Escrever
Escrever para si mesmo ainda é poesia. Quem escreve para si mesmo tem os braços grandes e pode se abraçar com força.
De repente as palavras me faltam, e já não consigo escrever mais nada, to ocupado demais pensando nela.
"TALVEZ, TALVEZ"
Talvez deixe de escrever
Afinal a minha escrita é uma bosta
Poemas tantas vezes feitos de defeitos comuns
Desencontrados, desconexos
Fortaleza solitária, hábito de peito aflito
Pensamentos saudosos
Tempestades de granizo consentidas
Que tristes os gemidos penetrantes
Entranhas frias repartidas
Claros desenganos, certezas de extrema tristeza
Sofreu bravas aventuras
Mágoas minhas, olhos meus, entre os espinhos
Passos dados nas duras serras
Donde habita a maior fraqueza
Alma minha, corpo teu
Esperança esquecida, escritos tão meus!
Não escrevo poemas, escrevo memórias, minhas memórias.
Queria ter onde escrever. Um lugar onde nada pudesse se perder.
Um lugar que ninguém veja, mas que vejam quando eu quiser.
"PORQUE"
Porque é mais fácil para mim escrever
O meu pesar, do que alegria que sinto no ar
Porque é mais fácil escrever a dor que sinto
Do que a felicidade em que eu vivo
Porquê, porquê!
Amar é como escrever uma historia
Temos um inicio certo
Mas nunca sabemos certamente como terminará.
Falar sobre a dor, sentir a dor,escrever sobre a dor...
O que a gente faz quando as palavras não vêm?
O que a gente diz quando a lágrima sai
a voz se cala e a gente sente essa saudade tão grande
de uma pessoa tão grande que foi embora para sempre
mas vive dentro da gente.
Da planície das coisas por escrever...
Da planície das coisas por escrever nasceu um lírio
sem trono
sem tecto
sem espelhado afeto.
Nasceu parido do ventre dos lamentos e gemidos,
dos ruídos derrotados e vencidos das cigarras.
Nasceu cuspido na cara desmaiada das palavras
cruas. Maltratadas.
Da serra elevada aqui ao lado
rebolam-se nervos cardados de memórias
num rosto moreno, a navegar-se em moradas de charcos.
Barcos áureos sem rumo, sem velas, velejam-se
ao som da voz cantada.
Da voz que, cansada de si, pranta,
em longínqua estrada.
Perco-me entre o plano e o composto.
Rebusco a chama distante do teu corpo,
a lava adormecida na noite do enigma.
Busco um momento
na seiva cálida do teu gosto
na saliva lenta da renuncia a escorrer-se aberta
na esteira pálida da palavra.
Num adeus distante de gestos gastos e repetidos,
no tédio déspota dos sentidos.
Na planície acerada dos trigais,
não te encontro nem sequer me encontro mais.
Mergulho no charco pardacento, o verbo,
a palavra, o sentimento.
Na boca bafiosa sinto gelo, moribunda rosa.
No estômago o soco, o invólucro transparente do nada.
Sopra da serra um mundo agreste,
que me veste do fim e me despe do começo de mim.
Da planície das coisas por escrever,
das coisas por viver, nasceu um lírio nado-morto
a pontear de roxo um espaço devoluto de oco.
Ao longe, na boca do mar, nasce agora o Sol-posto.
Eu Sei O Que Eu Quero por Saik
O que que eu posso escrever? Não sei nem o que estou pensado
Como eu posso transformar isso em poesia?
Eu perdi o trampo. um possível amor,o entusiasmo que eu estava cultivando
Como sempre tudo acabou de um jeito que eu não queria
Eu como sempre estrago tudo, e continuo perdido sem ter pra onde ir
Devia é passar a ser mudo, quem sabe assim teria mais motivos pra sorrir
Já não aguento mais esse peso que é ser eu, como se isso fosse difícil...
Está tudo bem e normal, mas eu, me sinto à beira de um precipício...
Já não sei mais o que eu sinto, já não sei mais o que eu quero
Com minha erva e meu vinho tinto, dias melhores é o que eu espero
Queria não querer nada, mas nem isso que eu queria, eu quero
Mas pra hoje o que resta é um caos de sensações,
Pensamentos em conflitos com antigas emoções
Por que eu quase te adoro, quase te venero
SONHO DESFEITO
Às vezes não sei o que escrever
Mas, pouco a pouco, no meio do silêncio
Ou do imenso barulho cá de casa as palavras saem.
Começo por escrever que muitas vezes....
Não adianta correr atrás de um sonho
Quando há aberrações que acabam com os nossos sonhos
Seja o que for que a vida tenha reservado para mim
Vou continuar o meu caminho e a sonhar sempre
Mesmo quando as aberrações se cruzam connosco
Sem dinheiro não se faz nada infelizmente
Onde tudo se compra, tudo se paga
A vontade não passa
E a ansiedade que nos consome vai mais calma
Evaporada paciência
Traz ausência de uma estratégia forte
De uma intolerante resistência, em momentos de magia
Pensamento forte de sonhos escritos em palavras
Nunca... nunca deixe o seu sonho morrer
Mesmo que não tenha dinheiro para o concretizar
Sonhar é viver, viver é simplesmente sonhar!
SONETO AO POETA
Escrever?!... É ainda uma aventura desnecessária
que eu poderia substituir por qualquer outra mortalha.
Rabiscar palavras fingidas, que nada significam em
sua abrangência interpretada ao entendimento de ninguém.
Qual a razão deste culto clichê? O porquê da adorável função
dos sentidos impostos em entrelinhas que palpitam no coração?...
E quanto à transmissão da mensagem duramente planejada
e a necessidade de versificar estas palavras calejadas?...
Mas que é do suor escorrido que se desenham as belas letras,
as palavras – incógnitas desvendáveis –, e o sabor é diário;
o cotidiano que é indispensável ao bom gosto dos literários.
Pois as palavras não morrem, nem viram veredas.
Revivem-se a cada página virada, a cada minuto perdido;
escrever é dom da alma – que faz sorrir ao aflito.