Escrever
Areia
Quero adormecer numa rosa,
abraçada numa abelha.
Quero escrever poesia, cansei de prosa.
Já desfiz a viscosa teia.
Meu corpo é minúsculo.
Tenho mãos preenchidas por grãos
de pólen e vazias de pulso,
por isso o busco nessa composição.
Meu corpo é grão de areia,
sou aquele farelo numa praia cheia
que compõe a vista feia
onde as ondas do mar se baseiam.
Adentro a onda sonora,
este é o Agora dum Outrora
que se faz eterno na caminhada
amarela ácida e docemente azulada.
Agora estavam me dando dinheiro para eu sentar e escrever. Eu ficava em dívida com eles. E a dívida era uma coisa invisível que se escondia em meu cérebro. Uma sucessão de imagens inter-relacionadas que deveriam sair da minha imaginação. Aquilo com que eu deveria pagar não existia, não estava em lugar nenhum. Era preciso inventar. Minha moeda de troca era uma série de conexões neuronais que iriam produzindo um sonho diurno, verbal. E se essa máquina narrativa não funcionasse?
Escrever é como me encontro sobre os turbilhões que vivo dentro das mais fantásticas contradições.
Tenho notado que de alguma forma preciso viver o presente e encontrar a razão pelo qual vive-lo.
Confuso tudo isso, mais estou convicto em acreditar que nada seja mais contraditório que nos seres que nós dizemos humanos!
No deparamos com conflitos constantes e nem se quer percebemos ou cogitamos possibilidades para mudar isso ou o adequar que seja.
Me observo cobrando posturas que se não me atendar sou mais para bases estáticas de sensos comuns e retóricos sendo mais um homicida do sistema.
Vejo pessoas se emponderando de vivências dos demais e automaticamente se tornando a verdadeira consciência em pessoas com o poder de decisão sobre melhores contundas, posturas ou o que seja lá. Que pode em fração de segundos destruir o mundo do outro, seguindo da total autoridade em depositar no outro a sua responsabilidade de fala e pensamento como se outro tivesse culpa do que você falou. Isso tudo e tão revelador e agressivo no processo de busca de amadurecimento da vida, que nem sempre sei como posso tentar me sobre sair disso! E tão difícil sair da zona de conforto, assumir lugares dentro de nós, construir uma blindagem ao que não e necessário que por várias vezes se perdemos nesse caminho que se torna tênue e assustador nos dias corridos.
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas verdades
Ao som de Intouchables | Una Mattina - Ludovico Einaudi me permito escrever depois de tempos e como se me alma pulsa-se de maneira tão branda que chega ser indescritível, sinto um conforme imenso e um aconchego tão seguro e recíproco quando estou em meio a escrita e como se a minha alma estivesse por um alguns minutos em verdadeira paz, o refugio que não alucina, não destrói ou se quer corrói, apenas me liberta e me leva ao estado mais afundo que existe na minha alma.
Escrevo por que preciso, escrevo por que gosto, escrevo por me construo, escrevo por que me contradigo e enxergo em meios caminhos desconhecidos. Não precisa ter sentindo apenas sentir.
Nada será como amanhã, e ainda sim que possa se repetir não será como o futuro, e então percebo que o que nos resta e o presente de maneira vital, e grandiosa.
Me coloco a pensar porque queremos tanto sentindo se nem nós o fazemos, por que queremos tantas coisas precipitadamente, por que e mais porque e chegamos ao verdadeiro lugar algum.
O presente tem sido uma possibilidade possível aonde tenho tentado me aproximar dele, quero de alguma forma me torna amigo dele e quem sabe seu confidente, aonde estaremos sempre juntos e ligados um vivendo o outro e não um para o outro.
Me reinvento, erro, me arrependo, me precipito e ainda sim não me encontro e nessas idas e vindas como citei acima, notei que o presente me queria e eu não o enxergava hoje tenho tentado assim como uma amigo que por muitos erros e muitas vezes sem se enxergar ou ao menos se ouvir que estar próximo dele de forma integral e única, quero poder aprender como ele, não cobrar o passado ou que seja sonhar com o futuro.
Fatores são tão implicantes, quero ser feliz de forma que as vezes esteja triste, estendo angustiado de modo que esteja em paz conectado com o meu corpo e espirito que precisam assim como um templo ser cuidado e zelado para no presente render a energia que preciso para o dia a dia. Porque assim como disse Lya Luft “Se de um lado a morte me espera de outro a vida me chama”
Os dias tem sido difíceis mais e como uma venda que estava me cegar se quer me deixava lembrar que escrever me trás ao presente, me ajuda pensar ou deixar de pensar a me contradizer e me entender dentro disso. Que caminhos só são criados mediante a sua estadia no presente, por que ele de modo sábio sendo o presente hoje amanhã será passado e ontem foi o futuro.
Quem já tentou escrever um romance sabe que a tarefa é árdua. Sem dúvida é uma das piores maneiras de se ocupar.
RESOLVI ESCREVER
Eu escrevi um texto de novo, mas dessa vez é para você
Eu sei, eu sei quais são todas vezes que te encontrei, quantas vezes eu me importei, quantas eu não me importei, eu sei
Eu sei de todos os momentos que estava contigo, todas vezes que você chamou e disse “vem comigo amigo”; só vem comigo
Eu fui, eu fui algumas vezes, além do tempo era a ocasião, passado, presente e futuro na nossa mão, um brinde, olha para o céu e não esqueça da gratidão, da paz, do amor, da vida e da forte união, nossa amizade colorida é uma diversão
Me diz ai aonde você quer ir, eu? Eu quero ir ali, então tá bom vamos lá, além do tempo era a ocasião só para consta, só para relaxar vamos curti a brisa do mar, logo mais a noite vamos jantar de frente para o mar, um pouco mais a noite a gente sai para andar na beira do mar
Me diz ai aonde você quer ir, eu? Eu quero ir ali, então tá bom vamos lá, além do tempo, só relaxar olha para o céu, se perde e se encontra na multidão de estrelas no espaço, aprisionadas em um espaço de tempo, mas ao mesmo tempo livres como o vento
Eu sei, é eu sei, além do tempo é a nossa mensagem então vamos fazer mais algumas viagens; pode não? Pode sim! Quem disse que não? Eu nem sei, nem está aqui
Além de tempo eu viajei de novo, pousei e me disseram que aqui era a terra, me apaixonei, resolvi ficar, fiquei; mas não consigo me lembrar do porque eu vim parar aqui, mas deixa para lá eu vou me diverti e só para contrariar todo o sistema eu vou criar meu próprio lema, criei, me aposentei; mas voltei de novo para dentro do sistema, talvez seja para criar um novo lema, derrubar outro sistema, eu não sei. Eu nem posso dizer que sei, prefiro fazer das minhas palavras as palavras do terráqueo Sócrates “Só sei que nada sei” e certamente essa é a minha vantagem; voltei no passado resgatei a frase porque Sócrates além de filosofia é arte, cultura também faz parte é a verdadeira poesia com classe.
Metáforas? Talvez, talvez não. Infelizmente não é uma das minhas psicoses, mas dissertei e dediquei a você
Resende, 11 de Outubro de 2019
Às vezes, a gente até vira a página, fecha o livro, mas o coração teimoso insiste em escrever a mesma história na página em branco que se abre a cada novo amanhecer.
Vale a pena tudo
Vale a pena escrever
Escrever um poema sem fim
Um poema que te siga a vida
Seja ele um soneto ou uma cantiga
Vale a pena cantar
Cantar uma canção sem fim
Uma música que te siga o ser
Seja ela um clássico ou uma balada de adormecer
Vale a pena sorrir
Com um sorriso sem razão
Uma gargalhada que te siga a tentação
Seja ela para ti ou para uma multidão
Vale a pena lutar
Com um escudo imortal
Escudo onde nenhuma flecha irá acertar
Seja ela de arco ou simplesmente de mandar
Na vida “tudo vale a pena
Quando a alma não é pequena”
Já dizia o grande poeta
Ele que viveu até chegar á meta.
Vou te escrever
A minha percepção
Aquele jeito de ver
Traduzo teu ser
Em simples palavras
Nas quais entorpeço
Ao ver a imagem
Linhas... detalhes
Tua silhueta
Me inspira a escrever
Vou ser franco
Teus encantos seduzem
Os meus olhares
Observo-te ao longe
Sempre, todas as vezes
Quando te encontro
Vejo a tu’alma
Um oceano de mistérios
Vejo nas profundezas
Deste teu radiante
Teu belo olhar
Poucos, até hoje
Conseguiram enxergar
Tatuada nas costas
Tens os sons dos ventos
Poucos conseguiram-te ouvir
Perceber teu chamado
A beleza que reside
Que esta instalada no coração
(06/12/2018)
Eu parei de escrever quando tinha medo. Eu parei de escrever quando estava feliz. Eu parei de escrever quando estava triste. Eu parei de escrever, só parei. Eu não sei quando eu comecei a me deixar dissolver pela vida, pelos problemas e pelo pré-conceitos alheios. Eu não lembro quando e onde eu me vi pela última vez e nem se eu cheguei a me ver pela última vez, antes de abrir mão de mim. É engraçado começar a vida com tudo programado, o dia que você vai nascer, o horário de mamar, quando vai começar a estudar e que gravatinha borboleta vai usar na sua formatura da alfabetização. Daí, você cresce e vê que o mundo exige de você outros comprometimentos, como acordar cedo e ir até o banco resolver “problemas de adulto” quando o que você mais quer fazer é dormir e descansar de um dia estressante e ou quando você precisa ir trabalhar, porque diferente da escola, eles vão querer saber o motivo e vão te castigar por isso. O mundo adulto não perdoa, mas alisa, não passa a mão pela cabeça e nem é doce. Você cresce com tudo arrumado e do nada eles te jogam por conta própria num canto úmido, escuro e cheio de solidão. Dói não ser mais nada do que adulto, dói não ter meus amigos sempre a um passo de mim ou a uma bolinha de papel, dói não ter mais um intervalo emendado com horários vagos que nos permitiam tirar fotos, sorrir e colocar o papo em dia. Dói, machuca, é ruim. Eu sei, ser adulto e amadurecer é algo que você “precisa” fazer, mas alguém perguntou se eu gostaria de fazer isso? Alguém perguntou se eu gostaria de andar em bancos e assinar contratos? Alguém se preocupou em perguntar se eu gostaria de ter a necessidade de ter que trabalhar em um lugar só pelo dinheiro, porque as outras pessoas nunca valorizam o que você é bom o suficiente? Quando eles perguntaram se eu estava afim de me perder de mim? Quando eles falaram “com licença, você quer abandonar seus sonhos e vir trabalhar sem ser realizado, mas de forma remunerada”? Quando as pessoas começaram a não se preocupar? Quando?
Ser adulto dói, machuca a alma, entristece e aborrece o meu ser. Ser adulto á amargo, tem gosto de café frio e tem cheiro de cc. Ser adulto te dá espaço aéreo, mas te poda as asas. Ser adulto é... tudo que você quer ser quando criança, mas tudo que você não gosta de ser quando adulto. Ser adulto é isso e eu não gosto.
Só posso dizer
que minha vida está completa
e nada mais me importa,
quando eu escrever certo
por linhas tortas.
