Escrever Livros

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Eu escrevo livros, por isso sei todo o mal que eles fazem.

Dá tanto trabalho escrever um livro mau como um bom; ele brota com igual sinceridade da alma do autor.

E cada homem é um livro onde o próprio Deus escreve.

Eu escrevo o meu nome nos livros que compro apenas depois de os ter lido, porque só então posso dizer que são verdadeiramente meus.

Antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem que escrever o seu.

Seus sonhos são as letras do livro que sua vida está escrevendo.

Termino o livro e fecho o computador sabendo que por mais que os escritores
escrevam, os músicos componham e cantem, os pintores e escultores joguem
com formas, cores e luzes -, por mais que o contexto paralelo da arte expresse o
profundo contraditório sentimento humano, embora dance à nossa frente e
nos convoque até o último fio de lucidez, o essencial não tem nome nem forma:
é descoberta e assombro, glória ou danação de cada um.

HUMILDADE

Tanto que fazer!
livros que não se lêem, cartas que não se escrevem,
línguas que não se aprendem,
amor que não se dá,
tudo quanto se esquece.

Amigos entre adeuses,
crianças chorando na tempestade,
cidadãos assinando papéis, papéis, papéis...
até o fim do mundo assinando papéis.

E os pássaros detrás de grades de chuva.
E os mortos em redoma de cânfora.

(E uma canção tão bela!)

Tanto que fazer!
E fizemos apenas isto.
E nunca soubemos quem éramos,
nem pra quê.

Eu queria escrever um livro. Mas onde estão as palavras? esgotaram-se os significados.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.

Carlos Ruiz Zafón
em “A sombra do vento”

Nunca entendi como dois homens podem se juntar para escrever um livro. Para mim, é como precisar de três pessoas para produzir um filho.

Escrever um livro mau não requer menos trabalho que escrever um livro bom; jorra da alma do autor com a mesma sinceridade.

As grandes nações escrevem a sua autobiografia em três manuscritos: o livro dos seus feitos, o livro das suas palavras e o livro da sua arte.

Poderia escrever um livro sobre a injustiça dos justos.

Há poucos livros nos quais não se aprende como não se deve escrever.

Um livro onde qualquer um escreve torna-se um livro sem credibilidade

Daria pra escrever um livro se eu fosse contar.

Eu queria escrever um livro. Mas onde estão as palavras? esgotaram-se os significados. Como surdos e mudos comunicamo-nos com as mãos. Eu queria que me dessem licença para eu escrever ao som harpejado e agreste a sucata da palavra. E prescindir de ser discursivo. Assim: poluição.
Escrevo ou não escrevo?

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

As palavras sempre ficam.
Lembre-se sempre do poder
das palavras. Quem escreve
constrói um castelo, e quem
lê passa a habitá-lo.

Dizem que, as melhores coisas, aquelas realmente importantes, guardamos para nós. Dizem que, escondemos do resto do mundo, por ser algo tão importante e especial.