.
Eu à presenteio com as maiores riquezas do mundo...
Dou à ela um amor que vai além da vida, e ensino à amar.
Dou à ela meu respeito, e ensino à respeitar.
Dou à ela minha dignidade, e ensino à ser digna.
Dou à ela minha honra, e ensino à honrar.
Dou à ela minha benevolência, e ensino à ser benévola.
Dou à ela minha bondade, e ensino à ser bondosa.
Dou à ela minha força e garra, e ensino à buscar suas vitórias.
Dou à ela delicadezas, e ensino à flautar ao falar e ao andar.
Dou à ela diálogos, e ensino à dialogar.
Dou à ela doçuras, e ensino à ser doce.
Dou à ela encantos, e ensino à encantar.
Dou à ela tranquilidade, e ensino à tranquilizar.
Dou à ela alimento, e ensino à alimentar.
Eu preciso disto ou morrerei...
Quero ir morar no mato repleto de árvores, pássaros, flores, animais, céu, nuvem, chuva na janela, cheiro de Mato, orvalho nas folhas, canto dos pássaros. Sentar no final da tarde na minha rede de linho branco e apreciar meu charuto degustando minha champanhe J.P.CHENET ao som das gaivotas acompanhado A "Sonata ao Luar", de Beethoven.
Respirar ar puro com essência de flores sentindo minhas veias pulsarem dentro de mim, me sentindo viva a cada batida de meu coração altamente rítmico.
Tomar banho em rios selvagens com suas águas límpidas, pura e cristalina envolvendo minha pele branca me levando ao êxtase e delírios.
Ver minha filha brincando no quintal sentindo a essência da vida e sua liberdade, livre como pássaros.
Minha rede esta parecendo um Ringue de Championship Scramble. Triste isto!
Meus caros colegas, amigos e familiares!
Não importa direita ou esquerda, o que realmente importa para nossa nação é estar ♡Tudo Justo e Perfeito♡.
Parem de digladiar uns com os outros por favor eu os imploro, não estou aguentando mais ver e ouvir amigos com ódio de seus próprios amigos em nome desta política suja e nojenta.
Quer realmente mudar o mundo ou a política de nosso país?
Comece por você, respeitando as opiniões oponentes as suas, pregue o amor, leve luz onde existe escuridão, mate a fome de quem sente fome, vista quem sente frio.
Comece por você pelo seu lar e verá que suas sementes geram outras novas e assim no futuro poderemos ter frutos doces e maravilhosos.
Parem de competir uns com outros, pois a única competição por que vale a pena competir é consigo mesmo.
Essa competição começa ao acordar, você tem que vencer à si próprio e todos os dias sempre assim.
Imagine-se em uma corrida!
Não tente competir com outros corredores que encontra pelo caminho. Eles não estão no seu nível e nem você no deles. Não tire sarro de um corredor que vem mais lento que você, ele pode te surpreender. Você tem que vencer a si mesmo. É vencendo as próprias limitações que garantirá o seu sucesso.
Profissionalmente e Politicamente falando é a mesma coisa. Você não está competindo com outros, está competindo com você mesmo.
Imagine-se em um novo emprego ou que passou a desempenhar uma função diferente. No começo, vai bater aquele frio na barriga, aquela incerteza, dúvida.Eu não sou capaz. Mas você precisa realmente continuar e fazer. Vagarosamente começa. Tem dificuldade, mas dia após dia vai melhorando e vai chegar um dia que será um expert no que faz e aí saberá que pode dar mais um passo, depois outro e ir mais longe. É vencendo as próprias limitações que garantirá o seu sucesso e não vencendo o outro.
Desde pequenos somos educados a ser melhores que o outro num ambiente competitivo. E crescemos com essa crença de que nunca haverá lugar para todos e que temos que ser o melhor. A competição com o outro cria o egoísmo.Temos que ser melhores com a gente mesmo e melhores com os outros, não melhor que o outro. Superar nossas limitações. E acredite, há espaço para todos. Só precisamos ser capacitados a desempenhar um bom trabalho.
Tanto na corrida quanto no ambiente profissional e político você dependerá de outras pessoas te ajudando, incentivando a cada momento e crescendo juntos para que um dia todos estejam no mesmo nível. A gente nunca está sozinho. Então, por que a sociedade insiste em criar um ambiente de competição entre pessoas?
Me respondam se puderem!
Desmascarando meu divando!
Eu choro as vezes de soluçar, sou antiquada, sou démodé, sou detalhista, sou arcaica, sou complexa, sou chata, sou autoritária, sou romântica ao extremo, sou sistemática, sou obsoleta, mais enfim sou assim meio rabugenta. Não me dou com a maioria dos jovens de 19 à 46 anos
Gosto de ficar em casa despenteada usando negligê diáfano e pés nu ao chão.
Gosto de dirigir em alta velocidade sentindo a adrenalina pulsar em minhas veias.
Gosto de cozinhar, gosto de costurar, gosto de tear, gosto de pintar, gosto de amar, gosto desejar, gosto de brilho brilhoso.
Gosto de Batata frita com catchup, gosto de feijão pagão, gosto de Maria mole, gosto de leite com Nescal, gosto de gemada, gosto de ovos fritos, gosto de bife à cebolada, gosto de doces e travessuras, gosto de flores e borboletas, gosto de roça, gosto de frio, gosto de paz, gosto de desertos, gosto de beijos e massagens nos pés, gosto de coleções, gosto de mar, gosto de cheiros e aromas, gosto de cor de rosa, gosto de leitura, gosto de banhos demorados, gosto das noites, gosto de chuva na janela, gosto de cavalos (animais) gosto de cheiro de orvalho, gosto de pés e mãos, gosto de carinho nos cabelos, gosto de cachorro (animais),gosto de beijos ao Luar, gosto de Sonata, gosto de água mineral, gosto de retro vintage, gosto de Coca-Cola, gosto de bolo de aniversário, gosto de brigadeiro, gosto de algodão doce, gosto de pic nic, gosto do enigmático,gosto de cachoeiras, gosto de morangos gosto de verdades, de sorrisos e gargalhadas, gosto de privacidade, gosto de respeito.
Gosto de dormir sozinha, gosto de brincadeiras de criança, gosto de dar presentes.
Não gosto de miséria, não gosto de gritos, não gosto de orgulho tolo, não gosto de imbecilidade, não gosto de sofrimento, não gosto de hipócritas, não gosto de fofoca, não gosto de embotamento, não gosto de maldades.
Não gosto de estampas me cobrindo, não gosto de meias verdades ou meio sorrisos.
Não gosto de gente que não és gente.
Não gosto de carnaval, não gosto de usurpadores, não gosto de calor, não gosto de ignorância, não gosto de festas, não gosto de metades. Não gosto do sol, não gosto de regras e padrões.
Enfim...
A Vencedora
Ganhei batalhas
Venci a guerra
Na vida
Desfrutei instantes
Belos
Usufruí
Um mundo
Da cor da rosa.
A mais mimosa
Perdoei
Meus erros
Pecados
Mandei recados
Pras multidões
Ganhei
A paz
A esperança
E a criança
Que eu fui um dia
Se alojou na minha alma
E me acalma
Se a noite é fria
Mas o melhor
É que se um dia eu perdi
Já esqueci
Pois o perdido
Voltou pra mim
O que já estava
No esquecimento
Vem-me à lembrança
Doce lembrança
Da minha infância
Alcança-me
Recupera-me
Fortalece-me
E, milagrosamente
Recria-me
Toda forma de preconceito é horrível, cruel e sem sentido...
Não aceitar, criticar, desrespeitar, ofender, odiar, menosprezar ou maltratar o outro por causa da sua cor, raça, religião, sexualidade, visão política, situação financeira, deficiências físicas (mentais ou intelectuais), medidas, etc..., é simplesmente patético!
Somos pessoas únicas, apesar de sermos semelhantes e termos muitas coisas em comum uns com os outros... A diversidade é grande e grande também é a nossa necessidade de compreender isto. Ainda não estamos "preparados" para lidar com o diferente.
Na verdade, penso que não deveríamos nos preparar para essas coisas, pois a ideia de preparar-se para algo geralmente está ligada às coisas negativas ou ruins. O ideal seria olharmos uns para os outros e não notarmos as diferenças, nos relacionando apenas pelas igualdades que nos unem.
As crianças, devido à pureza de seus corações, são ótimas em amar o amor genuíno, o amor incondicional. Todos nascemos com este amor... Pena que a gente cresce...
Mas, se tem ao menos uma coisa boa em crescer, é saber que um dia fomos aquela criança que não enxergava a maldade dos crescidos, que sorria e abraçava todo mundo, que após se chatear por uma simples bobeira não perdia tempo em perdoar, perdoava e ia brincar... Aquela criança cresceu, mas ainda está dentro de nós, talvez um pouco perdida... Mas está!
Crianças não se preparam para nada... Elas simplesmente vivem e convivem! E apesar de não podermos voltar a ser crianças, podemos reaprender com elas tudo aquilo que ficou confuso em nós enquanto crescíamos e íamos aprendendo com o mundo a buscar sentido em tudo que não faz sentido.
Não faz sentido ter de falar tudo isso... Não faz sentido ter que procurar um sentido... Crescer não faz sentido!
Por que a gente tem que sofrer tanto para entender que a única coisa que faz todo o sentido na vida é o amor?
Essas Coisas só acontecem com a gente Quando já somos Adultos...
Voltando do Futsal parei pra comprar um Algodão Doce.
O homem me deu quinze de Brinde!
Sim, QUINZE!
-Já passa de meia-noite. Não os venderei mesmo e se guardar para amanhã, estraga. Leve. Faça a Festa!
Depois que levei os Quinze, ou melhor, os dezesseis algodões doce (contando com o que paguei de fato) tanta coisa passou pela minha cabeça:
"Por que essa felicidade açucarada não aconteceu naquela época em que eu juntava um monte de moedas de 5 e 1 centavo-Sim, nesse tempo ainda tinha) enchia a mão e dizia: 'me veja TUDO isso em algodão' ''?
Talvez naquela época eu precisasse apenas de um por vez. Ser feliz era tão simples!
À medida que o azul, o meu predileto, dissolvia na minha boca, tantas ideias fluíram:
Pendurar os 15 restantes no teto e fingir que era um céu nublado. Não aquele nublado castanho que anuncia chuva. Aquele Nublado de final de tarde, Coloré Lingüé
ou
Plantá-los pra que desse várias árvores de algodões e adoçasse a vida de mais gente;
O fato é, o mix de emoções foi tão grande ao receber aquele brinde que nem quero mais saber como é que aqueles são cheios de ar as embalagens dos coloridinhos, se é antes ou depois do homem do algodão doce ter escovado os dentes-aliás, que dentes? Percebi apenas um sorriso ali.
ou
Quanto calórico é aquilo.
Deixa pra lá!
Isso é coisa de adulto Amargo e que não come algodão Doce.
O passado não vai embora. As coisas perdidas nunca serão inteiramente recuperadas. A vida nos oferece, apesar disso, oportunidades de refazer de outra forma, numa outra esfera. A paternidade é uma delas. Nos permite ser homens melhores e criar homens melhores. Nos permite ser crianças novamente. Nos permite esboçar alguma compreensão e nos aproximar – apenas nos aproximar, mas já é algo – de um sentimento suave e agridoce de perdão por nossos pais, que agora somos nós
(Ivan Marins - "Amor de pai" - p/rev.Época)
Presente Especial...
Pedi ao Papai do céu
Um presente especial
Muita paz e harmonia
para todos neste natal.
Então o bom Deus me disse;
A minha paz, eu vos dou !
Estejam sempre comigo
Porque sou o criador.
Eu sou a luz que ilumina
A estrada na escuridão,
Guiando-te por onde passar
Segurando em tua mão.
Aos que querem me encontrar
Eu sempre estarei aqui,
Sou a flor na primavera,
Uma criança sorrindo,
— Sou o Deus de hoje e sempre
— Sou um homem e um menino.
Retrato de mamãe
Uma lata ela abria
Retirando toda a tampa
Tão doce parecia
O seu belo semblante.
Criança, eu não entendia.
Que mamãe criara poesia
Cantarolava e a lata abria
Com carinho o vaso surgia.
Sobre a mesa a lata estava
Abarrotada de flor
Toalha de chita
Combinando com louvor
E com um terno sorriso
A casa mamãe enfeitou
E da minha infância, te digo...
Só recordo com amor.
Enide Santos 04/12/14
Escrevo e divago, e tudo isto parece-me que foi uma realidade. Tenho a sensibilidade tão à flor da imaginação que quase choro com isto, e sou outra vez a criança feliz que nunca fui, e as alamedas e os brinquedos, e apenas, no fim de tudo, a supérflua realidade da Vida...
(Fonte: PESSOA, Fernando. In “Correspondência (1905-1922)”, Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, p.150. / Fonte: Templo Cultural Delfos)
XEQUE-MATE, BABACA!
A partida já durava pouco mais de 45 minutos, uma pequena eternidade para uma criança de 5 anos e meio.
– Mamãe, eu sei que o certo é jogar em silêncio, tentando “adivinhar” as próximas jogadas, mas preciso falar uma coisa – disse em tom solene, esfregando os olhinhos já cansados.
– Pode dizer, filha.
– Acho esse Rei muito “babaca” – disse apontando uma das duas peças coroadas por uma cruz.
– “Babaca”? Como ele pode ser um “babaca” se ele é a peça mais importante do seu reino? Se ele for capturado, você perde e acaba a partida – retruquei.
– Ah, mãe, o xeque-mate deveria ser com a eliminação da Rainha. Já reparou que ela é muito poderosa e que ele é um tremendo “Zé Mané”?
– Respeite o seu Rei, não fale assim dele – reclamei com um sorriso no canto da boca. – Onde você está aprendendo essas palavras?
– Mãe, a Rainha é toda “triunfante”. Consegue “dançar” pelo tabuleiro inteiro, como se fosse uma pista de dança… Olhe – e movimentou a sua Rainha na horizontal, vertical e diagonal, por várias casas já vazias. – Ela é tão esperta que “observou” e “aprendeu” os movimentos da Torre e do Bispo.
– Isso é mesmo. Ela é uma peça muito importante, filha. A perda da Rainha é uma grande derrota para o reino. Considero o “começo do fim” da partida – expliquei.
– E esse “Zé Mané” aqui é todo duro, travado e “perna de pau”. Já viu como ele “dança”? – Disse pinçando o seu Rei com seus miúdos dedinhos e o movimentando pelas casas que o circulavam. – Ele fica assim fazendo movimentos curtinhos, todo indefeso e fraco. Raiva desse “babaca”. Não quis aprender nada na vida. Até o Cavalo sabe saltar… E ele? Só sabe “se esconder na sombra da Rainha” – palavras literais da minha pequena.
– Amor, não fale assim. Se você estiver com raiva ou aborrecida, vai interferir no jogo e você não vai conseguir pensar na melhor jogada. Como eu sempre te digo, Xadrez exige concentração, “sangue frio”, estratégia e equilíbrio. E outra, não desrespeite o seu Rei. Seu dever é protegê-lo a todo custo, para continuar na partida. Acha melhor parar para descansar e continuamos depois?
– Mãe, a senhora está “toda” enganada – disse fazendo carinha de desdém.
– Oi? – Questionei, sem entender.
– Eu ainda “sou princesa”, mas serei como a Rainha, vou viver observando e aprendendo, toda poderosa, dançando com um longo vestido brilhante pela pista inteira. Mas não quero fazer sombra em nenhum “Zé Mané”… Na verdade essa conversa toda foi para te distrair, foi um papo “estlatégico” – pronunciou “fazendo bico” e levantando levemente os pequenos ombros. – Xeque no seu Rei, esse “babaca” aí.
Estatelei os olhos e tive que me render, orgulhosa, abrindo a retaguarda do meu Rei para que ela pudesse capturá-lo com o seu último e aparentemente inocente Peão, que “conseguiu atravessar” o tabuleiro quase sem ser visto por mim, no decorrer do nosso diálogo.
Parecia inofensivo, mas… Por vezes, o Discípulo supera o Mestre.
Xeque-mate, “babaca”.
Quão chato seria esse mundo sem as crianças!
Somos responsáveis por nossas crianças e devemos oferecer-lhes a possibilidade para criarem as bases de suas estruturas e se tornarem pessoas normais. Uma criança que recebe uma infância feliz se torna um adulto feliz, é uma recíproca de valores e um ato de amor fundamental na vida dos pequenos, algo tão relevante que reflete boa influência em nossas vidas. É realmente gratificante coexistir com uma criança, pois elas têm tanto a nos ensinar, se prestarmos mais atenção no comportamento infantil, podemos notar que aquela pequena criatura abunda em conhecimento, inocência e amor natos, algo que vai muito além da nossa compreensão. Portanto é realmente importante para os adultos a interação com as crianças, sobretudo o desprendimento sentimental, que gera a ligação entre duas pessoas, fato que para as crianças é algo extremamente natural, uma vez que para elas, embora pais, tios, irmãos ou avós somos os seus benfeitores. Em nossa vida adulta lidamos com inúmeros problemas, alguns transcendem e invadem o mundo das crianças, logo, isso não deve acontecer, uma vez que podem gerar transtornos psicológicos irreversíveis, mas com uma boa dose de bom-senso podemos evitar que isso ocorra, afinal, na condição de benfeitor cabe a nós a responsabilidade de um protetor. Já pensou se nascêssemos todos adultos, quão chato seria esse mundo sem as crianças!
Suco de maracujá
A década era de 1980, o ano não lembro ao certo, eu era acordado por minha mãe todas as manhãs com o intuito de ir à escola, época de prova acordava mais cedo pra estudar. Meio que no automático eu levantava e ia para a mesa tomar meu café, me servia de café com leite e pão caseiro com margarina, na época chamava de manteiga, não tinha noção que a verdadeira manteiga era mais cara. Dificilmente aguentava tomar um banho que preste, quando somos crianças sentimos tanto frio, meio que só molhava o cabelo e vestia a farda azul da escola Instituto José de Anchieta de Bragança, pegava a merendeira e nunca sabia ao certo qual seria o lanche daquela manhã.
Junto com meus irmãos, já prontos, também seguíamos em caminhada com destino à escola, eu nunca fui só para a escola, já que fui o segundo filho a nascer, sempre tive a companhia do meu irmão mais velho nessa caminhada. Os demais irmãos se juntavam assim que alcançavam a idade de estudar.
O caminho pra escola era seguido de algumas brigas e brincadeiras. Cada parte do caminho tinha para a gente uma conotação especial. Chegado à escola nos dirigíamos as nossas respectivas salas. Ainda lembro das primeiras letras que consegui fazer e sempre ficava muito feliz com cada coisa nova que aprendia. Na hora do intervalo, todos as crianças tiravam de sua lancheira os lanches e faziam sua refeição, ali mesmo sentados na mesma mesa a qual estavam estudando. Naquele dia minha mãe colocara alguns biscoitos e suco de maracujá, após o termino do intervalo recomeçava a aula, o pensamento as vezes voava longe, dando asas à imaginação e dando continuidade àquilo que a professora acabara de falar. O término das aulas era anunciado, me juntava aos meus irmãos e fazíamos o caminho de volta, com as mesma estórias, as mesmas brigas, com o pensamento longe e a imaginação fértil, imaginação que apenas as crianças podem ter...
Eu posso ver a mim mesma correndo feliz sempre que vê um parque, observo uma menina estudiosa e que ama dar opiniões em sua sala de aula, outrora, eu não a sinto mais. Tenho saudades de minha garotinha, como era bom vê-la com os cabelos ao vento animada por estar passeando de carro, almejo sentir essa alegria novamente, admirar o quão sorridente ela fica quando recebe visitas ou quando vai a algum lugar diferente. Onde ela se escondeu? Eu não sei, parece que a matei! Eu a vejo as vezes, como um fantasma distante, mas ele não me assombra, ela me traz paz.
Por inúmeras vezes me condenei, aquela garota valia a pena, eu tinha que lutar por ela, mas a batalha está ficando cada vez mais sangrenta e eu já não aguento como antes, embora deva perseverar, por ela. Ouvi dizer que o cérebro para de funcionar quando estamos prestes a perder alguém que amamos, eu pensei que fosse entrar em colapso no momento onde percebi que estava me perdendo, de pouquinho em pouquinho.
Tudo começou quando vivenciei novamente traumas antigos, foram desencadeadas tantas crises que eu precisava conter o medo de levantar da cama, nem em especialistas eu desejava ir. Naquele mês eu pude sentir o vento gélido batendo contra meu rosto, fui capaz de presenciar o sopro que levou minha inocência, minha felicidade transbordante e minha vida social. Hoje continuo lutando, mesmo que remédios me derrubem e me deixem tão fraca quanto uma folha seca, ainda sim eu me esforço muito para salvá-la, aquela pequena menina que nunca se abalou, mesmo tendo diversos medos e seus respectivos motivos. Sei que posso trazer a mim mesma de volta, mas o coração dói como se estivesse rasgando quando me recordo de que a espera será dolorida e desesperadora.
As vezes em meu quarto, eu choro tanto e expresso tanta dor que ela volta para me confortar, por um milésimo de segundo, ela diz que tudo vai ficar bem e eu não retruco, me obrigo a acreditar. Até quando terei de esperar? Minha pequena moça já não aguenta, está impaciente e faminta de novas aventuras que eu tenho a obrigação de prover a esta. Onde você está, minha pequena criança? Em que parte do labirinto da vida se perdeu, minha querida esperança? Eu preciso dela, necessito e imploro que ela volte para mim, eu a aguardo com paciência e quando finalmente lhe ver, vou agarra-la e nunca mais a soltar. Por favor, volte esperança, volte criança, eu tenho que lhe ver sorrir, só assim vou acreditar, dessa forma poderei ver, que o universo não é tão imenso assim e eu o posso desvendar. Me faça ver que tudo é possível, que a faísca não se apagou, que eu ainda posso voar, que minhas asas não enferrujaram, me deixe viver novamente ao seu lado. Estou a sua espera, não tarde;
de Sua adolescente.
Chegando lá!!!
"E quando a gente chega a um ponto em que já tem tudo que quer???
Não seria a hora de relembrar nossos sonhos de criança???
Por isso hoje não penso muito no hoje, pois ele está completo...
Mas penso nos sonhos que deixei junto com a minha infância...
E vejo que não ficaram para trás, muito pelo contrário...
Para atingir os sonhos de criança é preciso ser adulto...
Já fiz tudo que eu precisei fazer para chegar onde cheguei...
De agora em diante vou resgatar meus sonhos de infância...
Vou voltar a ser criança e me arriscar mais, sonhar mais, sem medo...
Pois agora, se cair sei levantar, sei a hora de acordar e enfrento o medo...
Agora só vou fazer o que quero, porque quero e não porque preciso...
Cada escolha tem que resultar em felicidade, ou não escolho...
Estou pronto para correr atrás daqueles sonhos que deixei para trás...
E não vou desistir, como antes...
Pois antes eu era criança e hoje não sou mais...".
Ainda esta semana ouvi a seguinte pergunta:
-Professora, o que aconteceu com a sua orelha?
De início eu ri e disse
-O útero da minha mãe era um pouco diferente.
Ainda na dúvida ela ficou me olhando, por fim eu disse.
-As vezes é muito bom ser um pouquinho diferente dos demais. ;) As fadas tem orelhas diferenciadas, achei que tinha disfarçado bem a minha, não conta este segredo pra ninguém tá?
E toda sorridente ela me olhava admirada.
As vezes a parte mais legal do educador é incentivar a imaginação, e ver o quanto isto alegra o coração de uma criança.
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