Era

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Eu sempre soube que eu era uma estrela, e agora o resto do mundo parece concordar comigo.

Pensei que você era como eu, atraído pelo obscuro. Mas você é o obscuro.

Depois de ficarem juntos de uma forma tão intensa, era difícil aceitar o fato de que ele havia partido de repente, tornando-se inatingível, não importava o quanto ela precisasse dele. A falta que ele fazia provocava uma dor física aguda, como o corte de uma faca, deixando-a muitas vezes amargurada.

Nicholas Sparks
SPARKS, N. The Last Song. London: Hachette UK, 2009.

Era preciso que os olhos se encontrassem,
E sem hesitar, eles marcaram um encontro
Sem precedentes.
Algo fora da agenda, maravilhosamente
Inclinados a se acharem.
Ansiosos eles esperaram que as palavras fluíssem,
Mas, elas não puderam ser ditas.
Não mais havia tempo para isso,
porque as bocas também se precisaram.
E nesse súbito e desencontrado encontro,
Onde nada mais existia,
Exceto os pares de retina apaixonados;
As bocas que se suplicavam.
Os olhos ficaram para depois,
Porque foram os lábios que regeram,
Magicamente, aquele momento.
Fizeram caminhos desencontrados;
Contornaram partes das peles;
Decidiram que alí, elas ditariam as regras.
E, os olhos ficaram para depois.
As palavras não tiveram espaço,
Pois elas eram pequenas, superfluas
Diante a grandeza do querer.

Não era uma vez feliz para sempre, porque era a realidade. Era tudo aquilo que jamais seria perfeito.
Era uma toalha molhada em cima da cama, uma rotina cansativa, uma convivência quase que por obrigação. O vilão não era um clichê de contos de fadas.
Eram eles mesmos ali, se desgastando.

Basta olhar no fundo dos meus olhos, pra ver que não sou como era antes. Tudo que eu preciso é de uma chance, de alguns instantes...
Sinceramente ainda acredito em um destino forte e implacável.

Já...
Já me apaixonei e achei que era pra sempre...
Mas me esqueci que o " pra sempre " sempre acaba;
Já gritei de felicidade;
Já confundi sentimentos;
Já roubei beijos;
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando;
Já corri pra não deixar alguém chorando;
Já conversei com o espelho;
Já chorei sentada no chão do banheiro;
Já fiz juras eternas;
Já sorri pra esconder uma lágrima;
Já senti medo do escuro;
Já olhei a cidade de cima, mesmo assim não encontrei meu lugar;
Já escalei as mais altas montanhas em busca da felicidade;
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas e senti falta de uma só;
Já chorei por ver amigos partindo, mais vi que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão;
Já quase morri de amor, mais renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial;
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais deficéis de esquecer;

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.

Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.

Machado de Assis
Dom Casmurro

Há certas coisas que era melhor eu não ter visto, lido, e muito menos procurado.

Antes eu achava que todo mundo era meu amigo. Um dia, depois de muito sentir um gosto amargo e horrível na boca, descobri que muita gente queria me ferrar. Sim, as pessoas querem (e vão, me desculpa, mas vão) te ferrar. Tem amigo que não suporta te ver feliz. Tem conhecido que não aguenta ver o teu sucesso. Tem amigo que não gosta de ver que o teu relacionamento está dando certo. Tem parente que sente um ciúme trouxa. Tem gente que não sabe o que é gostar. Tem gente que não respeita nada. Acredito no seguinte: o olho das pessoas que gostam de você sempre vai brilhar quando alguma coisa boa te acontece. Se ele não brilha, meu amigo, "há algo errado no paraíso".

Era tolice ter esperança, ela sabia. Mas às vezes a esperança era tudo que restava.

Cassandra Clare
Cidade das Almas Perdidas

Era uma história de um amor proibido.
E por mais que nas sombras tenha sofrido,
nem dele ela era, nem nunca tinha sido.

Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...

Tu cruzaste o meu caminho
Quando eu era a própria dor
Hoje deixo o teu carinho
Por amor ao teu amor

Elis Regina

Nota: Trecho da letra da música "Saudade é Recordar"

‎Droga pessoa idiota, agora aguenta. Ninguém mandou achar que era dono do mundo e nada podia acontecer.

Sempre consegui esconder meus sentimentos através do sorriso sabe? Era só sorrir e pronto, estava tudo bem. Por dentro a dor me consumia, mas ninguém precisava saber, então eu sorria...

O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas

O pequeno príncipe percebeu logo que a flor não era modesta. Mas ela era tão envolvente!

Era uma vez um menino que amava demais. Amava tanto, mas tanto, que o amor nem cabia dentro dele. Saía pelos olhos, brilhando, pela boca, cantando, pelas pernas, tremendo, pelas mãos, suando. (Só pelo umbigo é que não saía: o nó ali é tão bem dado que nunca houve um só que tenha soltado).
O menino sabia que o único jeito de resolver a questão era dando o amor à menina que amava. Mas como saber o que ela achava dele? Na classe, tinha mais quinze meninos. Na escola, trezentos. No mundo, vai saber, uns dois bilhões? Como é que ia acontecer de a menina se apaixonar justo por ele, que tinha se apaixonado por ela?
O menino tentou trancar o amor numa mala, mas não tinha como: nem sentando em cima o zíper fechava. Resolveu então congelar, mas era tão quente, o amor, que fundiu o freezer, queimou a tomada, derrubou a energia do prédio, do quarteirão e logo o menino saiu andando pela cidade escura -- só ele brilhando nas ruas, deixando pegadas de Star Fix por onde pisava.
O que é que eu faço? -- perguntou ao prefeito, ao amigo, ao doutor e a um pessoalzinho que passava a vida sentado em frente ao posto de gasolina. Fala pra ela! -- diziam todos, sem pensar duas vezes, mas ele não tinha coragem. E se ela não o amasse? E se não aceitasse todo o amor que ele tinha pra dar? Ele ia murchar que nem uva passa, explodir como bexiga e chorar até 31 de dezembro de 2978.
Tomou então a decisão: iria atirar seu amor ao mar. Um polvo que se agarrasse a ele -- se tem oito braços para os abraços, por que não quatro corações, para as suas paixões? Ele é que não dava conta, era só um menino, com apenas duas mãos e o maior sentimento do mundo.
Foi até a beira da praia e, sem pensar duas vezes, jogou. O que o menino não sabia era que seu amor era maior do que o mar. E o amor do menino fez o oceano evaporar. Ele chorou, chorou e chorou, pela morte do mar e de seu grande amor.
Até que sentiu uma gota na ponta do nariz. Depois outra, na orelha e mais outra, no dedão do pé. Era o mar, misturado ao amor do menino, que chovia do Saara à Belém, de Meca à Jerusalém. Choveu tanto que acabou molhando a menina que o menino amava. E assim que a água tocou sua língua, ela saiu correndo para a praia, pois já fazia meses que sentia o mesmo gosto, o gosto de um amor tão grande, mas tão grande, que já nem cabia dentro dela.

Quem nunca se desesperou com uma situação, achando que aquilo era o fim mas na realidade era o inicio de uma grande historia