Escrever Livros
O seu livro da vida está com algumas páginas em branco ainda. Aí você olha a capa linda do dia em que nasceu e você faz uma reflexão: "quanta coisa ruim escrevi até agora." Então comece a partir de hoje, ainda dá tempo. Não dá pra mudar o que já foi escrito, mas tenha a certeza que essas páginas em branco podem ser escritas com uma nova e linda história. Só depende de você.
Queria criar quadrinhos assim que descobri que os humanos estavam por trás deles, que esses livros não eram fenômenos naturais como árvores e pedras.
Leia mais, pois um homem lendo vale muito para outros que também leem. Quem escreve é inteligente, quem lê é sábio e todos convivem bem em torno de um livro.
"Nunca queira ser o fruto da paixão de alguém que saiba escrever mais de três ou quatro frases de forma ritmada e no estilo erudito! Pois se não será uma forma eterna e que nunca acabará, já que mesmo depois da morte física você continuará tendo seu nome e formas marcadas em versos na parede de um banheiro público ou em um livro com 200 mil exemplares!"
Agora estavam me dando dinheiro para eu sentar e escrever. Eu ficava em dívida com eles. E a dívida era uma coisa invisível que se escondia em meu cérebro. Uma sucessão de imagens inter-relacionadas que deveriam sair da minha imaginação. Aquilo com que eu deveria pagar não existia, não estava em lugar nenhum. Era preciso inventar. Minha moeda de troca era uma série de conexões neuronais que iriam produzindo um sonho diurno, verbal. E se essa máquina narrativa não funcionasse?
Eu sempre acabo aprendendo algo, e aplicando na escrita dos meus próprios livros, quando releio Um Girassol Na Janela, de Ganymédes José!
A LOUCA
A louca escrevia poemas
Tinha os olhos tristes e as faces
Enrugadas apesar de jovem.
A louca embalava pequenos olhos em seus braços:
Foi feliz também!
A louca amava e era sábia,
por isso era louca...
... por isso amava.
ESCREVI-LHE POEMAS
Escrevi-lhe poemas de amor
E eram como recém-colhida flor a te oferecer...
Mas sem cuidado para reviver,
Murchou ao sol por.
Também, aos ventos,
Rasgou-se a fina folha de papel
onde todo meu sentimento escrevi,
E assim, esses olhos, à noite, cerrou-se
sob um véu de tristeza coberto,
tal qual o rosto de quem findou-se.
Meu poema foi tudo que te dei:
A pérola que recriei: Essência da alma
que a ti guardava, ofereci-te nas palavras
toda minha pena com tinta dourada!
Mas tal qual a flor e o amor,
os poemas também fenecem
na telúrica raiz das pétalas recém colhidas.
Quando se escreve
Fica-se nu.
Nu perante seus inimigos.
Nu perante as críticas.
Somente as letras nos vestem.
E os críticos
Céticos
Arrancam nossas vírgulas
Pontuam nossas angústias
E você fica nu
Indefeso
Sem alma
Sem arma
Somente exclamação
Com ponto de interrogação
Por que escrevi?
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Se vou errando
Me ensino
Se me falaram
Me dito
Se viro a página
Me livro
Sem falar nada
Me digo
É preciso escrever
Me nino
Pra dormir em paz
Quando escrevo, tento pensar no que eu tinha medo ou no que era assustador para mim e procuro colocar esses sentimentos nos livros.
Adverso
Em cada verso
Em cada verso
Que escrevo
Você existe
Em cada página
Que viro
Você permanece
Em cada lágrima
Que corre
Você escorre
Em cada sopro
Do vento
Que bate em
Meu rosto
Você se reinventa e
Reescreve
Em cada vírgula
Que para, pausa
Você resiste
Em cada dia
Que apaga
Você afaga em
Lembranças
Em cada soluço
Que tropeço
Você navega
Nas lágrimas
Em cada palavra
Que escrevo
Você finge e corre
Em cada rima
Que descrevo
Você é o fim
Em cada final
Que você existe
Eu fico
Feliz
Escorre
Delicadamente
Em cada dia que amanhece
Assim
Eu adereço
O seu jeito de ser
Em cada tempero
Que eu verso
Você compõe
Em cada perfume
Em que fico
Você se banha
E o passado
Permanece
Inalterável
Como presença
Peço ao tempo imperar
Transmutação
Até virar
Dia pó
Areia
Pós dia
Poeira
Sujeira
De um verso
Do avesso
Exausto
De ser
Execrável
Cafajeste
De rimar
Ordinário
Em cada tormento
Que me afronta
Eu escrevo
Rimo
Componho
Crucificação com
Libertação
Alforriado
Em paz
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Não arranco páginas, apenas encerro os capítulos, viro a página e continuo escrevendo.
Alguns escritos não precisam de releitura.
CARTA A MEU FUTURO AMOR
Enquanto te espero
Conheci outras cidades
Li bons livros
Fiz amigos
Assisti muitas séries
Experimentei novos sabores
Enquanto você demora
Aprendi a dançar
Virar cambalhota
Andar de bicicleta
Rir de mim mesma
Enquanto você não vem
Aproveitei para conhecer outras pessoas
Aprendi a beijar
Paquerar
Alguns me fizeram rir
Com outros quebrei a cara
Teve os que souberam amar
Aprendi a viver
Pensando bem...
Pode demorar um pouco mais.
Todos nós vivemos histórias que poderiam ser contadas em um livro. Porém apenas alguns são ousados o bastante para escrever...
Gosto de escrever à queima-roupa, como quem atira sem alvo. Às vezes quando acordo inquieto, com frio na barriga, muita sede e vontade de correr ou ficar sozinho eu já sei: vamos resolver isso com uma caneta ou teclado de computador.
Às vezes, sai apenas um rabisco, um desenho, um devaneio em forma de um novo projeto. Mas eu deixo sempre fluir...
Como sei que a idade um dia vai chegar, quero migrar essa terapia para a voz e assim, poder gravar quando não tiver mais vistas suficientes para a escrita.
O importante de sentar para escrever, ao contrário do que se pensa, é não ter inspirações prévias.
Devemos deixar o pensamento correr solto, frouxo, leve até que ele escorra pelos dedos até a ponta da caneta ou teclado de um computador.
Pode parecer baixo, mas tem dias que o pensamento tá como aquele "peido" que insiste em sair quando você anda pelas ruas, lado a lado com alguém: é necessário você pare tudo e o liberte!
Sinto falta do uso da minha máquina de datilografar. O barulho incomoda os vizinhos mas esse mesmo barulho me inspira.
Foi ao som desse barulho que, por anos, vivi nos salões de agências bancárias datilografando documentos e vivendo algumas emoções.
Creio que num futuro próximo digitar com a voz terá o apoio de corretivos eficientes que repetem o escrito e indicam por voz a necessidade de um ajustes na escrita.
A pandemia foi um ano difícil para alguns, porém, os autores, pintores, compositores, poetas, escritores e todos os que vivem de inspiração tiveram um ano de muita colheita.
Sim! Colheita! Assim como um agricultor no campo de flores ou frutos, tudo aquilo que transborda na mente humana e se converte em palavras são colheitas. É a mais bela colheita por que ali nascem sementes que irão brotar em outras mentes humanas.
E sem dúvidas, dos tempos pandêmicos de 2020, brotarão sementes que inspirarão as ávidas mentes dos séculos que se seguirão...
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