Escrever
E o que eu faço com as palavras?
O que faço com o desejo incontrolável de escrevê-las, de dizê-las?
E o que eu faço com as inspirações imprevisíveis?
Com a busca incansável por respostas, com o não-contentamento que permanece?
O que eu faço com as indagações, suposições, com os pensamentos sempre surgindo, descompassados e ansiosos em serem perpetuados?
O que eu faço com a necessidade intermitente de saber, e tornar a saber depois que já se sabe?
O que eu faço com a busca pelo eu, pelo eu do outro, e pela "re-busca" e novas buscas do meu ser?
Com o desejo de estar sempre buscando o inatingível?
O que eu faço com o fato de me tornar cada vez mais introspectiva, vendo que o universo lá fora é bem menor do que o universo interior que cada um carrega?
E o quanto é gostoso e viciante descobrir que não se pode chegar ao fim?
O que faço com as palavras... todas elas que surgem do nada, e do nada se vão, para depois retornar com mais força?
É assim... dias de silêncio, dias de vazio, dias de branco. Dias e dias, dias de buscas, dias de perguntas, dias de respostas, dias de perguntas com respostas, dias de respostas sem perguntas.
O que eu faço com as palavras?
Eu as deixo livres. Elas são o que são, e eu sou apenas instrumento...
apenas mais um instrumento, à espera da próxima reflexão.
Do próximo rascunho, do próximo eco, da próxima inquirição.
Nada que se lê em redes sociais dura mais que um momento. Quem sabe, momento nenhum para alguns, momentos longos para outros e momentos perenes para raros. Se alguma coisa acontecer em corações e mentes, já terá valido a pena escrever. Se não servir para nada, que sirva a quem escreveu.
"Quando transfiro o que estou sentindo para um papel, parece que tudo o que me deixa ou tenta me deixar triste desparece. Escrevo o que está além dos meus pensamentos e sonhos. Escrever é para mim algo que meu coração sempre teve vontade de fazer. Acho que eu é que demorei para descobrir o quanto me sinto bem, por conseguir transformar letras em palavras, e assim dizer o que me vai na mente e na alma."
"Não existe a voz do poeta. Ser poeta é ter mil vozes... É trazer novecentas e noventa e nove sensações diferentes a quem experimentá-las. Uma é só de quem escreve, a qual orgulhosamente, não dividirá com mais ninguém."
"Certa vez, fui a uma livraria, e na vitrine havia um livro: 'melhor livro do mundo'. Quando abri estava escrito: 'agora escreva!'"
Este amor pode ser eterno, pode ser fugaz
Neste momento és tu tão especial
Que não me importa o resto
Eu posso escrever as tuas palavras para que não as leve o vento
Posso te dar até o último do meu mais profundo sentimento
São tantos que não consigo calcular o que sinto
Será tão forte como o vento ou tão frágil que eu invento
Ou o mais forte do que o que sinto...
Na dúvida do que fazer numa rede social, escreva alguma ideia que se passou à mente. Pode não ter os 15 minutos de fama por isso, mas pelo menos colocou pra fora sua sensibilidade. Em tempos midiáticos, onde se barbariza qualquer coisa pelos militantes de cadeira e sofá, muitas pessoas deixam de mostrar - por medo - coisas bonitas da sua alma. Uma ideia, quando germina e floresce, sobrevive ao seu autor.
Escrevo o que sinto ou o que quero sentir?
Pois quando penso, escrevo
E quando escrevo, choro
Já não sabendo se tenho ou imploro
Um sentimento existir
Eu imaginava que nos dias que eu estivesse com mais dor, seria os dias que eu mais escreveria. Não escreveria simples palavras, mas sim, lindas histórias. Histórias que as pessoas pudessem se identificar, que pudessem ajudá-las. Mas não. Nos dias que eu mais tenho dor, são os dias que as palavras me fogem, me restando apenas a dor e as lágrimas. Eu queria saber escrever. Não pequenos textos carregados de frases clichês, nem poesias melosas demais, não. Eu queria saber escrever, transcrever, desenhar palavras. Queria saber colocar sentimentos em uma folha, sabe o que eu quero dizer? Queria me mostrar nas letras ou me esconder nas palavras, fazer um livro pelo prazer da escrita. Criar, emocionar, viver a escrita. Sim, eu queria muito.
Tive medo de errar, errei.
Almejei acertar, errei de novo.
Sonhei em conquistar, um novo erro.
Quis muito saber, errada novamente.
Persegui as vontades, mais um erro.
Escrevi entrelinhas, errata, equívoco, mal entendido.
Falei claramente, precipitada, grossa, sem filtro.
No fim, ficou claro que certo mesmo é o erro, de resto, o que vier dessa vida é lucro.
Ser escritor, para mim, é uma benção e uma maldição, sendo que a segunda parte, a da maldição, é a que mais gosto.