Era
Uma menina me ensinou
Quase tudo que eu sei
Era quase escravidão
Mas ela me tratava como um rei
Ela fazia muitos planos
Eu só queria estar ali
Sempre ao lado dela
Eu não tinha aonde ir
Mas, egoísta que eu sou,
Me esqueci de ajudar
A ela como ela me ajudou
E não quis me separar
Ela também estava perdida
E por isso se agarrava a mim também
E eu me agarrava a ela
Porque eu não tinha mais ninguém
E eu dizia: - Ainda é cedo
cedo, cedo, cedo, cedo.
Sei que ela terminou
O que eu não comecei
E o que ela descobriu
Eu aprendi também, eu sei
Ela falou: - Você tem medo.
Aí eu disse: - Quem tem medo é você.
Falamos o que não devia
Nunca ser dito por ninguém
Ela me disse: - Eu não sei mais o que eu
sinto por você.
Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê.
E eu dizia: - Ainda é cedo
cedo, cedo, cedo, cedo.
Quando te olhei, já pensei que era amor a primeira vista.
Depois eu acordei e vi que não era nada daquilo.
Sabe que no caminho, as vezes não encontramos a saída.
Se apaixonar é normal, mas tem sempre um que vai e o outro fica.
Então eu desligo o celular porque não quero me perder numa música, até escondo o meu caderno pra não escrever ternuras e saio correndo pra não encontrar você pela rua, pra não pensar nessa prova de ficar sozinho no mundo da lua.
Roda gigante é o que define a minha cabeça.
Lembrança de um silêncio por ter dado ouvido ao coração.
Agora sabe lá, se a razão tinha razão.
Gira, gira e girou, mas não escutei não.
Eu passei um tempo andando no escuro,
procurando não achar as respostas.
Eu era a causa e a saída de tudo,
e eu cavei como um túnel meu caminho de volta.
Comprei um casaco de couro de um verde meio esquisito. Não era musgo, era um verde meio fosco, ocre. Não uso muito verde e acho estranho quem usa couro. Prefiro usar tricô e cores nudes, acho que fica melhor em mim. Mas comprei essa porcaria de casaco porque queria bancar o descolado, o garoto cheio de estilo. O negócio também é que eu passo pelas vitrines da Barra e fico horrorizado com tantos casacos de couro e quase nenhuma outra opção. Me pergunto se os estilistas estão doentes da cabeça ou se sou eu que estou fora de moda, vai saber... Só sei que já reparei que vez em quando eu gosto de pertencer a um mundo que não é o meu. Vai que nessa de experimentar o que não é bem a minha praia me torno alguma coisa menos estranha e mais comum nessa cidade. Odeio esse casaco, cara. Tenho ódio só de olhar. Ele não foi feito pra mim, entendeu? Mas sei lá, você também não foi feito pra mim, mas eu vivo querendo fazer parte do seu mundo.
Era noite.
O bóreas não soprava.
O céu de púrpura que estava
parecia uma aurora surreal.
Chovia estrelas.
Até então, ele era uma pessoa normal. Daqueles que frequentava os jantares, os encontros, estava sempre presente nas redes sociais, era divertido, uma companhia daquelas que se vc estiver presente é bem vindo, se faltar não fez tanta falta assim.
De repente, se casa com um famoso do país em que vive... De repente, se casa com um diretor de TV muito influente... De repente, lança uma ideia e se torna o novo rico do pedaço... De repente, recebe uma herança e começa a poder proporcionar dias incríveis a quem andar ao seu lado... De repente, passa no teste de uma novela, recebe um papel e fica famoso no 'plim plim'... De repente, consegue o emprego dos sonhos de qualquer um e se torna muito bem de vida... De repente, da uma virada na vida do dia pra noite... De repente, começa a namorar o jogador mais famoso do mundo... De repente, se casa com o empresário mais rico do mundo... De repente, vira o melhor amigo de um ator internacional... De repente, muda de país e começa a poder receber em sua casa quem estiver disposto a ir... De repente, sai do anonimato e se torna um estrela.
E aí então... Precisa fazer um perfil novo de redes sociais, pq estourou o limite permitido. Recebe os convites para os mais badalados eventos nacionais e internacionais. Começa a doar o voucher que ganha, pq não precisa deles. Passa a ser o mais desejado e aguardado dos jantares, encontros e comemorações. Recebe convite pra batizar até filho de pessoa estranha. Até os inimigos querem reverter e repensar a amizade uma vez perdida. O seu celular não para de tocar mais. É lembrado em qualquer ocasião. Passa a ser o nome mais desejado na lista VIP da promoter. É o mais paparicado pela sua família. Agora vira uma referência.
Não importa quem vc é hoje, e nem o que vc se tornará... Eu quero apenas dizer: Vc não precisa disso... Em todo tempo, valorize os poucos, os bons e os fieis. Não tenha amigos por conveniência, tenha amigos por afinidade, por fidelidade, por amor genuíno.
Tão simples encontrar motivos para se afastar. Sinal de que o fio que unia era frágil demais, pelo menos para um dos dois. O motivo é apenas uma desculpa.
Ela esperava dele demonstraçoes sinceras de amor..
Ele escondia de todos que ela era sua maior demonstraçao de forças.
Ela pediu a ele uma prova concreta de que seu amor era verdadeiro.
Ele apenas pediu a ela um pouco de tempo.
Ela se cansou de esperar e desistiu.
Ele apenas de cabeça baixa em meio a sussurros disse a ela:
-Viu ? meu amor é tao puro e verdadeiro ao ponto de provar pra mim mesmo que você nao seria capaz de esperar.
Ela desanimada o reponde friamente:
-Esperar o que? se ate hoje voc^?e nao foi capaz de me provar esse seu amor?
Novamente em sussuro ele com calma e serenidade confessa:
-Durante esse tempo todo tentei buscar algo que fosse tao valioso quanto o brilho do teu olhar, e hoje posso concluir que valioso mesmo é meu coração que um dia pode ver que Brilhante mesmo era seu desejo, mas seu coraçao e seu olhar, tao traiçoeiros quanto a noite.
Sonho genealógico
Era uma noite de verão, estava quente e eu dormia.
Alguns instantes após comecei a sonhar e o que sonhei agora relato.
No sonho eu estava em minha própria casa revirando compartimentos e gavetas em busca de documentos que me permitissem convergir para o meu passado.
Queria descobrir o nome de meus bisavôs e trisavôs, etc. Contudo todo meu esforço era vão. Subitamente minha mãe apareceu no sonho e explicou-me que os papéis aos quais eu anelava estavam na antiga casa de meus avôs, naquele sitio onde passávamos todos os anos-novos.
Despedi-me da minha mãe e corri com afinco e esperança para a casa mencionada; enfim eu desbravaria minhas origens. Naquela paisagem onírica a casa estava tão bela quanto era na realidade - claro que minha mente usara minhas antigas lembranças para arquitetar aquele sonho - e toda uma atmosfera nostálgica pairava por sobre as arvores, a casa e os animais. Quando atravessei os umbrais da casa deparei-me com uma montanha de papéis amarelecidos atirados sobre os cômodos e o chão enquanto outros estavam fixados ao teto, como se a casa já estivesse a minha espera.
De repente ajoelhei-me sobre aqueles documentos e no primeiro que pus as mãos li o nome e o sobrenome do meu bisavô materno. Meus olhos pareciam não acreditar no que estavam lendo, parecia um sonho dentro de outro sonho. Eu descobriria tudo, tudo o que sempre ansiara para descobrir.
Tomado de euforia e já rascunhando e esquematizando minha arvore genealógica senti com se meus sentidos estivessem me abandonando, suave e perversamente eu acordava chocando-me com a realidade, a triste realidade onde estou perdido em um emaranhado de dúvidas que se conectam a outras dúvidas numa teia infinitamente colossal.
O golpe de misericórdia veio quando recobrei a consciência e lembrei-me que eu jamais encontraria essas respostas na casa de meus avôs, porque ela não passava de cinzas. Em futuro algum eu decifraria meu passado.
Minhas raízes sempre desapareceriam um pouco além dos meus pais, como se minha família tivesse surgido a pouco mais de cem anos nesta terra anciã, consumidora de vidas, algoz de todos os séculos.
Somente os sonhos trazem o que a realidade se nega a revelar.
Sempre vivi ao simples: nada de retratos falados, paisagens bem elaboradas. Gostava mesmo era de fazer círculos, mesmo que não muito simétricos, e dali imaginar inúmeras coisas, como uma simples bolha de sabão.
Eu já sabia qual era o final daquele livro, já o tinha lido a algum tempo atrás. Mas, por algum estranho motivo, decidi que queria viver tudo aquilo por mais uma vez. Não havia muito sentido no que eu estava fazendo, afinal, eu já sabia como as coisas iriam terminar, e o desfecho daquela história não era um dos mais felizes, mas, de certa maneira, apesar de tudo aquelas páginas conseguiam me fazer sorrir... Talvez fosse isso... Elas me faziam sorrir...
Mãe, você aquela que sempre me amou e de mim cuidou. Desde que eu era pequena até que eu crescesse. Todos sabem que quando filho cresce cria asa e só quer voar, mas como eu não sou passarinho mesmo que o tempo passe ainda vou te amar e ao teu lado estar!
Houve dias, em um passado não muito distante, que você era o meu sorriso, que, todas as minhas atitudes eram ligadas a você e ao que você queria, eu abandonei os meus sonhos para realizar os seus, e os fiz, agora lúcida, tento recuperar o meu tempo e as minhas ideias, tento me olhar como olhei pra você e me apoiar como apoiei você, tento me ajudar, me levantar, me recriar, me fortificar, como fiz com você, não me arrependo e pra ser sincera faria tudo novamente, porque enxugar suas lágrimas foi o caminho para o seu sorriso e o seu sorriso foi o mais bonito que eu já vi. Agora que estás curado e não precisa mais de mim, eu preciso curar a mim mesma do meu vicio de você, eu preciso me afastar pra te dar a única coisa que ainda não fui capaz de dar, que é o espaço para você ver o que, ou melhor, quem é melhor para você. Nesse momento eu preciso de mim, eu me solicito, não que nada tenha valido a pena, mas eu só preciso me acostumar a não ter necessidade da tua presença. Adeus.
#'Nunca soube explicar quem vc era... Mas sabia, com toda certeza, dizer onde te guardei: No meu coração.
Era pra ser o ponto final, o fim inevitável de mais uma estória da minha vida. Como todas as estórias, teve um início feliz, um meio com muitas alegrias e alguns momentos difíceis, e um final, que só pelo fato de ser final já se tornava algo triste. Mas enfim, e no fim, a vida foi se refazendo, os risos retornando, a felicidade renascendo ... e eu então percebi que eu não tinha fim, que enquanto eu existisse, eu seria sempre um recomeço!!!
Meu Divórcio
Devia ter uns oito anos quando minha vida se transformou, era uma novidade sair do interior pra morar na cidade. Antes disso eu era apenas uma criança com várias certezas da vida, nada era melhor que tudo o que eu já sabia. Até que surgiram outras alternativas, que, logo me causaram curiosidades, dúvidas, e novos desejos. Além disso tinha meus sentimentos, confusos e divididos, entre o novo e o velho, ninguém me dizia o que acontecia, e o porquê, se eu deveria continuar sendo criança ou começar a crescer, e como fazer.
Então resolvi ser adulta, ninguém me impediu, e aos poucos fui aprendendo que, o que os olhos não veem o coração não sente, que a vida segue em frente, e que a vida tem pressa, que é preciso ter consciência, responsabilidade. Errei muito para aprender, eu não tinha ainda toda consciência e responsabilidade, mas agia como tal, com pressa de viver, vontade de ver e sentir tudo.
E o maior erro é ter me divorciado da minha infância, deixei com ela a capacidade de se importar com o que é importante, para agora me importar apenas comigo, com ela ficou a humanidade, o prazer com o suficiente, humildade, entre outras características tão admiráveis em alguém que consegue ter na fase adulta!
Enquanto os robôs se humanizam os humanos são robotizados.
A era das maquinas já chegou e a gente perdeu
As mudanças são necessárias para a evolução de uma nova era, pois precisamos de consciência para seguir em um objetivo;
Caramba! Era tudo tão... desejoso de ser para sempre, e eu me lembro perfeitamente como foi que suas mãos desprovidas de bom senso se atracaram ao meu corpo como se quisessem descobrir tudo antes do mundo acabar.