Era
Tudo o que podia fazer era oferecer-lhe conforto, a garantia de que, no momento em que partia da vida, não estava sozinho e sim acompanhado pelo cachorro que o amava mais do que a qualquer outra coisa em todo o mundo.
Impossível olhar e não se encantar na hora, como se possuísse algo que hipnotizava. Pois era assim que eu me sentia. Completamente presa no seu magnetismo.
Namore alguém que... te diga para ir
Houve tempos em que achava que uma bela prova de amor era o tal do “please don’t go” e todos os seus derivados. Fique. Não me deixe. Não vá embora. Não vou aguentar ficar sem você. Os choros nas despedidas e os dramas nas distâncias, mesmo que curtas, mesmo que breves. Esse tempo passou. Hoje entendo que amor não mora nas restrições, mas na generosidade.
Namore alguém que te diga “vai”. Alguém que, quando você perguntar “você acha que eu devo ir?”, diga “sim, vai”. E “ir” pode ser físico ou não. Pode ser uma viagem, um projeto, uma mudança, um trabalho novo, um desafio qualquer. Alguém que segure sua mão e diga “pode voar bem alto que eu estarei ao seu lado”.
Namore alguém que fique feliz com os seus voos, as suas conquistas, os seus projetos. Alguém que esteja mais preocupado com a sua realização do que com a sua ausência. Alguém que entenda que, entre adultos, vale o combinado. É essa relação que queremos? É. A ideia é vivermos juntos, como casal, da forma que der? É. Pronto, isso basta. O resto é circunstância. As intenções são o que conta, não as turbulências naturais do caminho.
Namore alguém que te olhe sem medo e que vibre com as suas vitórias. Fuja de quem se sente ameaçado com elas – sobretudo se você for mulher. Não se engane com sabotadores travestidos de cuidadosos. Não se perca nas mãos de inseguros disfarçados de ciumentos. Não deixe que sua vida se confunda com a de outra pessoa, nem que essa pessoa se aposse da sua vida como se fosse dela.
Namore alguém que te diga “se for importante para você, vá”. Alguém que, sempre que possível, se habilite a ir junto. Alguém que se interesse pelos seus projetos, que ouça suas dúvidas e angústias, que opine, que incentive e que saiba que a decisão final é sempre sua. Namore alguém que entenda e aceite.
Li em algum lugar, há muito tempo, que o amor é como o mercúrio: um metal líquido à temperatura ambiente. A única forma de manter o mercúrio em nossas mãos é deixá-las abertas. Se você tentar fechá-las, o mercúrio vai escapar pelo meio dos dedos. O amor é assim: quanto mais livre estiver, mais tende a querer permanecer.
Namore alguém que sinta uma felicidade genuína pelas suas conquistas. Alguém que celebre tanto quanto você quando as coisas dão certo. E que, quando elas não derem certo, te diga “vamos lá, vamos tentar outra vez”. Alguém que sorria nas despedidas e que diga “vai passar rapidinho”, mesmo quando a gente sabe que não vai.
Apaixone-se pela capacidade de deixar ir. E também a descubra em si mesma. Saber ficar longe é tão importante quanto saber conviver todo dia. Aprenda a encontrar a felicidade na mão que se despede e não na mão que agarra e restringe. Prender é fácil. Deixar ir é imenso.
Namore alguém que sinta a sua ausência, mas não faça disso uma amarra. Alguém que tenha mais medo das suas frustrações por perder chances do que das dificuldades que os movimentos da vida trazem. Namore alguém generoso. E seja generoso de volta. É esse tipo de amor que tende a durar uma vida inteira.
Ontem eu era crianÇa, hoje tenho medo da futura velhice.
Ontem tinha sonhos (varios), hoje tenho medo de não realizar nenhum.
Ontem saia de casa sem volta, hoje quero minha casa para voltar todos os dias.
Ontem eu era um quadro branco, hoje sou um bloco de anotaÇoes, cheio, diga-se de passagem.
Ontem eu chorei por inseguranÇa, hoje também.
Ontem a vida parecia dificil, hoje ela se mostrou de fato.
Ontem eu tinha o que podia, hoje posso tudo que quero, basta buscar.
Ontem eu era indisciplinado, hoje...
Ontem eu amei, hoje já não sei.
Ontem eu era, hoje eu sou, amanhã estou tentar ser, por mim, voce, por nos.
[...] fiquei parada diante do espelho, olhando meu rosto sem entender. Era só eu, pura e simples, e eu não sabia o que via. Continuei olhando, procurando alguma outra coisa que não consegui encontrar. Fiquei olhando, até que só restassem contornos que não formavam uma pessoa. Mas nenhuma outra forma surgiu.
Os Padres bebem vinho, as Freiras andam de preto, Jesus Cristo era cabeludo e o Papa é pop. E ainda dizem por aí que o Diabo é o pai do rock.
Se um dia eu disse que te amava era porque rolava amor, mas se tanto tentei e você não deu valor, chegou o momento que meu coração se cansou de te amar e o que um dia foi amor se tornou só lixo fora.
Para algumas, as lembranças eram insuportáveis; para outras, o futuro era simplesmente mais interessante do que o passado.
O lampião
A janelinha de acetilene do lampião da esquina tinha uma luz que não era a do dia nem a da noite... a mesma luz que banhava as pessoas, animais e coisas que a gente via em sonhos... aquela mesma luz que deveria enluarar, mais tarde, as janelas altas do outro mundo...
( in: Sapato Florido, 1948.)
Um dia te jurei amor eterno mesmo sabendo que o futuro era incerto ... É que quando a gente ama, nos ariscamos, mesmo sabendo que o futuro só a Deus pertence ... Te jurei amor uma vez e juraria mil vezes mais, mas hoje eu tenho plena consciência das consequências ... Mas é que pra mim seu amor ainda é tudo.!
Você lembra quando era criança? Você lembra de como era bom aquele mundo mágico que você criava? Tudo parecia tão grande , tudo parecia não ter fim. E agora? Onde está seu mundo? Sabe qual é a diferença ? É que quando somos crianças , a gente faz areia virar bolo de mel, a gente faz pedra virar docinho, a gente faz um lençol virar uma mansão...e fica tudo perfeito, e todos ficam bem. E sabe aquele carrinho? Ele é o melhor e o mais rápido do mundo. E seus pais são heróis. Mas ai vem a vida e te bate , e ela volta e bate de novo, e de novo... Até que você começa achar que não existem mais sonhos...e seus olhos perdem o brilho e seu sorriso não é mais tão feliz. Mas sabe o que temos que fazer com isso ? Com essa queda, com esta tristeza ? É aprender gente... é fazer como quando eramos crianças mesmo, a gente cai, chora mas levanta e pouco tempo depois o sorriso nem cabe no rosto. É isso...a vida é um processo...ela vai bater , você vai cair , mas você não precisa ficar no chão. Você não precisa baixar a cabeça... Levanta, tirá o pó e corre feliz... Seus sonhos ainda estão ai , seus olhos ainda brilham e seu sorriso deve e pode ser o mais lindo do mundo.
___Lene Dantas.
Percebendo que seu coração era de pedra, ela foi lá e escreveu seu nome em letras maiúsculas e com um beijo se despediu.
Na marca bordô do batom ficou sua saliva, que, cheia de sabor, a rocha penetrou. Camada a camada se infiltrou e preencheu todo o seu interior. Onde era um vazio agora existia amor, onde era frio agora sentia-se o calor.
Qual foi seu desejo?
Ela desejou que nunca mais seu nome se apagasse dali. Como quando se ama alguém e nunca vai tê-lo, mas mesmo assim, mantém-se esse sentimento como algo que você precisa para poder existir.
Era de pedra porque seu coração era capaz de regenerar a cada sofrimento.
E quanto mais regenerava, mais ele rasgava, mais rígido se tornava e mais intensa dor suportava.
Assim foi amando e sofrendo. Tanto amou e tanto sofreu. Cada vez mais desejava sentir dor e sofrer o amor.
Quanto mais forte era a dor, mais forte e intenso era o amor. Mais rígido ficava. Mais amor desejava.
Ele buscou o amor pleno. A dor mais dissonante. O desespero. A falta de ar. Aperto no peito. Lágrimas espremidas. A verdade. O apelo do infinito.
Ele sabia que o medo de sofrer impedia que ele experimentasse o que é o amor. Descobriu que o tamanho da dor é a medida do amor.
Virou pedra e agora só um último e maior amor poderá surgir. Um tão forte que só acabará na morte.
Te amei como se não houvesse amanhã quando abri os olhos o amanhã já era ontem e o amor já tinha acabado